Família

As 5 mentiras que nunca deve dizer aos seus filhos

 
Muitas vezes, para que os nossos filhos fiquem mais tranquilos, acabamos por lhes dizer algumas “mentirinhas”, aparentemente inofensivas, mas que deixam marcas nos mais novos.

É comum dizermos às crianças  que, dentro de cinco minutos, vamos brincar com elas, mas entretanto, começamos mais um trabalho, mais uma pesquisa no smartphone, mais uma “voltinha” pelas redes sociais e, o tempo acaba por passar.
 
Não são raras as situações em que nos esquecemos completamente da nossa promessa e, quando vamos para a cama, os nossos filhos mostram-se tristes e lembram-nos de que ficaram à nossa espera para brincar. É nesse momento que nos sentimos mal!
 
Na posição dos entendidos em comportamento humano, a mentira acaba por ser um mal necessário, mas quando usada de forma compulsiva, acaba por prejudicar a relação com os nossos filhos que deixam de acreditar naquilo que dizemos.
 
A intenção da maior parte dos pais é promover a paz e a tranquilidade, mas na prática, acabam por dar uma imagem negativa a seu respeito e por comprometer a confiança dos filhos naquilo que dizem.
 
Naturalmente que, pais que mentem não podem esperar que os filhos sejam verdadeiros com eles, por isso, não só é importante registar o efeito negativo da mentira como anotar as histórias falsas que se usam com mais frequência.
 
Na posição dos entendidos, há cinco mentiras que os pais usam e que são “uma verdadeira bomba nuclear” para o desenvolvimento dos mais novos e para a construção de uma relação sólida, são elas:
 
1. Se não fizeres o que te digo, o “homem do saco vem buscar-te”!
 
É um facto que, nem sempre é fácil lidar com as crianças e que as mesmas nos põem os limites à prova, mas devemos pensar em formas mais criativas de as chamar a atenção. Claro que, os mais novos se calam quando lhes dizemos que o “homem do saco” as vem buscar e que permanecem sossegadas durante algum tempo, mas à medida em que vão percebendo que essa figura não existe, começam a duvidar do que os pais dizem e a perder-lhes o respeito. Ao mesmo tempo, também é natural que passem a duvidar dos pais porque os vão classificando como mentirosos. É ainda de registar que, os filhos passam a julgar mal os pais porque pensam que eles vão permitir que o “homem do saco” os venha buscar, logo não gostam deles.
 
2. És uma peste!
 
É natural que já tenha dito algo parecido a isto ao seu filho e que já tenha tomado consciência de que isso não corresponde á verdade e até se arrependeu. Claro que, num momento de “cabeça quente” dizemos coisas infundadas aos nossos filhos, na sua maioria mentiras aparentemente inocentes, mas já imaginou o que é uma criança ouvir isso das pessoas que mais ama no mundo? Há pais que completam a ideia dizendo “não te aguento mais”!, “Nunca mais desapareces!”, “és insuportável!” e daí por diante. Isto vindo dos pais assume uma proporção grandiosa para a criança que começa a acreditar que tudo isso é verdade, por essa razão, evite este tipo de expressões a todo o custo e, se lhe “saltar” alguma, retifique e explique que não a queria ter dito.
 
3. Não foi nada!
 
O seu filho caiu da bicicleta, está todo arranhado e ensanguentado, mas você está muito atrasada para um compromisso importante, o que faz? Desvaloriza completamente a queda da criança e o facto de a mesma estar a sentir dores e desconforto e diz-lhe: “isso não foi nada, vamos embora que eu já estou atrasada!” Como é que acha que a criança interpreta essa situação? Na posição dos entendidos, a criança pensa que existe uma grande diferença entre o seu mundo, os seus sentimentos e o mundo real, ou seja, o mundo dos outros. Nesse sentido, acaba por interiorizar que, os seus problemas não têm qualquer importância e que terá de aprender a viver com a dor e com o desconforto, pois se a sua mãe lhe disse que não era nada, apesar de lhe doer, é porque assim terá de aprender a aceitar a realidade. Anote que, esta interpretação deixa marcas muito profundas num ser humano e compromete-lhe a construção de uma autoestima saudável.
 
4. Tu mereces tudo!
 
Desde pequeno, é importante que o seu filho aprenda que não é o centro das atenções e que toda a sociedade gira em seu redor. Muitos pais costumam transmitir esta ideia de superioridade aos filhos por gostarem muito deles e dizem com facilidade que “tu és tudo”, “tu és o máximo!” e daí por diante. Todos sabemos que não é assim, para quê criar essa ilusão naqueles que amamos tanto? É importante dizer-lhes que, com empenho e esforço se consegue muita coisa, que seremos muito melhores se estudarmos e trabalharmos muito, se aprendermos a ser gratos com aquilo que recebemos e daí por diante. Não colocar o seu filho no centro do mundo e da sociedade abre portas a tornar um ser humano com bons valores, capaz de se dar ao respeito e de saber respeitar também os demais.
 
5. Tu nunca vais sofrer!
 
Como é que um pai ou uma mãe pode dizer isto a um filho, quando todos sabemos que, o sofrimento faz parte da vida? Uma coisa é não desejarmos que os nossos filhos sofram, outra muito distinta é transmitir-lhes a ideia de que estão acima da dor. É evidente que não precisamos de lhes dizer que vão sofrer muito ou pouco, mas sim explicar-lhes as situações reais, contar-lhes histórias do nosso passado que ilustrem que o bom e o mau existem, que as pessoas sofrem com aquilo que lhes acontece e que ninguém consegue comandar essa realidade, mas que podemos sempre tentar resolver o sofrimento com mais conhecimento e com a ajuda dos outros. Ensine o seu filho a acreditar em si mesmo e que é capaz de ultrapassar os obstáculos com luta, resiliência, empenho e determinação.
 
Perante esta descrição, é caso para dizer que, mais vale pensar duas vezes antes de dizer uma mentira aos nossos filhos e, para tal, basta que lhes expliquemos os motivos pelos quais devem estar calados, que não podemos brincar agora, mas que vamos encontrar o momento mais adequado para isso e daí por diante. É simples educar melhor, é preciso amor, atenção e muito diálogo!
 
Fátima Fernandes