Curiosidades

5 feridas da infância que ficam para a vida

 
É um facto que a nossa memória regista tudo o que nos acontece e que, em muitos casos, as situações negativas ocorridas na infância, assumem uma posição privilegiada, a ponto de ganharem proporções elevadas e interferirem no nosso modo de ser, de estar e de pensar também na vida adulta.

É ainda de anotar que, muito dificilmente uma criança passa pela vida sem que colha alguma marca negativa, por muito que os seus pais zelem pelo seu bem-estar, segurança e conforto, no entanto, é sempre possível minimizar esse impacto com uma boa conversa, com uma explicação acerca do assunto, com carinho e procurando mostrar qual era a verdadeira intenção do que ocorreu. Pais atentos conseguem habilmente fazer essa correção no menor espaço de tempo possível; antes que a criança acredite que, por detrás da repreensão está algo de muito incorreto que fez ou que é.
 
Pelo contrário, há pais que, pelo seu modo de ser e forma de pensar e de estar na vida, não conseguem aliviar esse sofrimento dos filhos. É para esses pais em particular que apresentamos o resultado em 5 itens do quão importante é corrigir um erro para evitar que os mais novos fiquem com estas marcas pela vida fora.
 
É imperioso realçar que, segundo a revista Pais&Filhos, muitas correntes da psicologia afirmam que o que acontece na infância «vai determinar grande parte do que seremos enquanto adultos». O nosso mundo emocional e a forma como nos relacionamos com os outros, refletem muitas das nossas vivências enquanto éramos mais pequenos e menos capazes de compreender o mundo de uma forma mais alargada.
 
Desde pequenas que, as crianças assimilam quase tudo ou mesmo tudo, o que os pais lhes dizem ou fazem, daí ser essencial reservar um tempo diário para o diálogo, para uma brincadeira livre e descontraída que, são os momentos em que a criança se expressa livremente e que diz o que sente e o que pensa acerca de alguns assuntos que vivenciou ou a que assistiu entre os adultos. Esse momento de esclarecimento é, segundo os psicólogos, fundamental para que pais e filhos se entendam melhor e para que construam laços mais positivos e duradouros.
 
Relativamente às marcas que podemos deixar nos nossos filhos ou que já possamos transportar dentro de nós enquanto adultos, Lise Bourbeau, autora canadiana, especialista em comportamento humano, listou 5 feridas emocionais que acontecem na infância e que «são determinantes nas dificuldades de relacionamento que os adultos podem apresentar ao longo da vida».
 
1) O medo de ser abandonado
 
As crianças têm muito medo da ausência dos pais, o que, em alguns casos, se pode confundir com abandono. Neste ponto, é fundamental ter em conta que, crianças muito pequenas não conseguem separar a fantasia da realidade e não têm noção de tempo, por isso algumas ausências podem significar um abandono absoluto.  Conforme a criança vai crescendo, irá aprender a lidar com isso de forma mais tranquila e percebendo que não é possível ter a presença dos pais a toda a hora. Começa a compreender que os pais se ausentam, mas que regressam ao fim de algum tempo e acaba por se sentir tranquila com essa rotina. Em casos de negligência parental, importa sublinhar que, a criança vai guardar essa marca de rejeição, solidão e abandono pela vida fora, pelo que vai precisar de uma ajuda especializada para transformar esses sentimentos, pois caso contrário, irá sentir esse desconforto sempre que está afastado de quem ama. Neste ponto é importante que os pais tenham em conta dois aspetos: «a solidão é necessária para entendermos quem somos e, nem sempre as pessoas que amamos estão fisicamente perto de nós». Saber lidar com esse sentimento é importante para a vida adulta e, os mesmos devem ser proporcionados aos mais novos com tranquilidade e segurança.
 
2) O medo de ser rejeitado
 
Para uma criança, uma das feridas mais profundas deixadas pela infância é a sensação de que não é amada pelos pais e acolhida pelos colegas de escola. Como as crianças começam a formar a sua identidade a partir da maneira como são tratadas, podem convencer-se de que não merecem afeto e passam a não se valorizar. Este ponto é muito importante para a autoestima, na medida em que, para conseguirmos amar alguém, precisamos de nos amar primeiro.
 
3) A humilhação
 
Ninguém gosta de ser criticado, mas a forma como a crítica é feita também é determinante para que seja melhor ou pior acolhida.
 
As crianças querem que os pais as amem e que se sintam orgulhosos dela, por isso nada mais destrutivo do que chamar nomes aos nossos filhos. Os pais que têm o hábito de chamar nomes depreciativos aos seus filhos, devem pensar muito bem nas marcas que lhes estão a deixar. Quando os mais novos cometem um erro, devemos optar por conversar acerca do assunto e mostrar a melhor forma de fazer diferente para a próxima vez. Aqui é muito importante a paciência e, colocar o seu filho acima do objeto ou da situação errática. É evidente que podemos chamar a atenção pelo erro, mas sem humilhar, pois isso fará com que o seu filho se torne num adulto dependente ou num adulto que precisa  de humilhar as outras pessoas para se sentir bem.
 
4) Falta de confiança
 
Quando fazemos uma promessa aos nossos filhos, devemos ter em conta a sua dimensão e importância para as crianças, pois promessas não cumpridas geram um sentimento de desconfiança permanente. Essa desconfiança irá perseguir a criança e chegar até à idade adulta com implicações nos seus relacionamentos.
 
Além disso, crianças que não conseguem confiar nos pais podem transformar-se em adultos controladores. Como nem tudo na vida pode ser controlado, a pessoa pode sentir-se ansiosa e irritada em situações do dia a dia que poderiam ser facilmente resolvidas.
 
5) Injustiça
 
Quando alguém comete uma injustiça  é natural que surjam sentimentos de impotência, raiva e indignação. As crianças sentem isso principalmente quando os pais são autoritários e frios e exigem mais do que elas conseguem dar naquele momento. Isso pode criar um sentimento de impotência e inutilidade que vai permanecer por toda a vida. Com este tipo de educação, estas crianças podem tornar-se em adultos perfecionistas e autoritários.
 
Apontadas as 5 feridas que ficam para a vida, os especialistas reafirmam a importância de uma intervenção especializada que poderá ajudar a compreender melhor o que se passou e a dar um novo sentido e significado à vida, por isso, é de evitar este tipo de tratamento aos filhos e, se sente algumas destas feridas, não hesite em pedir a ajuda de um psicólogo ou psicoterapeuta.
 
Fátima Fernandes