Tendo por base um apontamento da psicóloga especializada em Crescimento Pessoal, Sara Sanchis, sermos capazes de nos perdoar a nós mesmos exige um processo de introspecção, no qual nos tornamos conscientes dos nossos atos, das consequências e dor gerados, pedimos perdão e assumimos a mudança de comportamento necessária para não repetir a situação.
Segundo a mesma especialista, citada no sítio Psicólogos Online, «em certos casos, algumas pessoas não podem perdoar-se a si mesmas, situação que gera uma redução no seu desempenho diário e, a longo prazo, pode repercutir-se negativamente na sua saúde mental».
Sara Sanchis explica que, para nos perdoarmos a nós mesmos temos de aceitar a responsabilidade de ter prejudicado alguém, expressamos o nosso mal-estar por isso, tomamos atitudes para reparar a situação ou não a repetimos «e alcançamos, um nível superior de consciência moral».
Ainda assim,« há casos em que uma pessoa não é capaz de se perdoar», o que pode acontecer por diferentes motivos:
O erro cometido provocou (ou não impediu) uma rutura ou perda numa situação concreta da sua vida: rutura sentimental, rutura de uma amizade falecimento de uma pessoa, encerrar algum evento, etc.
O ego da pessoa é muito dominante e não lhe permite cometer erros, castigando-a por cada um deles.
Agentes externos que nos lembram constantemente da nossa responsabilidade no erro cometido: por exemplo, quando um familiar, amigo ou conhecido nos culpa frequentemente pelo ocorrido.
Para Sara Sanchis, em todos estes casos, a pessoa é incapaz de iniciar o processo de se perdoar, o que causa grandes prejuízos psíquicos através da culpa e da vergonha. No entanto, é fundamental aprender a perdoar-se para poder prosseguir a vida de uma forma saudável, para tal, é preciso compreender que, perdoar não significa omitir o erro nem esquecê-lo. Para que o perdão seja genuíno, é necessário responsabilizar-se pelo sucedido e implementar um processo de introspeção que o leve a corrigir o erro mediante comportamentos reparadores (externos ou internos).
Refere a mesma especialista que, a capacidade ou não de se perdoar geralmente é condicionada por certos aspetos da personalidade como sendo:
As pessoas que são capazes de se perdoar possuem e mantêm um alto nível de autoestima, de satisfação com a sua vida e de bem-estar psicológico; são pessoas pró-sociais, amáveis e com grande facilidade em perdoar os outros.
Pelo contrário, as pessoas que não se permitem perdoar a si mesmas normalmente apresentam baixos níveis de autoestima, altos níveis de culpa, de ansiedade, depressão e baixa satisfação pessoal com a vida.
No mesmo apontamento, Sara Sanchis lembra que, segundo o Budismo, perdoar os outros pela dor que nos causaram e pedir perdão pelos nossos comportamentos errados, «são atos necessários e imprescindíveis para ir limpando a nossa parte negativa e, com isso, ir aproximando-nos da nossa verdadeira natureza essencial».
Louise Hay, por sua vez, refere o seguinte pensamento para que se efetive o autoperdão:
(...) Perdoo-me por ter carregado essa carga durante tanto tempo, por não ter sabido amar-me nem aos outros. (...) Continuo com o meu trabalho de limpar as partes negativas da minha mente e por deixar o amor entrar (...).
Na mesma sequência, eis a pergunta que se impõe: Como posso perdoar-me?
1. Analise as causas
Por exemplo, analisar o que o levou a uma situação de infidelidade (insatisfação com o(a) seu(sua) companheiro(a), vingança, comportamento impulsivo e mal pensado, etc.).
2. Tome consciência das necessidades
O que pretendíamos com essa atitude? O que estávamos à procura? Por trás de cada ação, há uma necessidade que se pretende preencher. Pergunte-se e tome consciência sobre o que está a precisar.
3. Conecte-se com as emoções
Refletir sobre como nos sentimos ao cometer o ato. No caso da infidelidade, refletir sobre o que a experiência representou para si e como agir a respeito (foi algo pontual e passageiro, ou foi algo além da relação física, etc.).
4. Responsabilize-se pelos atos
Não procurar desculpas nem se esconder. Ser responsável pelos seus próprios atos torna-o valente. Reconhecer é o primeiro passo para aceitar e poder mudar.
5. Assuma as consequências
Neste momento, é importante aceitar e respeitar as consequências dos nossos atos. No caso da infidelidade, por exemplo: a dor gerada ao nosso(a) companheiro(a) e a decisão que ele(a) tomou, rutura do relacionamento ou distanciamento, etc.
6. Identifique os impedimentos
Elaborar uma lista com as coisas que nos impedem de nos perdoarmos a nós mesmos é uma forma muito visual e prática para empreender as ações que favorecerão o processo de perdão.
7. Meditar
Meditar ou visualizar-nos a pedir perdão à pessoa ferida, ajudar-nos-à a sentir a dor que causamos e aliviará a culpa. Aqui pode procurar outros tipos de meditação mais adequados ao seu caso e os seus benefícios.
8. Visualize
Meditar ou visualizar a descarga da culpa prejudicial, que faz com que nos sintamos mal, e nos impede de agir para compensar o erro. Isto nos permitirá assumir uma responsabilidade pelo que aconteceu e ter a força necessária para corrigir o dano causado.
9. Peça perdão
Como último passo, será necessário pedir perdão pelo erro cometido, perdoar-nos por isso e remediar o erro de maneira respeitosa e consciente na direção que escolhemos seguir.
No exemplo da infidelidade, no caso de decidirmos começar uma nova relação com a outra pessoa, o assunto deve ser exposto de maneira cordial e afetiva. Se continuarmos a amar essa pessoa, é necessário agir para restabelecer o equilíbrio e bem-estar na relação. Se esta alternativa não existir, deve-se colocar um fim a esta situação, aceitando a dor que a mesma acarreta, mas seguindo adiante com a própria vida.
10. Compense
Dirigir as nossas ações para remediar a nossa conduta errónea, facilitará o processo de autoperdão devido à nossa boa vontade em tentar mudar.
11. Ho'oponopono
Trata-se de uma filosofia de origem polinésia que tem por objetivo resolver conflitos e sanar espiritualmente através do perdão e do amor. O perdão é conquistado mediante a confissão, a compensação, o arrependimento e a compreensão sincera.
12. Terapia do perdão
A terapia do perdão constitui-se de uma disciplina psicológica mediante a qual se realiza um trabalho com as pessoas afetadas, para podemos perdoar a pessoa que nos feriu ou para pedir perdão e nos libertarmos da culpa pelo erro cometido. Os passos dados neste segundo caso são:
Reconhecer o dano que causamos com as nossas ações
Sentir a dor que provocamos com isso
Analisar o nosso comportamento e o que nos levou a isso
Procurar alternativas de resposta para que isso não volte a acontecer
Pedir perdão à(s) pessoa(s) feridas
Restituir o dano causado com a nossa mudança de comportamento.
No mesmo apontamento, Sara Sanchis lembra que, em caso de necessidade, a pessoa deve pedir apoio psicológico, uma vez que, este ou qualquer outro artigo incide sobre generalizações, pelo que, cada caso deve ser analisado de forma individual e personalizada.
Fátima Fernandes