Comportamentos

Coloque o foco em si mesmo e não no exterior

 
Dica para mudar algo na sua vida!

“Disseram-nos que tudo estava lá fora:
 
a solução para os problemas,
 
o amor incondicional,
 
o sucesso.
 
É por isso que procuramos sempre por lá;
 
no mundo,
 
nas coisas,
 
nos outros.
 
Ninguém nunca nos disse que tudo o
 
que procurávamos lá fora
 
estava aqui dentro;
 
em tudo o que queríamos ser,
 
na verdade já éramos,
 
nós apenas teríamos que nos deixar ser;
 
que tudo que nos permitíssemos sonhar
 
nós poderíamos transformar em realidade.
 
Até hoje.
 
Neste momento.
 
Até você.
 
Viva a magia de ser você mesmo”.
 
– Laura Chica –
 
O principal objetivo do ser humano é ser feliz, alcançar o bem-estar e realizar sonhos. No entanto, é preciso considerar que, nem tudo o que definimos e acreditamos ser uma fonte de felicidade o é na realidade, isto porque somos influenciados pelo que aprendemos com os outros, pelas crenças e ideais que nem sempre se aproximam do que somos e desejamos.
 
Os estudos sobre terapias contextuais, especificamente aqueles focados na terapia de aceitação e compromisso de Steven C. Hayes e Wilson, 1994, mostram «a existência de uma série de crenças inúteis e imprecisas em relação à procura da felicidade», o que nos remete de imediato para a ideia de que, não devemos colocar o foco no exterior; naquilo que nos dizem e que nos rodeia, mas sim partir de nós próprios; de dentro de nós. Para isso, é preciso que consigamos dar atenção diária ao que somos e sentimos e, na posição dos especialistas, aplicar a técnica do “DCD” que é duvidar dos nossos pensamentos, criticá-los e determinar fazer algo diferente, é um excelente ponto de partida para chegarmos ao que pretendemos que é sermos mais livres e felizes. Ao mesmo tempo, “a mesa redonda do eu” também nos ajuda a ir ao encontro de nós mesmos.
 
Para tal, é preciso conversar com os nossos medos, definir os nossos sonhos e ideias; aquilo em que realmente acreditamos. No nosso silêncio, naqueles minutos diários que reservamos para nos ouvir, devemos conversar connosco próprios e perceber aquilo que realmente dá sentido à nossa vida. A partir dessa introspeção, encontramos aquilo de que gostamos e conseguimos retirar ao máximo, a influência dos outros dos nossos pensamentos. Com esta base diária, estaremos cada vez mais próximos daquilo que realmente somos, para além de melhor conseguirmos definir aquilo de que gostamos, receamos e sentimos verdadeiramente. Isto é colocar o foco em nós próprios.
 
Assim, tomar consciência e assumir a responsabilidade pela nossa gestão emocional, são as peças fundamentais promovidas pela ACT (terapia de aceitação e compromisso) como estratégias de mudança eficazes e que nos ajudam a focar mais em nós mesmos e menos no exterior, ao mesmo tempo em que nos ajudam a enfrentar aquilo que é mais negativo e a aprender a superar em vez de fugir de nós mesmos.
 
Na posição dos entendidos na matéria, fomo-nos habituando à fuga de nós próprios e à procura dos outros como salvação para os nossos problemas. É verdade que precisamos dos outros para nos acrescentarem e para que consigamos partilhar também o que somos, sentimos e sabemos, mas não podemos depender deles para tudo, até para sabermos quem somos e o que valorizamos. Efetivamente aprendemos muito com as trocas e com a socialização; somos seres gregários que precisam de conviver e de estar com pessoas, mas o que se defende é que aprendamos a gostar realmente do que nos vai dentro sem precisarmos de fugir e procurar no exterior aquilo que só existe dentro de nós próprios.
 
A mudança de postura e de atitude não é fácil porque nos fomos habituando a procurar tudo fora de nós e, como diz Laura Chica, psicóloga, “lá fora é que parece que existe tudo o que procuramos quando na realidade é dentro de nós”, no entanto, com treino diário e consciência dessa necessidade, acabamos por compreender e aplicar as técnicas que se descrevem acima (DCD e mesa redonda). Há também quem recorra à meditação para obter o mesmo resultado, ainda assim, não nos podemos esquecer que é de uma tomada de consciência que se trata, pelo que temos de ouvir o nosso “eu” interior, compreender os nossos medos, aceitá-los e, sobretudo, enfrentá-los. Temos de aprender a viver com a ideia de que a dor existe, que há pessoas e situações que nos magoam e que nos devemos proteger quando ocorrem as adversidades e não colocar-nos em fuga e fazer de conta que nada existe. Assumir o que nos magoa é mais um ponto a favor desse equilíbrio, bem-estar e felicidade que tanto ambicionamos, pois se soubermos o que queremos, melhor nos orientamos nesse sentido e defendemos do que nos fere.
 
Fátima Fernandes