Comportamentos

Aprenda a proteger as suas emoções

 
O primeiro passo para aprender a proteger as suas emoções é desenvolver a inteligência emocional (IE) que, em linhas gerais, nos ajuda a conhecer melhor o nosso mundo emocional e, consequentemente a lidar melhor com ele e a protegê-lo.

 
O termo está ligado ao psicólogo norte- americano, Daniel Goleman que, foi quem deu mais ênfase a esta matéria no seu livro Inteligência Emocional.
 
De um modo geral, a IE é um conceito da Psicologia “que caracteriza o indivíduo que é capaz de identificar os seus sentimentos e as suas emoções com mais facilidade”.
 
Segundo Goleman, é possível lidar com as pessoas e com as suas emoções, ao mesmo tempo em que nos tornamos capazes de compreender os nossos sentimentos, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades.
 
A Inteligência Emocional distingue-se do QI – Quociente de Inteligência, na medida em que não possui conhecimentos de cariz intelectual, científico ou académico. A IE sabe reconhecer e lidar com sentimentos e emoções, visando o desenvolvimento pessoal e profissional, podendo ser melhorada e trabalhada ao longo da vida.
 
Seguindo uma publicação da Psicologia Viva que resume os pontos essenciais de Daniel Goleman, deixamos 10 técnicas preciosas que podem fazer toda a diferença na sua forma de lidar com os outros, consigo mesmo e com as mais variadas situações de vida:
 
1. Observe e analise o seu próprio comportamento
 
Observe quais são as reações da mente e do corpo, além das sensações e dos pensamentos que foram instigados numa qualquer situação, seja ela positiva ou negativa. Seguidamente, analise o que poderá estar por detrás desses sentimentos e procure identificar as reações que sentiu, sejam elas físicas ou mentais.
 
Segundo Goleman, a Inteligência Emocional reside na avaliação das atitudes e das sensações e no entendimento de como as mesmas impactam no nosso quotidiano o e nas relações. Isso proporciona uma mudança quando há a perceção de que os resultados foram negativos.
 
2. Domine as suas emoções
 
Qualquer um de nós passa por situações em que age precipitadamente, uma vez que tal é inerente ao ser humano, mas quando aprendemos a controlar as nossas emoções, torna-se mais fácil e acessível apresentar um maior domínio sobre os nossos atos. Com a evolução humana a que temos assistido, começa cada vez mais a fazer sentido que, cada um de nós saiba identificar as suas emoções e aquilo que está na sua base, para que melhor se possa controlar, o que melhora o seu bem-estar físico e mental, ao mesmo tempo em que facilita a relação com os outros.
 
Sabendo que a impulsividade não é uma boa aliada de vida, todos devemos aprender a dominar os nossos impulsos para facilitar os nossos relacionamentos, sejam eles pessoais ou interpessoais.
 
Alguns exercícios podem ajudar nesse processo: respiração; meditação; caminhada; corrida; pilates; prática regular de atividades físicas em geral.
 
O objetivo da Inteligência Emocional é procurar o equilíbrio interior, não a supressão das emoções. Devemos aprender a expressar-nos de forma mais correta, não a conter as emoções, sustenta a Psicologia Viva.
 
3. Aprenda a trabalhar as emoções negativas
 
Aprender a lidar com as emoções negativas é a base para o bem-estar, na medida em que, as mesmas são inevitáveis. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer que, permitir que as emoções negativas permaneçam muito ativas na nossa vida, retira-nos o equilíbrio e a estabilidade.
 
Goleman defende que, a Inteligência Emocional é uma ferramenta poderosa, que nos apresenta um ponto de vista mais equilibrado sobre a vida, proporcionando uma autorregulação dos nossos sentimentos.
 
Quando as emoções negativas (raiva, medo, insegurança e tristeza, por exemplo) aparecem, é preciso dominá-las e não permitir que elas nos controlem. Para além da leitura e da aprendizagem diária, pode ser útil o apoio de um psicólogo.
 
4. Aumente a sua autoconfiança
 
Saber o que deseja, definir até onde se quer chegar e alcançar os seus objetivos nem sempre são etapas fáceis, pelo que, é necessário reconhecer os seus pontos fracos e fortes, trabalhando para modificá-los ou aprimorá-los. E esse desafio só pode ser vencido por meio da autoconfiança.
 
Goleman defende que, acreditar no seu potencial e nas suas habilidades fortalece a ideia de que a pessoa tem a capacidade necessária para gerir os momentos de crise e superar as dificuldades.
 
