Economia

Associação Académica da Universidade do Algarve luta contra sufoco financeiro  

 
A Associação Académica da Universidade do Algarve obteve, no ano de 2013, os melhores resultados financeiros de sempre, com Resultados Líquidos positivos de 75.000€.

 
Apesar do efeito negativo de cerca de 50.000€ nos resultados de 2013, a Direção Geral efetuou correções às contas, recomendadas pelo Revisor Oficial de Contas (ROC) no seu Relatório de Auditoria às contas de 2010 e 2011, para que a contabilidade espelhasse de forma mais “correta e transparente” a realidade da AAUAlg. 
 
Segundo a Academia, “sem essas correcções, os Resultados Líquidos do Exercício em 2013 teriam sido de 125.000€, quase três vezes superiores aos Resultados Líquidos positivos do segundo melhor ano”.
 
A Direção Geral irá disponibilizar, no início de Dezembro, as contas aos estudantes e enviá-las para o Conselho Fiscal e para os Revisores Oficiais de Contas, para apreciação final.
 
Relativamente à análise do Balanço, com Capitais Próprios positivos de 40.000€ em 2009, Associação Académica, finalizou o ano de 2013 com Capitais Próprios negativos no montante aproximado de 435.000€, resultado explicado pelos Resultados Líquidos negativos dos mandatos de 2010 e 2011, que conjuntamente atingiram os 435.000€, e pelas regularizações negativas “de erros com mais de 10 anos”, no montante de 130.000€, abatidos pelos Resultados Líquidos positivos de 2012, de 15.000€, e os Resultados Líquidos positivos de 2013, de 75.000€.
 
Segundo adianta a Associação Académica da Universidade do Algarve, a renegociação da dívida com a banca está em fase adiantada para poder permitir aliviar a “fortíssima pressão sobre a tesouraria, que existe e se manterá no ano de 2015, muito por culpa do volumoso lastro financeiro da AAUAlg”. 
 
As dívidas de curto prazo são superiores a 500.000€ (sobretudo a fornecedores) e as dívidas à banca são superiores a 300.000€. Sem capacidade de refinanciamento ou de reestruturação da sua dívida durante estes dois anos, a AAUAlg informa, que teve de lutar, todos os dias, pela sua sobrevivência financeira.
 
Para a Presidente da Direção Geral de 2013, Filipa Braz da Silva: “Estes dois anos foram extremamente difíceis para a Associação e brutais em termos pessoais. Muitos estudantes acham que o enfoque na parte financeira durante estes últimos anos foi uma opção, outros acham mesmo que foi um erro. Tive à frente, várias vezes, funcionários e fornecedores a chorar porque precisavam de receber e a Associação não tinha dinheiro para lhes pagar. Situações dramáticas que me abalaram muito.
 
Por outro lado tinha de ter a força não só para não deixar desanimar a minha equipa, como para a motivar. Foi esgotante animicamente. Resolver problemas de pessoas, nossos funcionários, nossos fornecedores, que precisavam de dinheiro para comer, para a escola dos filhos, para pagar prestações ao banco, para pagar aos seus fornecedores, tornou-se, evidentemente, numa prioridade. Isto não é uma questão de opção estratégica e menos ainda ideológica, e não tem qualquer comparação com o que se passa no país.
 
Se não houver dinheiro, não se paga, não há aqui uma questão de gestão da dívida ou de aumento do défice como no país. Aqui tem de haver dinheiro para pagar a um banco no dia 1, outro banco no dia 8, o IVA ao dia 10, a Segurança Social ao dia 20, outro banco no dia 24, os salários no dia 28, e pelo meio ir gerindo pagamentos a fornecedores e pagando injunções para evitar a declaração de insolvência da AAUAlg. Muitas vezes marcámos arraiais quase de um dia para o outro para conseguirmos pagar ao Fisco, à banca ou aos trabalhadores e fornecedores. As pessoas têm de perceber que montar, trabalhar e desmontar um arraial, sem receber nada, não é nenhum divertimento. Foi muito duro e foi também por tudo isto que nos dedicámos tanto à reestruturação financeira. Ninguém merece passar por isto e por isso, já que nós passámos, tentámos, tanto quanto possível, ficar com todo o ónus da reestruturação.
 
Com o intuito de salvar a Associação Académica da insolvência foi encetada no ano de 2012 uma ampla reestruturação da AAUAlg, que se aprofundou em 2013 e que está ainda a ser terminada no ano de 2014. 
 
Essa reestruturação teve como grande objetivo equilibrar a AAUAlg de forma estrutural, nomeadamente, com o encerramento de serviços deficitários, redução de pessoal aos quadros mínimos necessários, renegociação com fornecedores, angariação de patrocinadores, pedido às Finanças de isenção de IVA nos bares da AAUAlg e a alteração de procedimentos que permitisse uma mais rápida, clara e eficaz utilização de tecnologias de informação para melhorar a gestão da AAUAlg.
 
Em 2012, apesar dos elevados custos associados à reestruturação operacional, a AAUAlg obteve cerca de 15.000€ de Resultados Líquidos positivos. Em 2013 e em 2014 os custos associados à reestruturação operacional foram também muito elevados. Os efeitos da reestruturação já se começaram a sentir, mas serão mais evidentes a partir de 2015, informa a associação. 
 
Quanto aos resultados de 2014, serão substancialmente mais baixos do que os de 2013, “muito por culpa dos resultados da Semana Académica, da Semana de Receção ao Caloiro e dos Arraiais”, que foram, respetivamente, de 35.000€, 15.000€ e 10.000€. 
 
Em 2013 o resultado destas atividades foi de 180.000€, significando uma redução de 120.000€ de 2013 para 2014. 
 
A principal razão desta redução, segundo a academia, foi o término, em 2013, do anterior contrato com uma cervejeira, que patrocinava a AAUAlg com 40.000€ e 900 barris de cerveja por ano, com um valor global aproximado de 160.000€/ano. 
 
O atual contrato, da única cervejeira que apresentou proposta, traduz-se num patrocínio em desconto, equivalente, em 2014, a 60.000€, e a apoio logístico equivalente a 20.000€, com um valor global aproximado de 80.000€. 
 
O risco significativo na organização de festas académicas terá de ser tido em conta pelas futuras Direções Gerais, sob pena de se repetirem erros do passado que quase acabaram com a AAUAlg, alerta a atual direção.