Comportamentos

Aprenda a perdoar e retome a sua vida!

 
Na posição dos especialistas, o perdão é a chave para seguirmos em frente com a nossa vida, mas é preciso saber compreender que, perdoar não é colocar “uma pedra” sobre o assunto, mas simplesmente assumirmos que passamos por uma experiência negativa e dolorosa e que precisamos de nos desapegar dela para podermos voltar a sorrir.

Quando passamos por uma expetativa frustrada, ficamos sobrecarregados pela dor e pelo fardo de nos sentirmos traídos, mas na posição dos entendidos na matéria, é possível ultrapassar essa situação e encontrar a necessária liberdade para prosseguir a nossa vida. Para tal, existe um conjunto de cinco técnicas preciosas que nos ajudam a fazer esse processo, as quais apresentaremos mais adiante.
 
É preciso ter em conta que, o que faz com que muitas pessoas sintam dificuldade em perdoar é o facto de acreditarem que, se perdoarem, será como se a mágoa inicial ou a traição nunca tivesse acontecido. No fundo, quem está ferido julga que,
«quando alguém comete um erro grave, já não se pode libertar dele». Por essa razão ficam presas ao problema e têm dificuldades em encontrar uma saída.
 
Mas, segundo os entendidos,  «isso simplesmente não é verdade». E, neste ponto é preciso ter em conta que,  «nós não perdoamos a outra pessoa em benefício dela, e não tentamos fingir que nada aconteceu». O que se passa é que, «perdoamos por nós próprios». Aplicamos o perdão para que nos possamos libertar da situação e reencontrar o nosso equilíbrio e bem-estar.
 
Outra razão pela qual pode ser difícil perdoar é que podemos encarar o perdão como uma traição a nós mesmos de alguma forma, ou podemos sentir que, ao perdoarmos estamos a expor-nos à mesma situação e a magoar-nos novamente, mas «isso também não corresponde à verdade», na posição dos especialistas.
 
É importante reter que, a mágoa e as feridas podem deixar sentimentos de amargura, ressentimento e raiva durante anos. Podemos chegar ao ponto em que nos sentimos vítimas por causa do que os outros nos fizeram «e, quando nos sentimos vítimas não nos conseguimos proteger dos nossos sentimentos, o que nos prejudica e muito». Nessas circunstâncias, ficamos emocionalmente presos e carregados de mágoa. Neste sentido, como podemos voltar a viver e a sentirmo-nos felizes com todo esse peso emocional?
 
Segundo os entendidos na matéria, temos de aprender mesmo a perdoar para podermos voltar a sentir-nos bem e confortáveis connosco próprios. De acordo com alguns estudos levados a cabo nos últimos anos, existe uma ligação entre o perdão e a saúde.
 
Karen Swartz, uma psiquiatra da Johns Hopkins Medicine, afirmou que “há um enorme fardo físico ao se sentir ferido e desapontado”.
 
A mesma especialista também afirmou que “a raiva crónica coloca o indivíduo em modo de luta ou fuga, o que resulta em inúmeras alterações na frequência cardíaca, pressão arterial e resposta imunitária”.
 
A mesma médica explica que, essas mudanças aumentam o risco de depressão, doenças cardíacas e diabetes, entre outras condições.
 
Segundo a mesma psiquiatra, o perdão pode conduzir a níveis mais baixos de stress e ansiedade, menos depressão, relacionamentos mais saudáveis e mais próximos, um coração mais saudável, níveis mais baixos de pressão arterial, níveis mais baixos de dor física, melhor sono, melhor funcionamento do sistema imunológico e muito mais. Tal acontece porque, ao perdoarmos curamo-nos de dentro para fora, replica a mesma especialista.
 
Registe que,  “O perdão é uma decisão consciente e um estado mental que podemos cultivar através da prática diária.” Por isso, siga passo a passo os cinco pontos para aprender a perdoar:
 
1. Conecte-se com as suas emoções
 
Honre onde está neste momento, sem julgamento. Seja gentil consigo mesmo e tome posse de tudo o que aparecer. Passe pela experiência sem culpar ninguém. Agarre numa folha de papel e escreva aquilo que está a sentir neste momento. Seguidamente, pergunte-se a si mesmo o que é que pode fazer para encontrar uma saída e lidar com essas emoções. Depois, dê um passeio, esteja em contacto com a natureza, faça algo criativo como pintar, escrever, desenhar, cantar, ouvir música e, se necessário, peça ajuda a um psicólogo. Lembre-se de que, há situações tão profundas que é difícil superar sozinho. Perdoar é um ato de coragem, pelo que deve ir até ao fim pelo que sente e acredita.
 
