Comportamentos

Aprenda a aceitar sem se resignar

 
É cada vez mais comum ouvir falar de aceitação e da sua importância para uma vida mais rica e prazerosa, mas afinal o que quer dizer aceitar?

Na posição dos especialistas, a aceitação é um dos processos mais difíceis pelo qual o ser humano passa, uma vez que, desde pequenos que somos habituados a lutar contra tudo aquilo que não queremos e que nos provoca algum tipo de desconforto. Incutimos que temos de lutar, mesmo que, em muitos casos, seja uma luta inútil, já que estamos perante algo sem uma solução possível.
 
Depois, mediante a frustração de nada conseguir fazer, passamos para a resignação, onde um conjunto de pensamentos destrutivos e negativos inundam o nosso ser. Basicamente entramos em     desequilíbrio porque passamos de um extremo para o outro.
 
Na posição dos psicólogos, temos de aprender desde cedo que, nem tudo corre como gostaríamos, que a vida não é exatamente como desejamos e idealizamos, mas que mesmo assim, vale a pena viver e procurar caminhos alternativos para encontrar a tal qualidade e valor pretendidos.
 
Quer isto dizer que  temos de habituar-nos a refletir mais e melhor acerca de nós próprios e dos outros, pois só assim seremos capazes de aceitar as diferenças, as características de cada um e de aceitarmos a nossa condição individual também. Quando aceitamos, respeitamos e, esse é o grande desafio.
 
Para facilitar a tarefa, deixamos-lhe as principais diferenças entre aceitação e resignação para que melhor se possa posicionar no seu processo de autoconhecimento e valorização pessoal.
 
O primeiro ponto a reter indica que, aceitar não significa resignar-se. A aceitação orienta-se para a tolerância, para a necessidade de compreender a situação e dizer a si mesmo que, “a vida é mesmo assim, tem coisas de que gostamos e outras de que não gostamos”.
 
Aceitar traduz ver a realidade de forma mais alargada e, mediante as situações que nos desagradam, sermos capazes de criar alternativas, ir por outro caminho rumo a algo que nos agrada mais. Esta postura permite-nos conviver melhor com a realidade, viver com muito menos stress e aprender com as situações menos positivas.
 
Em suma, aceitar é «abandonar a luta contra algo que não tem solução, e procurar outros caminhos que nos permitam viver do modo que desejamos».
 
Por seu turno, a resignação ocorre quando não toleramos uma situação. Por exemplo, quando as coisas não são como desejamos, tendemos a fechar-nos, à inércia e à paralisação. As emoções negativas surgem e rendemo-nos a elas. Acreditamos que não podemos melhorar nada na nossa vida. São gerados pensamentos do género: “nada posso fazer para mudar a minha vida, sou uma desgraça e sempre serei infeliz”. Manifesta-se uma tendência para a lamentação e vitimização, perde-se a esperança de dias melhores no futuro.  O individuo  fecha-se perante novas possibilidades e deixa tudo de lado,  resigna-se com a vida que tem, ainda que não seja o que deseja, e nada faz  para mudar essa situação. Ao se resignar e não procurar alternativas, vai acabar por colher muitas mais frustrações, desconforto, mau-estar e negatividade. Esta é uma forma de autodestruição.
 
Na posição dos especialistas, existe um longo caminho a percorrer até que se encontre a aceitação, pelo que, precisamos de aprender a pensar de forma mais alargada para que possamos encontrar mais respostas. Inicialmente partimos da rejeição face ao que não queremos e, aos poucos, vamos percebendo a importância de aceitar, de ver o outro ou a situação noutra perspetiva e de assumir que é mesmo assim, que nada podemos fazer para alterar aquilo que é como é.
 
É natural que andemos mais abalados, que passemos por momentos de desmotivação, mas aos poucos, vamos compreendendo e aceitando a realidade, pois apesar de tudo, é mais gratificante aprender a aceitar a vida, as pessoas e as situações tal como elas são, do que passar o nosso tempo a cultivar ilusões. Ao fim de algum tempo, percebemos que, afinal já aceitamos que esta ou aquela pessoa é diferente de nós, conseguimos perdoá-la dentro de nós e aceitar a realidade.
 
É de sublinhar que, aceitamo-nos tal como somos para depois conseguirmos aceitar os outros na sua condição diferente. O processo ocorre sempre de dentro para fora.
 
«A arte da sabedoria prende-se com a capacidade de aceitar aquilo que não se pode modificar e de lutar por aquilo que queremos e que merece essa nossa força e determinação».
 
Fátima Fernandes