Sociedade

Autarquia de Loulé deu mais um passo em frente para o projeto de Museu e Banhos Islâmicos

 
 
A Câmara Municipal de Loulé e o Campo Arqueológico de Mértola celebraram ontem de manhã, em Mértola, um protocolo de cooperação que tem em vista a criação do complexo do Museu e Banhos Islâmicos na Zona Histórica de Loulé.

 
Este protocolo visa dar início a uma colaboração entre as duas instituições e tem por finalidade a realização de consultadoria científica e técnica nas áreas da arqueologia, conservação e restauro e museologia para o desenvolvimento do projeto deste complexo cultural.
 
Refira-se que este edifício dos Banhos Islâmicos de Loulé, localizado no interior da “Casa das Bicas”, descoberto em 2006, é o único edifício deste género identificado no território nacional. Após as primeiras intervenções arqueológicas viu a sua importância reconhecida ao nível da comunidade científica e do público em geral. 
 
Com o desenrolar das obras de reabilitação do Centro Histórico de Loulé, em 2014 foram postas a nu novas divisões dos Banhos Islâmicos de Loulé. 
 
Loulé tem um dos edifícios de banhos islâmicos mais completos no panorama da arqueologia da Península Ibérica e, nesse sentido, "a sua valorização assume um inegável interesse", pelo que a Câmara Municipal de Loulé "considera este projeto de extrema relevância para a valorização cultural, patrimonial e também turística da cidade". 
 
O arqueólogo Cláudio Torres, diretor Campo Arqueológico de Mértola, sublinhou a importância do sul de Portugal no contexto do estudo do Islão, já que é aqui que se encontram grande parte dos vestígios arqueológicos desta cultura, daí o interesse de muitos estudantes dos países do Norte de África. 
 
“Há condições hoje para que o sul de Portugal possa ser uma alternativa bem interessante de colaboração, de interajuda e, principalmente, de formação. Refira-se que atualmente o Campo Arqueológico de Mértola – o maior museu de arte referente ao período dos séculos X, XI e sobretudo XII - recebe vários estudantes de diversas universidades como Coimbra, Évora ou Granada, na área dos estudos islâmicos. Mantém ainda um bom relacionamento com três universidades no Norte de África: Al Jadida (Mazagão), em Marrocos, Tizi Uzu, Argélia, Manuba, na Tunísia.
 
Por seu turno, Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, referiu: “o mundo hoje fecha-se, a intolerância ganha terreno, ao nível global, mas localmente as coisas andam ao contrário, aqui estamos como resistentes de um tempo e de uma memória”. O autarca sublinhou ainda o empenho nesta parceria.“Estou aqui para cumprir o meu papel e dar o meu pequeno contributo. Temos bons parceiros como a Universidade do Algarve, a vossa vasta experiência que é um tesouro da cultura no sul”, afirmou Vítor Aleixo.