Sociedade

Alfarroba algarvia pode ajudar a tratar a tuberculose

 
Ana Grenha e a sua equipa
Ana Grenha e a sua equipa  
Ana Grenha, investigadora do Centro de Investigação em Biomedicina, da Universidade do Algarve, e responsável pelo Laboratório de Drug Delivery, encontra-se a tentar desenvolver um sistema de administração de fármacos por via pulmonar para o tratamento da tuberculose.

 
Segundo explica a primeira plataforma portuguesa sobre comunicação de ciência na área da saúde lançada recentemente pelo mesmo Centro, sendo esta doença tratada, convencionalmente, por via oral, através de terapêuticas que são, na maior parte das vezes, bastante prolongadas e estão associadas a efeitos severos, a equipa de investigadores está a procurar uma alternativa ao tratamento convencional através dos polissacáridos, materiais de origem natural.
 
Assim, ao tentar explorar as capacidades menos conhecidas destes materiais, Ana Grenha e a sua equipa procuram testar uma nova abordagem, por via pulmonar, sustentada no facto da doença ser de foro respiratório, com a bactéria causadora a alojar-se na região alveolar dos pulmões.
 
Para tal estão a ser desenvolvidas micropartículas de polissacáridos que, após inalação, alcançam a zona alveolar onde estão as bactérias, verificando-se, um acesso mais fácil dos fármacos ao local de ação.
 
A mesma plataforma, revela ainda que neste tipo de doença, as bactérias alojam-se dentro de células específicas – chamadas macrófagos alveolares.
 
Por terem uma composição que favorece a captura por essas células, as micropartículas parecem conseguir ser facilmente internalizadas, co-existindo no mesmo local que as bactérias, o que se espera que potencie o efeito terapêutico.
 
Assim, na base da ideia de investigação, está o desenvolvimento de sistemas que permitam reduzir as doses de fármacos administradas, bem como a duração total do tratamento em casos de tuberculose.
 
Refira-se que alguns dos polissacáridos usados para produzir as micropartículas existem de forma abundante na região do Algarve, sendo aproveitados, por exemplo, da goma de alfarroba e de outros elementos de origem marinha como o fucoidan e o quitosano.
 
Foto:Ualg