Na posição dos especialistas nesta matéria e tendo por base estudos levados a cabo sobre este assunto, concluiu-se que, as crianças que possuem autocontrole, passam muito melhor pelas várias etapas de desenvolvimento e são adultos mais felizes.
Neste sentido, os pais devem apostar numa educação orientada para o controle dos impulsos desde o primeiro ano de vida, uma vez que, estas crianças serão muito mais capazes de manter relações estáveis com os outros, prolongar a sua saúde mental e o próprio bem-estar. Ao mesmo tempo, vão tornar-se adultos que conseguem gerir melhor o seu comportamento, sem esquecer uma maior capacidade de trabalho.
É ainda de registar que, «o autocontrole é uma dimensão que se inicia no primeiro ano de vida e se prolonga até aos 26-30 anos».
Num estudo de 2020, levado a cabo pelas universidades de Harvard e Columbia, percebeu-se que, o controle dos impulsos faz parte do processo de maturação e do desenvolvimento do cérebro, sendo que, «a educação precoce e o papel dos pais no favorecimento dessa regulação são fundamentais». De acordo com os autores do estudo, «contrariamente ao que já se afirmou no passado, não existe uma relação entre o processo de regulação dos impulsos e a classe social das famílias», mas sim, «o compromisso com a educação dos filhos». Deste modo, é desde cedo que os pais devem mostrar aos mais novos que não se agride para lidar com a frustração, que não vale a pena fazer birras para obter o que pretende e que não se pode maltratar os outros só porque se está aborrecido. Note-se que, estas conclusões são essenciais para que se assuma a importância de sermos pais mais conscientes e responsáveis no que se refere aos primeiros atos de violência dos nossos filhos.
Na posição dos mesmos entendidos, uma criança que não é corrigida desde cedo, será um adolescente problemático e um adulto com muitos problemas de comportamento e, naturalmente que muito infeliz.
Assim, a capacidade de gerir impulsos, emoções e comportamentos constitui a base do bem-estar psicológico de todas as crianças.
Ao mesmo tempo, os trabalhos de investigação afirmam que, o controle dos impulsos permite-nos retardar o envelhecimento do cérebro. Segundo os investigadores, «concluiu-se que crianças com mais autocontrole tornam-se adultos mais satisfeitos e com uma melhor qualidade de vida.
Além disso, o controle dos impulsos reduz a deterioração cognitiva relacionada à idade. As pessoas de 45 anos, mal apresentavam os sinais clássicos do início do envelhecimento cerebral, devido essencialmente ao estilo de vida.
Concluíram os mesmos cientistas que, o autocontrole favorece, acima de tudo, o poder de tomar decisões mais ponderadas. o que tem um impacto positivo na vida profissional, financeira e relacional. Ao mesmo tempo, a regulação do comportamento e das emoções influencia diretamente todas as áreas do quotidiano, como as relações afetivas e a maneira como resolvemos problemas.
Os cientistas lembram ainda que, o autocontrole faz parte das funções executivas, ou seja, dos processos que visam regular o próprio comportamento. Também é interessante saber que esta dimensão partilha a mesma região do cérebro que a empatia.
Assim, afirmam os entendidos que, as crianças com mais autocontrole, são mais empáticas e relacionam-se melhor com os outros.
Integram-se de forma mais madura e feliz no seu meio ambiente e entre pares, sabem colocar-se no lugar do outro e conter emoções como inveja, raiva e frustração, fatores essenciais para uma boa saúde psicológica, motores para a resolução de problemas, chegar a acordos, ser respeitoso, promover a convivência, entre outros.
Por último, mas não menos importante, deve-se ter em mente que o autocontrole não tem nada a ver com inteligência ou origem socioeconómica. Crianças com mais autocontrole são uma consequência de uma educação comprometida e focada neste fator. Assim, lembremos que essa variável deve ser trabalhada e regulada diariamente, mesmo na idade adulta.
Para completar esta ideia, deixamos-lhe algumas dicas para começar desde já, a ensinar o autocontrole aos seus filhos:
1.Ensine as crianças a virem quando são chamadas. Mostre-lhes a importância de falarem baixo e de não precisarem de gritar porque estão afastados. O segredo para ensinar esta regra é conversar com as crianças e explicar-lhes a importância da mesma.
2.Ensine a criança a responder positivamente quando for corrigida. Explique-lhe a importância de corrigir um erro para que aprenda a fazer melhor. Aos poucos, a criança perceberá a importância da correção para se acrescentar e evoluir, ao mesmo tempo em que passará a aceitar muito bem quando os pais lhe chamam a atenção.
3.Encoraje os seus filhos a realizarem tarefas que exijam autodisciplina. Como exemplo temos uma atividade desportiva, aulas de música, que a criança se responsabilize por um animal de estimação ou por uma tarefa doméstica.
4.Quando oferecer uma recompensa monetária aos seus filhos, recorde-os da importância da autodisciplina e reforce que cumpriram com distinção essa tarefa.
5.Aproveite a hora de ir para a cama para ensinar o autocontrole aos seus filhos. Com horários definidos e uma rotina diária para ir para a cama, o seu filho aprenderá mais facilmente a cumprir essa norma e a aceitá-la.
6.Crie uma rotina e atribua tarefas. É importante que, desde cedo, o seu filho aprenda a ter responsabilidades adequadas a cada etapa de desenvolvimento, por isso, não o prive desse aspeto que é fundamental para que cresça de forma adequada e com um maior controle dos impulsos. Fazer a cama, levantar a mesa, arrumar o quarto, os brinquedos e daí por diante, são bons exemplos daquilo que pode fazer e desde a tenra idade.
Fátima Fernandes
