Cieiro

Com a chegada do tempo frio, acrescem os cuidados com a pele, sendo que, os lábios merecem um destaque.

 
O ar frio e seco danifica os lábios e a área envolvente do rosto, exigindo uma redobrada atenção para manter um sorriso agradável e sem dor.
 
É de realçar que, o ar frio não é a única causa para este desconforto, para pequenas fissuras nos lábios que são tão dolorosas e que podem chegar a sangrar. Outras causas são a água, a própria saliva, o álcool e até alguns batons.
 
A pele seca é muitíssimo menos elástica e, como tal, ao falar, sorrir ou comer, sentimos a pele a repuxar e a querer rebentar.
 
Para além dos adultos, também as crianças sofrem imenso de cieiro, pelo que, os cuidados devem ser redobrados, já que provoca dor e desconforto nos mais pequenos.
 
O cieiro é um problema dermatológico que afecta essencialmente os lábios na altura dos primeiros frios.
 
O termo cieiro «refere-se às pequenas fissuras que surgem na superfície da pele em consequência da excessiva secura. O cieiro é tipicamente uma afecção cutânea sazonal, própria do Inverno», afirma o Dr. Cirne de Castro, Chefe de Serviço de Dermatologia do Hospital de Santa Maria. 
 
O cieiro manifesta-se quase exclusivamente na face, particularmente nos lábios, regiões malares, nariz e dorso das mãos. Zonas do nosso corpo que são extremamente sensíveis e que estão bastante expostas ao meio ambiente. 
 
Entre as causas que provocam o cieiro estão algumas substâncias, como a água, o álcool, ou o éter, porque removem a gordura e secam a pele. No entanto, a causa mais frequente é a exposição ao frio, pois diminui as secreções cutâneas. 
 
A hidratação da camada mais superficial da pele, a epiderme, depende da sua capacidade de retenção da água que recebe da estrutura imediatamente inferior, a derme.
 
«As perdas de água na superfície do tegumento são controladas, quer pela existência do que se chama filme lipídico superficial, fina camada gorda mais ou menos impermeável, em grande parte constituída pela secreção das glândulas sebáceas, quer por algumas substâncias, como lactatos, ureia e creatinina, que se encontram no interior da epiderme, constituem o factor hidratante natural e retêm a água», explica o mesmo especialista realçando que, «Quando a temperatura ambiente baixa, não só se verifica menor secreção de suor, mas também de sebo. 
 
Tal acarreta diminuição do filme lipídico, com enfraquecimento da função barreira da pele, aumento da perda de água e secura da parte mais superficial da epiderme, a camada córnea. 
 
A desidratação desta torna-a menos elástica e sujeita a sofrer microfracturas, responsáveis por fissuras que desencadeiam reacção inflamatória moderada, com prurido (comichão), sobretudo quando a pele está quente.»
 
Estão criadas, assim, as condições para a instalação do cieiro.
 
O vento agrava ainda mais as perdas hídricas, pelo que é um factor envolvido. 
 
De um modo geral «todos os factores que contribuem para a secura da pele podem desencadear este problema dermatológico», diz Cirne de Castro.
 
É um problema que afecta a maioria dos lábios dos portugueses. 
 
Contudo, as pessoas com maior probabilidade de estarem sujeitas a episódios de cieiro são as que, constitucionalmente, já têm pele seca e as crianças antes da puberdade, uma vez que a sua pele é mais fina e a secreção sebácea menor.
 
Para tratar o cieiro existem algumas soluções, sendo que a hidratação é a única eficaz. Dos cremes mais dispendiosos, passando pelas simples pomadas, é importante ter em conta que, o cieiro precisa de estar sempre hidratado para perder a intensidade, e pelo que se devem repetir camadas de creme diversas vezes ao dia.
 
Uma solução económica e muito eficaz desde que aplicada diversas vezes ao longo do dia é a vaselina que se encontra facilmente em qualquer farmácia.