Comportamentos

Costuma culpabilizar-se por tudo? É tempo de mudar de atitude!

 
Este apontamento é um convite à reflexão de todos quantos se habituaram a assumir as culpas de tudo, até daquilo em que não tiveram qualquer responsabilidade. É um facto que nos sentimos culpados quando falhamos, mas também é uma realidade que não temos de receber todas essas culpas.

Um dos problemas que está relacionado com a culpa é o perfecionismo. Se por um lado é bom querermos dar o nosso melhor, por outro, quando levamos essa postura ao extremo, acabamos por colher muitas culpas quando não chegamos aos resultados pretendidos. Assim, o ideal é encontrar um ponto de equilíbrio e aprender a compreender que temos sempre uma nova oportunidade para fazer melhor na próxima vez e que, os erros são um desafio precisamente para evoluirmos e nos tornarmos melhores pessoas, melhores profissionais e daí por diante.
 
É importante anotar que, qualquer um de nós pode melhorar os seus pontos fracos, aprender novas habilidades e mudar de atitude, no entanto, não podemos viver essa ambição em excesso, sob pena de cairmos na obsessão e no tal perfecionismo exacerbado que só nos orienta para a culpabilização e para a frustração permanentes.
 
Na posição dos especialistas na área da psicologia, devemos aprender a deixar de nos culpabilizar por tudo, isto porque,  «nem sempre somos culpados pelo que nos acontece e que consideramos negativo». É preciso estudar detalhadamente cada situação para que possamos melhorar o nosso bem-estar pessoal. No entanto, quando realmente formos os culpados por alguma situação, «não faz sentido desperdiçar o nosso tempo culpabilizando-nos pelo que aconteceu».
 
Se não deixarmos de lado o círculo vicioso da autoincriminação constante, entramos num ciclo do qual é difícil sair, alertam os especialistas. Ainda neste contexto e, porque estudou bem este tema,  o psicólogo Arturo Torres, oferece-nos uma série de dicas importantes para que deixemos de nos culpar por tudo o que nos acontece.
 
Segundo este psicólogo, «se conseguirmos deixar de nos sentir culpados pelo que nos acontece, passamos a encarar a vida com uma atitude positiva e construtiva, no entanto, o mesmo especialista alerta que, isto não significa que não tenhamos consciência das consequências das nossas ações e que ignoremos o que aconteceu. «É preciso assumir as responsabilidades sobre os nossos atos, agindo de maneira construtiva, procurando soluções em vez de nos concentrarmos no problema». Para isso, além de seguir essas dicas, é importante modificar os nossos comportamentos e a forma como nos relacionamos com o nosso ambiente».
 
Depois, é preciso relativizar a importância da culpa e, neste ponto, o mesmo psicólogo afirma que, podemos ser responsáveis por algo negativo que nos aconteceu em algum momento, mas isso não significa que tenhamos de nos sentir eternamente culpados. É provável que o sentimento de culpa perdure ao longo do tempo, mas não podemos martirizar –nos continuamente. «O ideal é aceitar e aprender com os erros para evitar que a situação se repita».
 
Se conseguirmos aprender com os erros, vamos aprender a relativizá-los e, naturalmente reduziremos o sentimento de culpa.
 
A base é saber que é inútil culpabilizar-se constantemente. Em vez disso, podemos questionar-nos acerca do que aconteceu, o que desencadeou essa situação ou o que podemos fazer para melhorá-la.
 
Neste sentido, a culpa deve ser encarada como uma aprendizagem, não como uma forma de condenação eterna. Para isso, assuma que em algum momento se sente mais desconfortável com algo que fez, que aconteceu, pois isso é importante para tomar consciência da realidade, mas depois, terá de avançar para a fase seguinte encontrando respostas para o sucedido.
 
Seguidamente, devemos analisar os nossos pontos fortes e fracos e assumir que ninguém é perfeito.
 
É importante que saibamos quais são os nossos pontos fortes, no que somos bons, mas também quais são as nossas fragilidades, aquilo em que podemos falhar com mais facilidade. Ao mesmo tempo, devemos assumir que ninguém é suficientemente bom a ponto de fazer tudo bem, tal como o oposto também é uma realidade.
 
Com esta tomada de consciência, seremos capazes de nos posicionar melhor naquilo em que somos bons e, naturalmente saberemos esforçar-nos para melhorar os pontos onde somos mais frágeis. No entanto, em qualquer uma das situações, não podemos perder de vista a nossa noção de responsabilidade pessoal.
 
Com esta consciencialização, tornamo-nos muito mais aptos para lidar com os obstáculos e, se não conseguirmos obter os resultados pretendidos, teremos mais conhecimento para enfrentar uma situação semelhante.
 
Não menos importante, é preciso refletir acerca do nosso comportamento em relação aos outros. Neste ponto, o mesmo psicólogo alerta que, as pessoas com alto grau de culpabilidade «têm atitudes de autodepreciação e desvalorização de si mesmas diante dos outros. A sua tendência é assumir a culpa com frequência, mesmo que não tenham nada a ver com o que aconteceu». Dessa forma, aceitam qualquer acusação de culpa que venha dos demais e tendem a comportar-se de forma submissa devido às suas limitadas habilidades assertivas. Depois, habituam-se a proceder assim e igualmente os demais passam a descartar-se das suas responsabilidades porque sabem que há quem se acuse de imediato. Como é de calcular, este é um tipo de relação prejudicial para quem acata todas as culpas para si, o que acaba por beneficiar quem gosta de se descartar das suas reais responsabilidades.
 
É importante refletir sobre o que aconteceu e qual é o grau de responsabilidade de cada pessoa presente. É preciso questionar as alegações que são feitas, porque é muito fácil cair na armadilha de assumir a culpa se tivermos uma baixa autoestima. E que os outros também façam isso, se realmente há um possível culpado.
 
Anote que, mudar de atitude não é um processo assim tão complicado, basta que saiba como agir.
 
Se conseguirmos analisar a nossa situação particular, poderemos detetar os problemas e tentar redirecioná-los. No fundo, não se trata de se preocupar com os erros, mas de procurar alternativas e construir outros caminhos que nos permitam continuar a crescer e a evoluir.
 
Assim, viva mais livre, seja responsável e consciente… sem culpas!
 
Fátima Fernandes