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Como desenvolver a consciência situacional e ser mais resiliente

 
Como o próprio nome indica, consciência situacional refere-se à capacidade de estarmos no momento presente e de tirarmos partido, o melhor possível, de cada situação em que participamos. Esta é uma habilidade acessível a todos os humanos, mas requer empenho e treino diário.

Para os especialistas é fundamental saber em que situação estamos, esclarecer ameaças e oportunidades, ver as coisas em perspetiva sem o filtro do stress ou do medo. «Todas essas habilidades definem um tipo de competência que pode melhorar a nossa capacidade de enfrentar a realidade e de sermos mais resilientes», sublinham os entendidos nesta matéria.
 
De um modo geral, a consciência situacional «define uma capacidade excecional de sobrevivência, superação e resiliência». Consiste em traçar um mapa mental para entender onde estamos, o que nos rodeia e quais são os desafios que temos pela frente. Além disso, essa habilidade «altamente sofisticada» permite-nos, acima de tudo, «assumir claramente o que está a acontecer para que possamos traçar um plano para enfrentar a situação».
 
A psicologia, defende que o ser humano «é capaz de processos incríveis, que podem ser treinados para tomar decisões mais acertadas e assumir o controle em tempos de crise», pelo que, basta ter ao seu dispor a base e as técnicas para que qualquer pessoa possa desenvolver a esta forma de consciência. Destacam os mesmos especialistas que, o “despertar” da consciência situacional é uma estratégia muito valiosa no momento atual. Em épocas complexas, marcadas por mudanças e desafios, «o cérebro precisa mais do que nunca de saber como agir diante da presente incerteza e das possíveis encruzilhadas que podemos encontrar».
 
Segundo os psicólogos, «a consciência situacional é como dar um passo para trás, levantar os olhos e perceber tudo ao nosso redor». É levantar o rosto para que a brisa nos refresque, ver o que está à nossa frente e considerar as oportunidades que temos. Assim, grande parte da atitude resiliente precisa dessa capacidade que, ao transitar nas adversidades, adquire novas habilidades de sobrevivência.
 
Para desenvolver esta habilidade, é preciso despertar todos os sentidos, perceber e tomar consciência de tudo ao seu redor.
 
O primeiro passo para ativar a consciência situacional é saber onde estamos e, neste contexto, a psicologia refere-se ao ponto vital marcado pelo aqui e agora, pela experiência presente.
 
Para encontrá-lo, será útil fazermos as seguintes perguntas a nós próprios:
 
Como estou a sentir-me agora?
 
O que desencadeou esse estado de espírito?
 
O que acho sobre como me sinto?  Gostaria de me sentir diferente?
 
Que tipo de contexto me contém? É favorável ou existe algum tipo de ameaça? Que aspetos potenciais ou esperançosos apresenta?
 
Que tipo de pessoas me rodeiam? Essas pessoas fazem-me feliz?
 
A partir daí, é preciso entrar na representação mental e no reconhecimento de padrões. De que modo? Esta técnica consiste em traçar uma espécie de mapa mental que nos permita ter uma melhor perspetiva das coisas. Para tal, é preciso comparar o que vivemos aqui e agora com a nossa experiência passada, com as aprendizagens que obtivemos no nosso ciclo de vida e selecioná-las para o momento presente.
 
Os especialistas nesta área clarificam que, o cérebro é frequentemente dirigido por padrões. «O nosso conhecimento e experiências passadas desenham esquemas mentais para nos ajudar a reagir diante dos desafios atuais». Todos nós temos uma jornada pessoal, um passado que traça quem somos hoje. Para delimitar essa representação mental, é fundamental esclarecer os seguintes aspetos:
 
Quais são os meus valores? Estou agindo de acordo com eles neste momento?
 
Caso esteja a passar por uma situação adversa, quais são os gatilhos?
 
Um dos padrões que nos definem é a personalidade, além da atitude e das habilidades para enfrentar a realidade. As mesmas são adequadas para a situação atual? Já me serviram no passado? Devo mudar algo para me adaptar ao ambiente que me rodeia?
 
Depois, é de ter em conta que, a consciência situacional parte de um elemento-chave: assumir que o presente está repleto de desafios e que devemos estar constantemente a atualizar-nos. A preparação atual nos permitirá enfrentar o futuro de uma forma melhor. A mente deve lidar com a experiência do passado, estar atenta a cada acontecimento no aqui e agora e, por sua vez, vislumbrar quais são os desafios no horizonte.
 
Para tal, é preciso combinar calma interior com intuição. É necessário aprender a acalmar o medo, a gerir o stress para abrir a nossa perceção, ampliar o foco e projetar metas ajustadas para o futuro.
 
Neste ponto, os entendidos na matéria realçam que, desenvolver um olhar atento e relaxado leva tempo, pois as incertezas e os problemas atuais podem diminuir o ânimo e até a esperança. No entanto, nada é tão importante quanto nos posicionarmos naquilo que queremos alcançar, nos nossos valores e na necessidade de nos superarmos em cada dia. «O futuro é uma dimensão nublada que vai sendo definida à medida que avançamos com segurança e com uma bússola interna bem calibrada». Neste contexto, saber onde estamos e onde queremos chegar é sempre o melhor ponto de partida e a melhor forma de lidarmos com as situações.
 
Os mesmos psicólogos alertam que, é preciso treino, persistência, tentativa e erro e muita tranquilidade interior para alcançar aquilo que se pretende: ter uma consciência situacional à altura dos desafios atuais.
 
Fátima Fernandes