Desde pequenos somos habituados a conter as emoções, sobretudo pelo medo da rejeição social.
Sejam emoções positivas ou negativas, estas vão sendo guardadas no mais íntimo do nosso “eu”, pois “podemos não as saber expressar corretamente e provocar uma má imagem de alguém ou a nosso respeito”. Os pais ensinam logo a conter com medo que os filhos digam alguma coisa menos correta; mesmo que seja positiva e, aos poucos, vamos colhendo os resultados dessa falta de treino e de preparação para lidar com as emoções. Vamos guardando tudo e construindo uma bomba-relógio dentro de nós, pois cada emoção contida estará sempre pronta para que o gatilho dispare e que diga ou faça aquilo que não deve por estar fora de contexto e sob pressão.
Atendendo a esta constatação, faz sentido perceber que temos de ir dizendo o que pensamos e o que sentimos no momento certo para que possa ocorrer da forma mais adequada. Assim, se sentimos necessidade de dar a nossa opinião, devemos criar as condições para o fazer, se queremos algo, devemos pedi-lo, se sentimos algo, devemos dizê-lo à pessoa em causa para evitar uma grande acumulação de emoções sejam elas positivas ou negativas. No fundo, é tudo uma questão de treino que se inicia num determinado momento e a que vamos dando continuidade ao longo da vida.
Devemos fazer esse exercício mesmo que não o tenhamos aprendido e praticado na infância e devemos proporcionar essa mesma oportunidade aos nossos filhos desde pequenos, recomendam os especialistas na matéria.
Na realidade, se dissermos o que pensamos e sentimos sem uma grande carga de raiva ou de mágoa, conseguimos ser “polidos” e expressar corretamente as nossas emoções. Quando pelo contrário, deixamos acumular um conjunto de emoções negativas, mais facilmente seremos surpreendidos pela necessidade de explodir de qualquer maneira.
Para facilitar a tarefa apresentamos um conjunto de dicas que podem ajudar neste processo de expressão emocional da forma mais correta possível. Confira estes tópicos e abra espaço para um novo modelo de vida já a partir de hoje:
Comece por identificar as emoções para que o processo seja mais fácil.
Quando algo se altera no seu organismo por alguma reação no exterior ou aos seus próprios pensamentos, deve perguntar-se: “o que estou a sentir?”, “que sintomas físicos estou a experimentar?”, “qual é a causa?”, “por que razão isto aparece agora?”.
Aprenda a reconhecer os seus sentimentos: uma vez detetadas as emoções e sensações, terá que analisar o sentimento que isso lhe provoca. Será útil saber o que os sinais indicam. Procure fazer uma lista com todas essas emoções e quais as manifestações físicas que lhes estão associadas.
Reserve uns minutos e deixe que a emoção se acalme para pensar com clareza sobre ela, e sobre o que vai dizer.
Preste mais atenção à sua resposta do que à situação: por norma, a pessoa pensa que a situação é que a faz estar nervosa, mas a causa de tudo, está na resposta emocional que lhe damos. Neste sentido, procure mudar a forma de reação a um determinado estímulo e sentir-se-à muito melhor.
Vivencie a experiência com o seu corpo: quando tiver essas emoções, indique a parte do corpo em que elas acontecem. Dê-lhes uma cor e textura concreta, localize-as num lugar específico e procure ter uma reação diferente. Não se esqueça de que, a própria pessoa é quem melhor terá de se conhecer e de saber “os pontos” de maior ou menor tensão emocional para aprender a lidar com eles da melhor forma possível.
Procure ser sincero com o que sente e com o que faz. Procure perceber que, se na realidade não se sente bem com uma determinada pessoa, qual é a razão pela qual lhe faz todas as vontades para que ela goste de si? Ou se está irritado, desconfortável e chateado, por que não evitar ter uma conversa para tentar se entender com a outra pessoa? É preferível dar um tempo, acalmar-se e escolher o melhor momento para um encontro mais descontraído e produtivo.
Escolha a melhor situação para se expressar: não serve de nada querer ter uma conversa construtiva com o seu chefe se escolher o momento errado. Portanto, examine a situação, as pessoas ao seu redor e a si mesmo e decida quando será o momento mais conveniente para o fazer. Dessa forma, as suas emoções irão fluir a seu favor.
Use uma boa forma de comunicação: tom amigável, escuta afetiva, olhar a pessoa nos olhos e usar frases do tipo “Ando um pouco ansioso”, em vez de dizer que a empresa o coloca à beira de um ataque de nervos. Procurar a melhor forma de se exprimir facilita o diálogo e permite o autocontrole. Afinal, podemos dizer tudo o que queremos e pensamos, precisamos é de encontrar as melhores palavras para o fazer.
É ainda importante ter em conta que, nos momentos em que estamos sós, devemos desenvolver algumas técnicas de autoconhecimento que facilitam precisamente esse encontro emocional. Pense abertamente naquilo que o aflige, no que o inquieta, mas também naquilo que lhe proporciona bem-estar e tranquilidade. Tenha em mente que, quanto mais se conhecer a si próprio, melhor lhe correrá a vida e muito melhor saberá lidar com as suas emoções.
Na maioria das situações, não é o problema que nos afeta, mas sim a nossa forma de o encarar e de lidar com ele, por isso, importa ir ao fundo de nós e procurar saber a razão pela qual ficamos tão irritados com algo ou alguém, pois só assim poderemos ultrapassar essa etapa e seguir em frente.
É ainda fundamental reter que, todos temos o direito de estar mais frágeis, mais tristes, mais aborrecidos com algo ou alguém. Aceite e deixe que esses sentimentos lhe surjam, pois todos os sentimentos nos ajudam a crescer e não há sentimentos positivos ou negativos, há diferentes estados de alma com os quais temos de aprender a lidar da melhor forma possível.
Pense que, aceitar-se como um ser emocional «é a chave para poder saber quais são essas emoções que abrigamos e que devemos expressar aos outros adequadamente».
As emoções são parte da nossa evolução como espécie e também do que nos define como seres diferentes de outras espécies que habitam o planeta. As emoções são naturais, portanto não lute contra elas, aprenda sim a realizar atividades que lhe permitam relaxar e estar bem. Muitas pessoas gostam de escrever, de meditar, de praticar exercício físico, ouvir música, enfim qualquer hobby é útil desde que lhe seja prazeroso e que lhe faça bem, por isso, faça a sua opção sabendo que pode mudar a qualquer momento se assim o entender e se a sua emoção o determinar!
Fátima Fernandes
