Comportamentos

Assuma o controle sobre o seu passado e viva mais tranquilamente

 
É comum que muitas pessoas digam que “andam intrigadas com lembranças do passado” ou que “isto não me sai da cabeça e não sei porquê”.

A razão é simples, pois segundo a psicologia, “a mente inconsciente procura sempre uma maneira de fazer o melhor por nós, mesmo que tal nos pareça “estranho”, isto porque não entendemos a razão pela qual temos de reviver um conjunto de memórias do passado mesmo contra a nossa vontade e aparente interesse nisso.
 
Na revista Minha Vida, a psicóloga Adriana de Araújo explica que, “quem sofre no presente costuma associar esse desconforto e dor a problemas do passado. As ideias, lembranças e memórias de algo negativo vivido acabam por se instalar na mente, de tal modo que desviam por completo a energia de bem estar. Isso leva a um desgaste e sofrimento”, completa.
 
Alguns pensamentos são recorrentes, quase compulsivos, mas outros surgem, quase que sem sentido e atrapalham a forma como encaramos cada amanhecer, sem esquecer que, em muitos casos, passamos o dia ligados a essas memórias, o que nos limita a capacidade de concentração e o foco noutros assuntos. Os nossos sentimentos desorganizam-se e as ideias confundem-se.
 
Segundo a mesma psicóloga, “esse descontrole gera ansiedade e tristeza”.
 
No entanto, devemos ter presente que, “as lembranças são chaves de sabedoria, aprendizagem e vivências. Se entendermos a fundo a intenção, percebemos que, nessa memória do passado existe uma ideia de proteção e de defesa». Ao trazer à tona um problema já vivido “é uma forma de nos permitir criar soluções que evitem vivenciar algo semelhante. Ao recordarmos esses episódios ou cenas do passado, estamos a criar alternativas, a pensar noutras soluções e até a procurar novos caminhos que evitem que passemos pelo mesmo e de forma idêntica. No fundo, o nosso inconsciente está equipado para nos proteger, para nos colocar em fuga mediante um perigo ou uma situação que já nos causou mau-estar e desconforto. Se entendermos deste modo a razão pela qual os maus pensamentos regressam à nossa memória, ficaremos muito mais tranquilos e tiraremos mais proveito dessas imagens e recordações. Depois, não nos podemos esquecer que, a nossa memória regista tudo e que nada pode ser apagado, logo, esse regresso do pensamento passado, é uma oportunidade para reescrever algo que nos aconteceu ou que nos poderia ter acontecido.
 
Na posição da mesma especialista, o grande problema para  a mente humana é a sensação de descontrole emocional e da perceção com que essas ideias passadas nos invadem, dando a sensação de serem surpresas desagradáveis, mas temos de aceitar que, “esse tipo de pensamento intruso, invasivo e não saudável faz parte da vida”. O segredo é aprender a gerir esses pensamentos da melhor forma para deles retirar o melhor proveito.
 
Gerir as ideias é fundamental, ao invés de tentar a todo o custo calar essa voz interna. Para tal, o que se deve fazer em primeiro lugar é aceitar que há uma intenção positiva para isso. “Temos dentro de nós um senso maior de proteção. Temos sempre a intenção de fazer o bem a nós mesmos, ainda que o resultado final não seja satisfatório”, por essa razão não devemos fugir desses pensamentos passados, mas sim aprender a lidar com eles.
 
Neste ponto, Adriana Araújo sugere a importância de distrair a mente, respirar profundamente, meditar, investir algum tempo em lazer e boas companhias. “Mas também é muito útil listar os problemas que surgem de forma recorrente na nossa mente e escrever como solucioná-los ou mesmo como evitá-los” e completa: “a mente precisa de um desfecho para que a as ideias se acalmem dentre de si. A distração é necessária para tirar alguém da dor maior, mas resolver as ideias é o melhor caminho”, sublinhou.
 
Esse processo pode ser feito individualmente ou se necessário através de tratamento emocional. As sessões de psicoterapia são ricas e úteis nesse processo de contribuir para ajudar o cliente a entender as intenções positivas de pensamentos negativos passados. “A vida pode e deve ser vivida de forma mais leve e durante as sessões para tratamento o psicoterapeuta vai ajudar nesse caminho de gestão, compreensão e libertação de um diálogo interno pouco produtivo”, frisou a mesma psicóloga.
 
Em suma, temos de aprender a aceitar todos os pensamentos e tentar interpretar o que cada um nos quer dizer, para tal, precisamos de reservar um tempo diário para nos organizarmos e aprendermos a fazer a tal gestão emocional. Depois, devemos aplicar a técnica do “DCD”- Duvidar, Criticar e Determinar esses pensamentos e procurar perceber o que nos querem dizer. Ao mesmo tempo em que procuramos distrair a mente, devemos ouvir e dialogar com ela através da mesa redonda do “eu”, pois só assim chegaremos ao ponto de mudar o caminho desses pensamentos. No fundo, o que se pretende é que a mente recorde o que já se passou e que encontre novas respostas para os mesmos problemas para quando os reviver novamente, seja capaz de lhes apresentar um novo desfecho. A ajuda de um profissional é valiosa quando não se consegue fazer este processo sozinho, por isso, não hesite em seguir essa opção se acumula pensamentos e não está a conseguir dar-lhes uma resposta positiva e atualizada.
 
Fátima Fernandes