2. Liberte o passado
 
Para avançar nas nossas vidas, uma das principais coisas que devemos fazer é libertar o passado e viver no momento presente.
 
Muitas vezes carregamos o passado connosco – e se não tivermos consciência disso, esse tempo vai sobrecarregar-nos e fazer com que nos sintamos presos.
 
Sem uma prática regular de libertação, desenvolvemos um acúmulo de emoções não processadas e desordem mental. Isso obscurece a nossa visão e pode dificultar a visualização dos próximos passos em direção a uma vida mais feliz.
 
Pratique viver no momento presente: sente-se em silêncio e observe a sua respiração, ou simplesmente saia e aprecie a beleza ao seu redor.
 
Há também quem escreva um diário e procure responder a estas questões:
 
Quem eu seria sem a raiva, mágoa e ressentimento? O que poderei mudar na minha vida para ser diferente?
 
3. Resgate o seu poder
 
Comece a escrever uma nova história pessoal. Saiba que não nasceu vítima e o perdão não é uma experiência única; pelo que tem que se comprometer a continuar o seu processo, repetindo-o as vezes que forem necessárias até se libertar desse peso.
 
Pense diariamente que, «ninguém tem o poder de o fazer  sentir desconfortável sem o seu consentimento».
 
Quando os sentimentos prejudiciais conhecidos retornarem, lembre-se de escolher o caminho do perdão e do seu bem-estar, o caminho do seu amor-próprio.
 
4. Abrace a lição
 
Com este ponto pretende-se que se aprenda com as experiências e que se entenda cada momento como uma oportunidade para evoluir e crescer interiormente. Cada vivência é uma lição de vida que assim deve ser aproveitada.
 
Os momentos  difíceis tornam-nos mais fortes.
 
Mesmo se pensarmos que o que nos aconteceu é injusto, essas experiências fazem parte do nosso crescimento.
 
Ao percebermos a vida como uma constante aprendizagem, tornamo-nos mais capazes para abrir os nossos horizontes e dar uma melhor resposta a cada situação que nos acontece.
 
5. Envie amor e luz
 
Depois de passar pelas etapas anteriores poderá começar a enviar amor para as pessoas que o feriram. No início é difícil mas isso faz toda a diferença. Já imaginou o que é ser capaz de não desejar mal a quem o feriu e, ao mesmo tempo ser capaz de lhe desejar tudo de bom? Este é um passo importante para um verdadeiro perdão.
 
 
Em vez de enviar más vibrações para as pessoas que o magoaram, envie amor e luz.
 
Ao mesmo tempo que faz isto, torna-se uma pessoa mais livre e feliz pois está de bem consigo e com a vida. Isso não quer dizer que vai obrigatoriamente voltar a conviver com essas pessoas, mas simplesmente que não cultiva rancor dentro de si. Não se esqueça de que perdoar os outros só é possível quando somos capazes de nos perdoar a nós mesmos.
 
Podemos julgar as nossas próprias expectativas. Podemos pensar sobre o que deveria ou poderia ter sido.
 
Contudo, quando perdoamos, temos que desistir da ideia de que o passado deveria ter sido ou poderia ter sido diferente ou melhor. Não podemos mudar o passado, por isso não devemos deixar que o mesmo nos mantenha prisioneiros.
 
Para nos perdoarmos a nós mesmos temos de analisar a situação, compreender a razão pela qual reagimos de determinada forma e procurar superar-nos. À medida em que desenvolvemos essa clareza, libertamo-nos do passado e começamos a olhar para a frente. Esse é o caminho para se sentir mais livre e feliz.
 
Após conhecer os cinco passos para conseguir perdoar, lembramos que, em muitos casos, a pessoa não consegue passar por este processo sozinha, pelo que, se esse for o seu caso, não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda. Um bom psicólogo ou psicoterapeuta podem ser uma ajuda preciosa. Um bom amigo também o poderá ajudar com a sua compreensão e sem críticas, mas tenha em mente que, o perdão é um processo individual e que deve ser sentido pela própria pessoa e por ela superado, mesmo que receba apoio, mas é de dentro para fora que terá de resolver os seus problemas, pois só assim se sentirá livre e feliz.
 
Fátima Fernandes