Comportamentos

Aprenda a conhecer-se melhor em 5 passos

 
A grande questão começa logo por tentarmos saber se nos conhecemos realmente a nós próprios quando, no fundo, estamos sempre em mutação e a enfrentar novos desafios.

Neste contexto, o psiquiatra Thomas Szasz , citado pela revista Melhor com Saúde, observou que as pessoas são obcecadas por se “encontrarem” a si mesmas quando, na realidade, estão sempre num processo de criação. Neste sentido, «temos de assumir que, não somos entidades estáveis que devemos decifrar como quem resolve um mistério». Os seres humanos são criaturas em constante mudança que preservam certas essências, certas qualidades mais ou menos estáveis, completou o mesmo especialista.
 
Dessa forma, mesmo que tentemos fazer um inventário pessoal para descobrir o que está dentro de nós, «é muito provável que encontremos vários desafios». Às vezes, até a nossa mente pode trair-nos, observou o mesmo psiquiatra acrescentando que, «o cérebro gosta de nos dar explicações um tanto enganosas sobre a nossa personalidade, tais como «que somos um tanto falíveis e até inseguros».
 
No entanto, quando a vida nos testa, descobrimos que reagimos de ma forma extraordinária.
 
Ainda neste contexto, é importante esclarecer que, todos temos pontos cegos, ou seja, «existem mecanismos psicológicos que nos impedem de nos ver tal como somos». Às vezes a nossa mente está repleta de mecanismos de defesa que nos protegem, mas que tornam difícil ver as coisas tal como elas  são. Podemos, por exemplo, negar que somos pessoas inseguras, dizendo a nós mesmos que, na verdade, temos uma personalidade cautelosa e prudente, simplificou o mesmo psiquiatra, alertando que, tendemos a camuflar traços de caráter como um mecanismo de autoproteção, e fazemo-lo inconscientemente. Além disso,  «cada um de nós reforça certas narrativas sobre o seu “eu” que ninguém pode contradizer, porque isso colocaria em questão o nosso próprio valor e autoestima».
 
É ainda de reter que, os nossos traços de personalidade começam a estabelecer-se por volta dos 30 anos, pelo que, todos nos definimos a partir de então por um padrão mais ou menos constante. No entanto, certas experiências e eventos podem variar alguns desses traços, clarifica a mesma revista.
 
Perante estas observações, torna-se ainda mais complexa a tarefa de aferir até que ponto nós nos conhecemos realmente, pelo que vale a pena seguir estes 5 passos propostos pela Melhor com Saúde:
 
1. Sente-se perdido e até hoje não sabe o que quer
 
Todos nós já nos sentimos perdidos em algum momento das nossas vidas. Porém, mais cedo ou mais tarde esclarecemos os nossos valores e propósitos, reformulamos os nossos objetivos e encontramos uma nova direção.
 
Se, no seu caso, passou boa parte da sua existência sem saber o que realmente quer, o que espera e o que procura, certamente que é uma boa altura para fazer um exercício de introspeção. Neste ponto ainda é essencial acrescentar que deve perguntar-se a si mesmo acerca do que quer e do que espera para a sua vida.
 
2. Até hoje, ainda não entendeu a razão pela qual toma certas decisões
 
Para saber se se conhece tão bem quanto pensa, avalie as decisões tomadas até ao momento presente. Se não sabe muito bem como chegou até onde está, se não entende por que certas coisas aconteceram consigo, talvez seja uma boa altura para parar.
 
Quando uma pessoa não conhece as suas necessidades e desejos,  limita-se a deixar-se levar. Quando são os outros que decidem por si, é porque ainda não tem a certeza de quem é e do que quer.
 
A pessoa que sabe quem é e o que quer sabe que, as suas decisões marcam o seu destino.
 
3. Você não se conhece tão bem quanto pensa se aceita o que os outros dizem sobre si
 
Quem se deixa influenciar e valida o que os outros dizem sobre si ainda não sabe quem realmente é. Porque quando a pessoa se conhece a fundo, não se importa com o que os outros podem dizer ou comentar a seu respeito.
 
O autoconhecimento dá-nos segurança e autoconfiança, pelo que, os rótulos que nos querem colocar não nos definem.
 
4. Procura respostas no exterior e não dentro de si
 
Não estar em sintonia com as suas necessidades, não entender por que se sente assim, culpar os outros pelas suas frustrações são exemplos que ilustram que uma pessoa não se conhece bem a si mesma.
 
Registe que, por vezes colocamos nos ombros dos outros a obrigação de nos fazer felizes, de resolver os nossos problemas quando tudo isso é da nossa responsabilidade.
 
Anote ainda que, tudo o que somos está dentro de nós, pelo que é mesmo por aqui que vale a pena investir o nosso tempo e atenção. Quem procura o que precisa e o que é no exterior, afasta-se cada vez mais de se conhecer melhor a si mesmo.
 
5. Tende a esquecer-se das suas prioridades e a concentrar-se nas dos outros
 
Para saber se você se conhece tão bem quanto pensa, tome consciência das suas prioridades. Depois de esclarecê-las, pergunte-se a si mesmo se está a cuidar delas.
 
Às vezes, quando não temos muita clareza sobre quem realmente somos, colocamos o nosso coração, os nossos olhos e a nossa atenção nas outras pessoas, no nosso parceiro, na nossa família, nos nossos amigos. Deixamo-nos levar e tornamo-nos, sem saber, personagens secundários no teatro da  nossa própria vida. Esta atitude é muito perigosa e afasta-nos cada vez mais daquilo que realmente somos.
 
Se queremos ser protagonistas da nossa própria história, devemos trabalhar o autoconhecimento. Saber quem somos permite-nos lembrar quais são as nossas prioridades para chegar onde queremos.
 
Para concluir,  a mesma revista lembra que, o exercício de saber quem somos «é uma prática com a qual nos comprometemos diariamente. É uma jornada que não acaba nunca porque crescer é amadurecer, às vezes mudar, desenvolver-se em liberdade para estar sempre em sintonia com a nossa voz interior».
 
Fátima Fernandes