Ataxias

 
Este é um problema que, não se tratando de uma doença, é um sintoma que explica vários problemas. É de reter que se trata de sintomas raros pelo que a sua prevalência afecta um número reduzido de pessoas em todo o mundo.

 
Ataxia deriva do grego ataxis e quer dizer sem ordem ou incoordenação. 
 
Ataxia significa a perda de coordenação dos movimentos musculares voluntários; é um termo que cobre uma grande variedade de desordens neurológicas e, portanto, pode fazer parte do quadro clínico de numerosas doenças do sistema nervoso. Algumas formas de ataxia são mais comuns que outras e têm nomes específicos, sendo a mais conhecida e recorrente a ataxia de Friedreich. 
 
Algumas ataxias são causadas por uma anormalidade genética e com frequência os primeiros sintomas aparecem na infância (early onset). 
 
Outras formas podem aparecer até a metade da vida e são conhecidas como de iniciação tardia (late onset). De um modo geral, todo esse grupo de desordens neurológicas é conhecido como ataxia degenerativa porque os sintomas se agravam com o passar do tempo. 
 
É de ter em conta que, a ataxia pode afectar os dedos, as mãos, os braços, as pernas, o corpo, a fala ou o movimento dos olhos. Essa perda de coordenação pode ser causada por diversas condições médicas ou neurológicas; por essa razão é importante que uma pessoa com ataxia procure auxílio médico para determinar a causa subjacente do sintoma e obter o tratamento apropriado. 
 
Causas: 
 
Enquanto causas, a ciência permite explicar que, a ataxia é por norma mais frequente quando se dá uma perda da função do cerebelo, a parte do cérebro que serve como centro de coordenação, localizado na parte inferior e de trás da cabeça, na base do cérebro. 
 
Note-se que, o lado direito do cerebelo controla a coordenação do lado direito do corpo e o lado esquerdo controla a coordenação do lado esquerdo. A parte central do cerebelo é responsável pela coordenação dos complexos movimentos de andar. Outras partes do cerebelo ajudam a coordenar o movimento dos olhos, da fala e da deglutição. 
 
Outras causas da ataxia prendem-se com uma disfunção das vias condutoras para dentro e para fora do cerebelo. Como as informações vêm para o cerebelo da medula espinhal (a parte do sistema nervoso central contida na coluna vertebral) e de outras partes do cérebro, os sinais saem do cerebelo para a medula espinhal e para o cérebro. 
 
Ainda que o cerebelo não controle directamente a energia (função motora) ou a sensibilidade (função sensorial), as vias de energia e sensoriais devem trabalhar adequadamente para fornecer a correcta entrada para o cerebelo. Neste sentido, uma pessoa com a energia ou a capacidade sensorial prejudicada pode notar perda de coordenação ou falta de jeito, o que deverá ser avaliado por um neurologista afim de se proceder a um diagnóstico. 
 
Incidência: 
 
É de salientar que, a ataxia pode surgir de diversas formas e mesmo se confundir com outros problemas, pelo que o neurologista será quem melhor vai avaliar a situação. 
 
Depois, a ataxia pode surgir súbita ou progressivamente, sendo que, os casos súbitos incluem trauma craniano, derrame cerebral, hemorragia cerebral, tumor cerebral, anomalia congénita (má formação da parte posterior do cérebro), pós-infecção (depois de uma severa infecção viral), exposição a certas drogas ou tóxicos (por exemplo, álcool ou intoxicação medicamentosa), ou após uma parada cardíaca ou respiratória. 
 
Condições em que a ataxia pode aparecer gradualmente incluem hipotireoidismo, deficiência de certas vitaminas (por exemplo, vitamina E ou vitamina B12), exposição a certas drogas ou tóxicos (por exemplo, metais pesados, excesso de medicação, alcoolismo crónico, certas drogas cancerígenas), algumas espécies de cancro (por exemplo, de ovário ou de pulmão), anomalia congénita (má formação da parte de posterior do cérebro), esclerose múltipla, sífilis (ataxia locomotora), doenças hereditárias ou degeneração cerebral de causa desconhecida. 
 
Diagnóstico: 
 
Numa primeira fase, o médico irá fazer um conjunto de perguntas com vista a compreender quando é que começou a ataxia, a vida familiar e problemas que possam existir, comportamentos de risco e outros dados que possam cumprir os marcadores que permitem fazer o diagnóstico correcto. 
 
Uma parte muito importante da avaliação médica é o exame neurológico, já que, a partir do mesmo, o médico pode determinar se a ataxia é causada por um problema no cerebelo, suas vias associadas, ou por outras partes do sistema nervoso. 
 
Um cuidadoso exame físico geral e neurológico pode também determinar se outras partes do sistema nervoso estão comprometidas e se alguma doença pode estar na base da ataxia. 
 
A análise de sangue e as radiografias podem ser muito úteis no diagnóstico das condições médicas e neurológicas que podem causar a ataxia, ou em relacionar as suas possíveis causas, assim como a imagem do cérebro e/ou medula espinhal por tomografia computadorizada ou ressonância magnética, e (dependendo dos sintomas) a avaliação de um eventual cenário de cancro, esclerose múltipla ou neuropatia periférica. 
 
Tratamento: 
 
Em primeiro lugar importa ter em conta que, o neurologista é o médico responsável pelas doenças do sistema nervoso pelo que deve ser o especialista a ser visitado em caso de suspeita. 
 
O tratamento da ataxia visa corrigir a causa para promover uma recuperação do paciente. Quando isto não é possível, a terapêutica envolve o uso de dispositivos adaptados para permitir ao indivíduo manter o máximo de autonomia. 
 
Tais dispositivos podem incluir bengalas, muletas, ou cadeiras de rodas para aqueles com dificuldades em caminhar; dispositivos para auxílio na escrita, na alimentação e nos cuidados pessoais para aqueles com dificuldades na coordenação de mãos e braços, e aparelhos de comunicação para aqueles com dificuldades de fala. 
 
Os investigadores descobriram que alguns pacientes com ataxia hereditária apresentam um nível reduzido da coenzima Q10, ou CoQ10, nos músculos. A CoQ10, também chamada ubiquinona, é uma substância similar à vitamina que actua na produção de energia no interior das células. Está naturalmente presente em pequenas quantidades em vários alimentos. 
 
Em pacientes com Níveis de CoQ10 reduzidos (cerca de 70% abaixo do normal) que receberam suplementos diários de CoQ10, entre 300 e 3000mg, melhoraram; fortaleceram-se, com redução ou até mesmo uma estabilização das convulsões. 
 
Após um ano de toma da CoQ10, os resultados dos pacientes nos testes de equilíbrio, fala e movimento melhoraram em cerca de 25%. 
 
A ciência continua a tentar dar uma resposta cada vez mais eficaz pelo que, cada caso fala por si mesmo e deve ser avaliado com vista a receber uma intervenção atempada e que permita melhorar a qualidade de vida, já que até ao momento não existe cura para a ataxia. 
 
Nota:Entenda este artigo como meramente informativo e um ponto de partida para solicitar ajuda médica especializada.