Sociedade

Como educar os filhos da “nova geração”?

Evite o excesso de críticas, os “nãos” em demasia para evitar que a criança se iniba e que tenha medo de tentar.
Evite o excesso de críticas, os “nãos” em demasia para evitar que a criança se iniba e que tenha medo de tentar.  
Foto: Freepik
Os tempos atuais são exigentes e requerem uma atualização constante para que se consiga acompanhar o progresso e os desafios dos nossos filhos.

Na posição dos especialistas nesta matéria, o segredo é que os pais sejam flexíveis, que queiram evoluir e acompanhar os mais novos, sob pena de não os conseguirem educar da forma mais adequada.
 
Eis algumas dicas dos entendidos que podem facilitar essa tarefa:
 
1. Tente entender o  mundo dos seus filhos
 
A nova geração tem a grande vantagem de ter nascido num mundo conectado, porém os pais sentem-se perdidos, sem saberem muito bem como orientar os mais novos dadas as diferenças para com o seu tempo.  Devemos entender o mundo das nossas crianças e adolescentes para podermos guiá-los da melhor maneira.
 
Naturalmente que os pais só podem dar aquilo que são e o que têm, logo, faz sentido que se atualizem, que procurem compreender o mundo atual e as novas necessidades das crianças e jovens.
 
É essencial que os pais assumam que os tempos são outros, mas que os filhos precisam de desenvolver habilidades sociais, emocionais e a capacidade de lidarem uns com os outros, de respeitarem os adultos, ao mesmo tempo em que se protegem e cuidam do espaço comunitário.
 
Se por um lado, é fundamental conhecermos o mundo dos mais novos, não menos relevante é permitir que eles também saibam estar no mundo dos mais velhos e com o comportamento mais adequado, sublinham os especialistas.
 
É essencial que os pais aprimorem as suas competências socioemocionais, como autoconhecimento, autonomia, resiliência, criatividade, empatia e pensamento crítico e que incentivem os filhos a desenvolvê-las, dando-lhes as estratégias mais adequadas.
 
2. Transmita a ideia de que «o erro é parte do processo»
 
Contrariamente ao que já se viveu no passado, hoje sabe-se bem a importância de errar e de corrigir. Sabe-se inclusive que, quanto mais cedo se perceber a importância do erro, mais depressa nos preparamos para o enfrentar. Assim, devemos aceitar as nossas falhas para que igualmente possamos permitir que os nossos filhos errem e que aprendam a partir das experiências. Deixe-os realizar  as tarefas e perceber que também se enganou ou que não as realizou da forma mais adequada. Não puna o erro, mas incentive os mais novos à aprendizagem e à correção. Dê-lhes oportunidades de desenvolverem o seu conhecimento e de melhorarem diariamente as suas habilidades.
 
Ao permitir que o seu filho erre, estará a aproximá-lo cada vez mais de si, uma vez que, saberá muito bem que pode contar com o seu apoio, ensinamentos e compreensão, o que facilita muito o processo educativo e melhora significativamente a vossa relação.
 
3. Ouça atenciosamente os seus filhos
 
Todos sabemos que escutar não é o mesmo que estar presente e permitir que o outro fale. Escutar implica olhar nos olhos, ter interesse, estar atento, dizer algo que demonstre que “está ali”. Assim, quando o seu filho falar consigo, mostre-lhe que gosta de o ouvir, que lhe dará a sua opinião, mas que irá respeitar a posição dele e que, não é por serem adultos que, o pai ou a mãe vão ter de assumir uma posição de supremacia sobre o que lhe aconteceu ou sobre as suas dúvidas. É imperioso que uma criança ou um jovem sinta este conforto.
 
4. Estabeleça limites e aceite as decisões
 
Instituiu-se que, só a partir da maioridade é que os filhos têm direito às suas escolhas e opiniões, mas os tempos mudaram e, cada vez mais se torna fundamental que os mais novos desenvolvam as suas habilidades e que saibam escolher, mesmo que nem sempre da melhor forma. Os pais devem então, incentivar os mais novos para que pensem, para que tenham uma posição sobre os assuntos que lhes dizem respeito, uma vez que, na era da informação e em que os desafios são constantes, importa que os filhos aprendam a proteger-se melhor dos perigos. É evidente que há decisões dos pais, mas há outras pequenas escolhas que podem estar nas mãos dos mais novos e ganhar expressão à medida em que vão crescendo. Este passo é importante para que saibam o que devem recusar e o que podem aceitar e, como só se aprende com a prática, os adultos devem dar esse espaço aos mais novos, recomendam os especialistas.
 
Com isto não se quer dizer que os mais novos é que vão tomar as decisões lá de casa, mas sim que, os assuntos que assim o permitam como a escolha da roupa, uma saída em família, uma refeição ou outra, que podem ficar sob a responsabilidade e escolha do jovem. Ensine-o desta forma, a tomar decisões responsáveis e a medir as consequências dos seus atos.
 
5. Incentive a imaginação dos seus filhos
 
Todos nascemos criativos, porém ao longo da vida vamos tornando-nos limitados. Com a inovação e um mundo tão dinâmico, faz sentido que incentivemos mais a criatividade e a originalidade e que, ao mesmo tempo, alertemos para os novos perigos e desafios.
 
Evite então, o excesso de críticas, os “nãos” em demasia para evitar que a criança se iniba e que tenha medo de tentar. É essencial que os nossos filhos percebam que têm limites, que há riscos, mas que também há situações que oferecem confiança e que podem arriscá-las, desde que meçam as consequências.
 
Ensine a criança a pensar para que não se limite ao “sim” ou ao “não” e ao repertório de “frases feitas” e “respostas prontas” e sem uma justificação. Lembre-se de que, quanto mais o seu filho procurar as respostas para os problemas, mais irá desenvolver a arte de pensar, de criticar, bem como o conhecimento e a criatividade. Não lhe dê as soluções, mas sim, as ferramentas para que as procure e adeque a cada contexto.
 
Num mundo em constante transformação, faz cada vez mais sentido que habituemos os mais novos à procura e não à mera aceitação daquilo que lhes é dado. Com o desenvolvimento de habilidades pessoais e de competências humanas, o seu filho estará muito mais apto para ajustar-se aos muitos desafios e oportunidades que  terá pela frente, sabendo responder de forma humanizada e respeitosa a cada situação, lembram os entendidos nesta matéria.
 
Por fim, tenha sempre em mente que, os pais são a maior inspiração para os filhos, logo, quanto melhor os progenitores souberem aplicar estes princípios, melhor estão a preparar os seus descendentes para que também o façam, por isso, seja um bom exemplo de abertura, respeito, afeto, compreensão, flexibilidade, resiliência e, autoridade, sempre que necessário.
 
Tente ser um porto-seguro para que os seus filhos saibam sempre a quem recorrer quando se sentem com dificuldades, para isso, demonstre amor, empatia, capacidade de escuta e interesse e converse abertamente sobre todos os assuntos.
 
Fátima Fernandes