Sociedade

A Grande Guerra vista por um Louletano

Esta quinta-feira, 23 de outubro, pelas 18h00, na Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen, Luís Guerreiro, investigador de História Local, apresenta a Conferência “A Grande Guerra vista por um Louletano – Recordações de Pedro de Freitas”.

 
No ano em que se assinala o Centenário da Grande Guerra, pretende-se evocar uma ilustre figura louletana que combateu nas trincheiras e também as memórias da Guerra deste escritor, jornalista e musicógrafo.
 
Pedro de Freitas nasceu em Loulé, no Largo do Carmo, em 1894. Louletano, autodidata e escritor popular, chegou a ser apelidado de "Embaixador de Loulé", dado o seu esforço para manter vivas as tradições e feitos da vila, hoje cidade.
 
O primeiro contato de Pedro de Freitas com a música, onde se destacaria maioritariamente, deu-se em 1902. Em 1903 foi viver para Faro e em 1904 para Olhão, completando a instrução primária numa e noutra localidade. Mais tarde regressa a Loulé onde se emprega como caixeiro de uma mercearia, continuando em simultâneo a aprendizagem da música na Sociedade "Artistas de Minerva".
 
Em 1916 era ferroviário, guarda-freio dos comboios e, no ano seguinte, parte para a guerra, em França. 
 
Aí narra um dos episódios de guerra numa carta que alguns meses mais tarde acaba por ser publicada num jornal. 
 
Fez toda a Campanha em França como membro do Corpo Expedicionário Português, integrando o Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro. 
 
Todos os acontecimentos vividos a partir do momento do desembarque na Flandres seriam rigorosamente apontados por Pedro de Freitas e estão presentes no seu livro “As Minhas Recordações da Grande Guerra”, um livro que constitui “um manancial de descrições, informações e sentimentos de carácter pessoal, baseado nas experiências concretas vividas por Pedro de Freitas durante a Primeira Grande Guerra Mundial”. 
 
“Este livro apresentou detalhe histórico e coerência relativamente às datas dos eventos presenciados por Pedro de Freitas. Nesse sentido, o autor conferiu alguma ênfase na evolução das batalhas do dia 21 de março e do 9 de abril de 1918. 
 
Pelo realismo e sentimentalismo expresso no mesmo foi possível reajustar uma interpenetração entre a visão particular do interlocutor da história com uma análise histórica mais distanciada e, por isso mesmo, mais crítica dos acontecimentos”, refere Susana Barrote, na sua tese “Pedro de Freitas: A vida e a obra de um escritor e musicógrafo nacionalista”.
 
Em 1926, regressado a Portugal, Pedro de Freitas entra na luta pró Variante do Caminho-de-ferro para Loulé, mantendo-se acerrimamente na mesma até 1946. 
Aquela que Pedro de Freitas descreve como a sua "maior proeza bairrista" foi, no entanto, a grande luta que travou para trazer a Loulé o Batalhão de guerra a que pertencia, o Batalhão de Sapadores de Caminhos-de-Ferro, comandado pelo General Raul Esteves. 
 
Conseguiu este feito e assim honrou Loulé. A visita do Batalhão e a Festa da Mãe Soberana fizeram convergir a esta cidade milhares de pessoas.