Comportamentos

As emoções que nos fazem adoecer

 
O que pensamos e sentimos assume um papel de grande relevância quando se trata de saúde.

São muitos os trabalhos de investigação que, ao longo dos anos, têm demonstrado o quanto o equilíbrio entre o corpo e a mente são indispensáveis para o fortalecimento do nosso sistema imunitário.
 
Quer isto dizer que, a angústia persistente, os pensamentos negativos, a tristeza e demais emoções destrutivas, apesar de fazerem parte do nosso ser, não devem ser prolongadas no tempo, sob pena de nos enfraquecerem e fazerem adoecer.
 
Na posição dos especialistas, torna-se fundamental que aprendamos a lidar com as emoções negativas, já que não as podemos suprimir do ser humano, de forma a que se minimize o seu impacto nefasto na saúde física e mental. Para isso, é importante que se aprenda a gerir as emoções, que enfrentemos aquilo que nos magoa, que assumamos os momentos de tristeza e que, naturalmente tentemos transformar as emoções negativas em positivas.
 
Quando não se consegue ultrapassar esse estado sozinho, é essencial que se peça ajuda e, nesses casos, a terapia psicológica constitui uma importante ferramenta de apoio.
 
Ao mesmo tempo, desabafar com um amigo, com a pessoa que vive ao nosso lado ou com alguém da nossa confiança, também constitui um ponto importante. Não podemos é manter esse estado de alma destrutivo que nos vai reduzindo a felicidade, a tranquilidade e minando os momentos diários.
 
Segundo os entendidos nesta matéria, as emoções desempenham um papel significativo na regulação dos sistemas do corpo que influenciam a saúde.
 
Os cientistas descobriram que as pessoas com uma predisposição emocional mais positiva tendem a ser mais saudáveis.
 
Trabalhos de investigação recentes demonstram como as emoções de valência negativa afetam o funcionamento do sistema imunitário. O estudo, realizado na Pennsylvania State University, explica que alguns estados, como a ansiedade persistente, provocam uma resposta inflamatória geral.
 
Jennifer Graham-Engeland, diretora deste trabalho, explica que esse processo inflamatório ocorre como parte da resposta imune. É como quando o nosso corpo reage a um processo infecioso, um osso fraturado ou uma ferida na pele. O cérebro, no caso de desconforto emocional, deteta uma ameaça, algo para se defender e então também ativa esse mecanismo inflamatório.
 
Na mesma sequência, temos cada vez mais evidências de que fatores como stress ou tristeza nos alteram a atividade cerebral e nos enfraquecem a imunidade a longo prazo.
 
Os investigadores também descobriram que, quando uma pessoa lida diariamente com muitas preocupações, tristeza ou angústia, algo muda no seu corpo. Basta fazer uma análise ao sangue, para ver como os biomarcadores de inflamação estão elevados.
 
O corpo reage às emoções com uma valência negativa. Se esse humor se arrasta por dias ou semanas, o cérebro o percebe como algo que o corpo precisa de estar preparado para reagir, pelo que se ativa o processo inflamatório. Se não encontrarmos alívio, se essa angústia for constante, o nosso sistema imunitário vai enfraquecer.
 
Um sistema imunitário fraco associado ao desconforto psicológico faz com que o risco de doença cardíaca aumente. Diabetes ou mesmo doenças autoimunes também podem aparecer, alertam os investigadores.
 
As emoções que devemos transformar para que não se arrastem no tempo e para que não nos façam adoecer são:
 
•A tristeza persistente;
 
•A angústia, o sentimento de ameaça e medo e a ideia obsessiva de que tudo nos vai correr mal;
 
•O stress constante que nos acompanha por semanas.
 
•Raiva, irritabilidade e frustração são estados que, mantidos ao longo do tempo, enfraquecem a resposta imunitária do nosso organismo.
 
Os cientistas suspeitam que pode haver uma relação entre o córtex pré-frontal e o sistema imunitário. Essa ligação pode eventualmente ser governada por um complexo sistema hormonal, como as glândulas pituitária, hipotalâmica e adrenal.
 
De acordo com os investigadores, a terapia psicológica constitui uma importante ferramenta para nos apoiar face a situações negativas porque permite que falemos abertamente sobre aquilo que nos inquieta e que, ao mesmo tempo, aprendamos a gerir melhor as emoções. No seu todo, esta técnica ajuda a reduzir o processo inflamatório do organismo.
 
É essencial anotar que, as emoções desreguladas aumentam o risco de doença, já que nos tornam mais vulneráveis a gripes e constipações, sem esquecer as dores de cabeça que, por norma, também ocorrem com bastante frequência num cenário deste tipo.
 
Também aumenta o risco de ataque cardíaco se, por exemplo, alguém mantiver um estilo de vida dominado pelo stress e pressão constante.
 
Um estudo realizado pela San Diego State University analisou 56 ensaios clínicos com mais de 4.060 participantes.
 
Constatou-se que a terapia cognitivo-comportamental melhorou a imunidade dos pacientes.
 
Da mesma forma, e para além da própria abordagem clínica, nunca é demais que cada um defina as suas próprias estratégias sempre que for dominado por emoções desconfortáveis.
 
Algumas técnicas, como a resolução de problemas, permitem-nos enfrentar o que nos preocupa para que esse nó não nos afogue e reduza a qualidade de vida diária. Relaxamento, meditação ou estratégias básicas de regulação emocional do dia a dia, permitem-nos reduzir e canalizar melhor essas situações. A chave é agir e não deixar passar. Temos que lidar com a dor da vida para que a nossa saúde não enfraqueça, concluem os mesmos entendidos.
 
Fátima Fernandes