Família

Benefícios de ser mãe mais tarde

 
São muitas as mulheres que têm vindo a adiar a maternidade seja pela maior estabilidade financeira, seja pelo casamento tardio, seja pela melhor preparação emocional.

Se por um lado a classe médica aconselha a que se seja mãe mais cedo, por outro, as mulheres que passam por esta experiência mais tardiamente mostram-se felizes e de bem com a sua decisão, sobretudo porque dizem sentir-se mais resolvidas e com mais capacidade para cuidar dos filhos.
 
Neste contexto, também a ciência tem uma palavra a dizer e, se a decisão de ter filhos mais tarde acarreta mais problemas de saúde, os especialistas encontraram também benefícios nessa opção, entre outros a paciência destas mães que optam por dialogar muito mais com os filhos, por usar pouco ou nada a agressão e qualquer tipo de maus-tratos, apresentam uma maior disponibilidade para os filhos e, regra geral, a decisão de ser mãe é consciente, assumida, madura e responsável, o que dá lugar a uma maior estabilidade familiar.
 
Também é verdade que, as mães que optam por ter filhos mais tarde enfrentam muitos desafios, pois para além dos riscos acrescidos, também a sociedade tende a apontar-lhes o dedo pela decisão mais tardia, no entanto, um estudo realizado na Dinamarca mostra que, estas mães são muito felizes e, acima de tudo que, os filhos apresentam mais saúde emocional e um maior grau de felicidade quando comparados com outras crianças da mesma idade, o que parece ser um reflexo dessa paz interior que estas mães vivem.
 
O estudo envolveu cerca de quatro mil mulheres dinamarquesas e revelou que os filhos de mães mais velhas tinham menos problemas emocionais. Nesse sentido, a maternidade tardia trouxe benefícios comuns para mães e filhos. As mães dessas crianças são equilibradas, sabem o que desejam e tiveram sucesso em muitos sentidos.
 
Apesar desses resultados, os cientistas não querem dizer que com outras mulheres isso não aconteça. «Somos filhos de mães de diferentes idades e não se pode dizer que a maioria de nós sofre de problemas emocionais. No entanto, esse tipo de investigação revela algumas diferenças evidentes».
 
Agora importa aferir a razão pela qual as mães mais velhas têm filhos emocionalmente  mais saudáveis e, nesse ponto, a ciência descobriu que, perante a análise da criação dos filhos destas mulheres com 33 ou mais anos de idade e perante a avaliação do comportamento das crianças até aos 15 anos, as principais descobertas do estudo mostram o tipo de punição que essas mães implementam. Por exemplo, foi observada menos repreensão física e verbal. Essas mulheres são um pouco mais compreensivas com os filhos, orientando-os de forma gentil e sem tantas repreensões.
 
Aparentemente e, segundo os especialistas, isso significa que os filhos não são afetados por palavras ofensivas, certas injustiças e recebem muito menos maus-tratos.
 
Os investigadores explicam detalhadamente que aos 7 anos de idade as crianças apresentam menos problemas emocionais, comportamentais e sociais. Isso mantém-se pelo menos até aos 11 anos de idade. No entanto, como em qualquer caso, quando as crianças completam  os 15 anos, o cenário altera-se, porque os ânimos dos adolescentes mudam de qualquer modo, «mas quando são filhos de mães mais velhas, a mudança não é tão drástica», sublinha o mesmo estudo.
 
Para chegar a uma conclusão, os cientistas tiveram outros fatores em consideração. Por exemplo, a situação económica da família e o grau de escolaridade e, nesse sentido, concluíram que a paciência com que as mães mais velhas educam é algo que adquiriram ao longo dos anos.
 
Após estes resultados, os especialistas apresentaram alguns benefícios de assumir a maternidade mais tardiamente e, como já foi referido, para além da paciência para cuidar e educar os filhos, também o nível de expectativa de vida é um fator a ter em conta, pois  as mães mais velhas valorizam muito mais os momentos positivos e fazem de tudo para que os mesmos se repitam, o que também transmite mais equilíbrio aos filhos.
 
Estas mães também cuidam mais da sua saúde por medo de não poderem cuidar dos filhos, o que de certa forma lhes vai permitir aumentar a longevidade, pois são mais cautelosas e vigilantes para consigo mesmas, procuram mais o médico e alguns estudos mostram que, a expectativa de vida das mulheres que tiveram filhos após os 35 anos aumentou até 50%. Ou seja, têm 50% mais possibilidades de chegar aos 95 anos em relação às mulheres que foram mães entre os 20 e os 29 anos.
 
Ao mesmo tempo, estas mães apresentam um maior grau de tranquilidade e de prazer pela vida, o que certamente também tem interferência na qualidade de vida dos filhos.
 
Fátima Fernandes