Curiosidades

O que se esconde por detrás da sorte?

 
Recorrendo a uma publicação da revista A Mente é Maravilhosa, procuramos compreender se a sorte depende mais da inteligência ou do acaso, ao mesmo tempo em que assumimos que, apesar dos avanços nesta área, ainda continua a ser muito difícil definir o que é a sorte.

De acordo com a mesma revista de opinião, «o acaso está presente desde o momento em que nascemos: não escolhemos o momento, nem o lugar, nem o ambiente em que vamos crescer». Também não escolhemos muitas das experiências que vamos viver ou pelas quais vamos passar ao longo das nossas vidas, pelo que, à primeira vista, pode parecer que a sorte determina tudo, «mas a realidade não é assim».
 
Na mesma tentativa de definir o que é a sorte, há fatores que nos fazem duvidar, pois se por um lado, ter sorte é ganhar um prémio avolumado e a falta dela é perder o bilhete premiado, o que se poderia dizer daquelas pessoas que não possuem grandes habilidades e que conquistam fortuna em detrimento daquelas que, mesmo sendo portadores de uma boa inteligência e não conseguem os mesmos níveis de riqueza?
 
É um facto que existe uma boa dose de acaso na sorte, pois já dizia Stefan Klein na sua obra sobre o acaso que não há uma explicação lógica para ganhar um grande prémio no casino, na lotaria ou no euromilhões. Basta que se arrisque e tudo pode acontecer a qualquer um dos apostadores, ainda assim, é preciso arriscar e essa será provavelmente a palavra chave associada à sorte: aproveitar as oportunidades sem medo da incerteza e, neste ponto, já dizia Orison Swett Marden que, «a sorte não é nada mais do que a habilidade de aproveitar as situações favoráveis».
 
Na mesma publicação, A Mente é Maravilhosa lembra que, se examinarmos a biografia dos grandes personagens históricos, «é sempre surpreendente que a sua maioria tenha passado por grandes adversidades», sendo que,  nenhum poderia ser classificado como “sortudo”. Em última análise, estas figuras nada conseguiram por obra do acaso, o que nos remete de imediato para a importância da inteligência aliada ao fator sorte. Nos dias de hoje e, tendo por base um estudo que envolveu 1000 pessoas,  durante 40 anos e que procurou determinar o sucesso financeiro que cada uma poderia alcançar, percebeu-se que,  os indivíduos mais talentosos ou dotados «não foram os que ficaram mais ricos nessa simulação». O fator que mais teve impacto sobre o acúmulo de dinheiro foi a sorte, o que muito contrasta com as tais personalidades do passado. De acordo com o mesmo trabalho científico, os mais talentosos alcançaram um certo bem-estar, mas os que realmente se destacaram foram os sortudos.
 
Quer isto dizer que, se por um lado, temos homens e mulheres que fizeram contribuições históricas à humanidade e que, na sua grande maioria, passaram por grandes adversidades, por outro, existem indivíduos medianamente talentosos que alcançam sucessos financeiros mais do que notáveis por sorte, de acordo com o mesmo estudo.
 
Segundo Christian Busch, autor do livro The Mindset of Serendipity: The Art and Science of Creating Good Luck, «o segredo está nos súbitos lampejos de boa sorte que não são necessariamente fruto do acaso».
 
Para este pensador, «trata-se de dar sentido ao inesperado, à casualidade, e estar pronto para aproveitá-la». Na sua opinião, «essa é uma habilidade que pode ser trabalhada e desenvolvida». Com isso, podemos conseguir que a “boa sorte” esteja frequentemente do nosso lado aliando a inteligência ao que nos é mais favorável.
 
Neste sentido, pode-se afirmar que, segundo Christian Busch «a sorte também é uma questão de perspetiva». A boa sorte “afasta-se” quando a nossa necessidade  de controle nos leva a distanciar daqueles caminhos em que pode haver uma maior incerteza. Quer isto dizer que, «quando prevalece uma atitude de medo diante da incerteza, perdemos a sorte».
 
Assim, para termos sorte, segundo este pensador, precisamos de acreditar que, o inesperado não existe para criar problemas, mas para nos induzir a ver outras realidades que nos podem ter escapado. «O inesperado geralmente esconde um presente da fortuna, desde que estejamos dispostos a recebê-lo». Aceitar a imperfeição da realidade, encontrar respostas nos erros e responder com imaginação aos imprevistos são os eixos da sorte, afirma o mesmo especialista.
 
Assim, devemos deixar sempre uma margem de manobra para a nossa criatividade, para desenvolver novos talentos e habilidades para encontrarmos sorte e, sobretudo, não tentar controlar tudo na nossa vida, já que isso pode atrapalhar os planos que o acaso tem para nós. No fundo, a sorte conquista-se com uma boa dose de liberdade e inteligência para agarrar as novas oportunidades e dar-lhes um sentido positivo. Neste contexto, pode dizer-se que, há crenças que nos fazem perder a sorte, enquanto que outras nos aproximam dela. Tentar é sempre a melhor forma de ser mais sortudo!
 
Fátima Fernandes