5. Aprenda a lidar com a pressão
 
Para Goleman torna-se um imperativo aprender a lidar com a pressão a que todos estamos expostos no nosso quotidiano. A vida atual é repleta de estímulos stressantes, pelo que é fundamental aprender a lidar com essas situações, sejam elas dentro ou fora da nossa casa.
 
O segredo é não permitir que a ansiedade nos domine e, para isso, é preciso desenvolver alguns mecanismos tais como elaborar uma lista com os afazeres, elencando os mais e os menos urgentes.
 
Cuidar da saúde, ter momentos de lazer e respeitar os seus limites são ações que podem auxiliar na aquisição de mais segurança (o que, consequentemente, facilitará no controle dos sentimentos negativos gerados pela pressão).
 
Quer isto dizer que, quanto mais a inteligência emocional for aprimorada, mais confortável e seguro o indivíduo se sentirá para resolver os seus problemas.
 
6. Não tenha medo de se expressar
 
Expor o que sente e expressar a sua opinião é fundamental para que o equilíbrio seja mantido. Para tal, é imperioso escolher o melhor momento para expressar aquilo que pensa, em vez de o fazer “a quente” ou no calor de uma discussão.
 
A IE está na maneira como o pensamento é racionalizado — e o mesmo vale para as emoções mais íntimas: é preciso falar sobre os sentimentos na relação e expressar o carinho, o amor ou, até mesmo, a carência.
 
O diálogo é o caminho mais seguro para entender e trabalhar as impressões internas. Através do diálogo, esclarecemos os pontos de vista e debatemos sobre questões complexas para que possamos resolvê-las, não permitindo que fiquem obscuras caso não haja uma conversa sincera e madura.
 
7. Desenvolva o sentimento de empatia
 
Ter empatia ajuda ao desenvolvimento da inteligência emocional. Saber colocar-se no lugar do outro, reconhecer a pessoa, tratá-la pelo seu nome, são aspetos fundamentais para manter uma qualquer relação humana saudável, a par de ser solidário.
 
Nada melhor para compreender o outro do que colocar-se na sua pele. Isso ajuda a pessoa a entender as suas atitudes e a ser mais tolerante e compreensiva.
 
Como resultado, haverá a constatação de que todos os indivíduos em seu redor também têm necessidades, limitações e falhas, tal como talentos e qualidades. O respeito mútuo surgirá naturalmente, como consequência desse exercício.
 
Segundo Goleman, “o conhecimento de si mesmo alimenta a empatia porque, quanto mais conseguirmos compreender e identificar os nossos sentimentos, melhor conseguimos entender a emoção alheia”.
 
8. Coloque em prática a resiliência
 
Todos os seres humanos passam por situações delicadas e difíceis, o que muda é a forma como cada um lida com as situações. A resiliência reside em superar os impactos da rotina e ter capacidade de absorvê-los, mantendo-se firme e focado, aprendendo com os próprios erros e lidando, de maneira inteligente, com os factos.
 
Ser resiliente envolve gerir os sentimentos mesmo quando o controle das situações está fora do seu alcance, sublinha Goleman.
 
Trata-se de saber reconhecer as emoções e o efeito que elas causam na sua mente e no seu corpo. Assim, o indivíduo poderá canalizar o  seu potencial e aumentar o seu desenvolvimento.
 
9. Pense numa “resposta” em vez de “reagir”
 
Outra teoria criada por Goleman é que nós, seres humanos, somos guiados por dois cérebros: o emocional e o pensante. O cérebro emocional é o primeiro a ser afetado pelos acontecimentos. Sendo assim, a pessoa que reage é aquela que se deixa levar inconscientemente pelo seu lado emocional e impulsivo, que traduz o efeito de ação e reação.
 
A Inteligência emocional proporciona o contrário: o sujeito formula uma resposta e só depois reage.
 
De acordo com o mesmo psicólogo norte-americano, é fundamental não permitir que o corpo reaja de forma automática, pelo que, devemos utilizar o nosso cérebro pensante e, naturalmente usarmos o nosso lado racional nas mais variadas situações.
 
10. Conheça os seus limites
 
Os limites de cada pessoa são descobertos à medida em que avançamos no nosso processo de autoconhecimento.
 
Segundo Goleman, é fundamental conhecermos os nossos defeitos, qualidades e os nossos limites para melhor nos posicionarmos na vida. Quem conhece os seus limites consegue selecionar melhor as situações em que participa e fazer melhores opções. Consegue tomar decisões mais acertadas e relacionar-se melhor com os demais. Este é mais um passo no autoconhecimento fundamental para o encontro da Inteligência Emocional.
 
É essencial ter em conta que, quanto mais nos conhecermos, melhor vamos conseguir proteger as nossas emoções e desfrutar mais da vida.
 
Fátima Fernandes