Sociedade

Caso Maddie: Gonçalo Amaral pode ser absolvido

 
Depois de um longo processo que se iniciou após a publicação do livro: “Maddie: a verdade da mentira”, o Tribunal Cível de Lisboa considerou na quarta-feira que não foi o livro de Gonçalo Amaral que “destruiu” os pais da menina inglesa desaparecida a 3 de Maio de 2007, no Algarve.

 
De acordo com um despacho da advogada, “Não foi feita prova de que Kate e Gerry MacCann se encontrem destruídos dos pontos de vista moral, social e ético. 
 
Do ponto de vista familiar a prova revelou um esforço bem-sucedido de coesão e entreajuda”, refere a juíza que salienta até que “do ponto de vista sentimental/emocional não é credível que as sequelas dos factos destes autos vão ao ponto da destruição ou muito além da dor provocada pelo desaparecimento da filha”.
 
O estado “emocional negativo” dos pais é “pré-existente ao livro”, lê-se no despacho judicial ao qual o "Público" teve acesso e que indica a reposta aos requesitos, os factos dados como provados e não provados, antes da sentença, no processo cível do casal contra o ex-inspector da PJ. O casal exige uma indemnização de 1,2 milhões de euros por difamação e danos causados pela publicação do livro.
 
Desta forma, pode acontecer a absolvição de Gonçalo Amaral que, tem visto a sua vida social e familiar destruída após a publicação do referido livro.
 
A juíza dá como não provados os danos de natureza social que os McCann alegavam ter sofrido também com a divulgação e venda de um documentário em DVD e uma entrevista do ex-coordenador da PJ de Portimão. 
 
No livro, Amaral defende o suposto envolvimento de Kate e Gerry MCann no desaparecimento e na ocultação do cadáver da criança.
 
“Face a este despacho do tribunal no qual não é dado como provado qualquer nexo de causalidade entre o livro e supostos prejuízos para o casal não espero outra coisa que não a absolvição de Gonçalo Amaral”, disse o advogado do ex-inspector, Miguel Cruz Rodrigues. 
 
O tribunal não deixou, porém, de dar como provado que “em consequência das afirmações do réu Gonçalo Amaral no livro, no documentário e na entrevista”, os pais de Maddie “sentiram raiva, desespero, angústia e preocupação, tendo sofrido insónias e falta de apetite”. Isto ao mesmo tempo que foi dado como provado que os factos que o ex-inspector menciona no livro “são, na maioria, factos ocorridos e documentados” na investigação criminal.
 
O despacho judicial menciona ainda as várias testemunhas inquiridas pelo tribunal, algumas indicadas pelos pais de Maddie MacCann e que sublinham danos causados que acreditam o casal sofreu. 
 
Segundo o "Público", o tribunal sublinha ainda que para a “maioria das pessoas” que leu o livro a tese lá plasmada não passa por atribuir “responsabilidades” aos McCann pela morte da filha, “mas antes que os mesmos tiveram “responsabilidades pela ocultação do seu cadáver”.
 
Os pais de Maddie chegaram a ser constituídos arguidos no inquérito ao desaparecimento da menina inglesa que foi arquivado em 2008 por falta de provas de que tenha ocorrido um crime. 
 
O inquérito foi reaberto em Outubro de 2013 na sequência de uma proposta da PJ e face a novos elementos indiciários que justificaram o prosseguimento da investigação.