Família

A família é a base do sucesso escolar

 
Neste arranque de ano letivo, nunca é demais refletir acerca das principais questões que, naturalmente vão decidir o percurso escolar das crianças.

 
Das mais pequenas aos mais graúdos, a realidade é a mesma. A família é essencial para o bom desempenho, para o comportamento adequado na escola e para um desenvolvimento sadio.
 
A reforçar esta ideia, Pelt discorre: “os tempos mudaram, mas não as relações humanas que constituem as raízes da formação do caráter. 
 
Os filhos ainda precisam dos pais, porque as relações afetivas que mantêm com eles desde o nascimento permitem que adquiram padrões que os tornarão seres normais. 
 
As crianças precisam de direção, disciplina, apoio e ânimo para crescer, amadurecer e tornar-se pessoas independentes da família e adultos autónomos. (2006, p. 8)
 
Este é o ponto de partida que traduz a relevância das sucessivas tentativas de aproximação dos pais à escola e que realça esse acompanhamento como a base para todo o processo educativo.
 
De acordo com Elaine Cristina Santos do Nascimento, “a aprendizagem e o comportamento dos alunos em muito são influenciados pela educação familiar. O não acompanhamento familiar faz desencadear sentimentos de rejeição que se refletem no seu desempenho escolar.”
 
Para esta especialista que fez diversos trabalhos de investigação em escolas públicas no Brasil, as turmas mais problemáticas e que apresentam “menores défices” de rendimento escolar enquadram-se precisamente em cenários de famílias com pouco interesse pelo percurso escolar dos seus filhos e com uma relação de extrema distância familiar.
 
A investigadora aceitou o desafio de estudar a relação entre as turmas problemáticas e a estrutura familiar e verificou que, “os resultados da pesquisa apontam para a máxima importância do acompanhamento familiar e do grande valor do incentivo, da motivação e do amor que os alunos precisam para se interessar pelo seu processo de aprendizagem escolar e negociar melhores formas de comportamento.”
 
Neste sentido, “dar uma boa educação aos filhos é um grande desafio. Desde a sua conceção, a criança precisa de cuidado, amor e dedicação.”
 
Partindo deste pressuposto, “a família é o alicerce para que a formação das crianças e adolescentes seja construída de maneira sólida, isto é, permitir que, os mais novos consigam conviver segundo os padrões da sociedade (de cultura, regras, respeito, etc).”
 
Para Elaine Cristina Santos do Nascimento, “todos sabemos qual é o problema, todos sabemos que precisamos de melhorar estes resultados e de fazer chegar as famílias à escola, no entanto, o caminho não tem sido fácil. 
 
Continuamos a assistir a cenários de maus tratos aos filhos, de violência para com as mulheres, de cenários de alcoolismo e outras drogas em acima de tudo, um afastamento entre os membros da família que em nada permite uma inversão desta tendência.”
 
A mesma investigadora sublinha que, apesar da mudança dos tempos, das alterações profundas na estrutura familiar que, em muitos casos já não se define como nuclear (pai, mãe e filhos), não pode existir um distanciamento entre a escola e os filhos. “Tem de haver uma reorganização familiar que permita à criança/jovem esse sentimento de proximidade, de afeto, de incentivo, de motivação e de aplauso para com o sucesso conquistado.”
 
Não podemos deixar nas mãos da escola aquilo que tem de começar e de ser acompanhado pela estrutura familiar e que se desenvolve nas instituições de ensino, salienta a mesma especialista.
 
A escola funciona melhor com a participação e acompanhamento dos pais nas atividades letivas dos alunos e, a família beneficia dessa aproximação através dos resultados alcançados pelos filhos. É uma relação que tem de ser partilhada, discutida quando necessário e estabelecida.
 
Cabe à escola saber para que tipo de público está a direcionar o seu trabalho, ou seja, é essencial o conhecimento de como está organizada essa família contemporânea e como e até onde essa organização influencia a criança e o adolescente no seu desenvolvimento psicossocial. 
 
“Por outro lado, a família deve compreender a missão e as propostas da escola e conhecer formas de contribuir com ela”, discorre Amanda Polato, autora da matéria “Sem culpar o outro” da revista Nova Escola (set 2009).
 
Elaine Cristina Santos do Nascimento recorda, em forma de resumo: “o nascimento de um bebé implica o nascimento de uma família, pois é a presença desse novo ser no seio do casal que dará início à formação da família, porque nasce, além do filho, uma mãe e um pai. Pelo menos é assim que deveria acontecer, é o que deveria ser natural a todos.”
 
A família deve ser a base que fortalece cada um dos seus integrantes. A união familiar deve favorecer a realização pessoal de cada membro e representar um forte sentimento de segurança. 
 
A relação familiar deve basear-se no diálogo, na comunicação, na capacidade de ouvir, de tentar compreender e de respeitar o outro e, acima de tudo, de instituir regras que assegurem esse bom funcionamento.
 
A família deve ser capaz de acolher os seus membros com afeto, de transmitir valores de boa convivência social e de respeito dentro e fora da sua célula.
 
Para Içami Tiba “a família deve agir como uma equipa, isto é, todos a trabalhar em prol do coletivo e do bem-estar do grupo.”
 
Para encontrar essa “fórmula”, Tiba deixa alguns pontos relevantes: “procure a superação das suas próprias dificuldades; independentemente de qualquer explicação.
 
Procure a correção do erro;
 
Assimile as mudanças que sejam progressivas;
 
Pratique a cidadania familiar para que todos sejam cidadãos éticos; 
 
Desenvolva esforços para que todos se unam, para que a equipa melhore sempre;
 
Exija do elemento ajudado a correção dos erros e resultados;
 
Não coloque uma vitória como “o ex-libris” de uma conquista; 
 
Não sinta uma derrota como eterna; 
 
Permita que, os deveres sejam cumpridos e os méritos reconhecidos;
 
Os resultados da equipa deverão beneficiar os seus elementos, bem como os da comunidade onde está inserida.”
 
Independentemente da estrutura familiar que a rodeia, é fundamental que a criança sinta que é apoiada, amada e incentivada no seu percurso escolar. “Assistimos a um tempo em que a família nuclear não é generalizada, em que muitos alunos são filhos de pais separados e que vivem em famílias alargadas (com outros elementos que se foram juntando ao núcleo como madrasta ou padrasto, avós ou outros membros), mas acima de tudo, a criança tem de saber quem se responsabiliza por ela, quem a representa na escola e na sociedade e em quem pode confiar.” 
 
A criança tem de receber amor, compreensão e incentivo em todas e quaisquer circunstâncias reforça Elaine Cristina Santos do Nascimento, apontado ser esse o caminho para o bom desempenho escolar, para um comportamento ajustado em termos sociais e para uma formação integral dos indivíduos que vão ser os adultos do futuro.
 
Fátima Fernandes