A maioria dos pais, senão todos, fica desconfortável quando vê o filho triste e a chorar.
Na maior parte dos casos, os adultos não sabem muito bem o que fazer, pelo que podem reagir de forma desapropriada.
Há quem diga ao filho para parar de chorar porque isso é uma parvoíce, há quem tente desvalorizar o choro para se proteger e há quem faça de tudo para que a criança deixe de chorar e esqueça o assunto, mas na realidade, não deve ser assim.
As crianças têm de crescer com a noção de que estar triste é tão normal como estar alegre e, se os pais ficam muito aflitos com essa situação, ao sentirem que podem fazer algo para ajudar os filhos, vão certamente sentir-se muito melhor e mais aliviados.
Na posição dos especialistas da revista Pazes, é normal que façamos de tudo para tranquilizar um bebé que chora, mas à medida em que a criança vai crescendo, temos forçosamente de mudar de atitude e, muito mais do que lhe fazer tudo para que fique bem, devemos ajudá-la a compreender a causa dessa tristeza.
Os pais devem ter em conta que, o choro nem sempre é um sinal de tristeza, mas também uma forma de processar uma emoção. A questão é que, na maior parte das situações, a criança não consegue verbalizar o que está a sentir e isso dá lugar a muita instabilidade, seja nela, seja nos adultos que estão em seu redor.
Segundo os mesmos entendidos, fazer de tudo para que a criança pare de chorar ou mesmo pedir-lhe para que não chore, pode ser interpretado como uma negação desse estado emocional. Quando os pais dizem ao filho para parar de chorar, estão a fazer com que a criança pense que não pode expressar-se e mostrar como se sente, o que não é positivo para o seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, os mais novos ficam a acreditar que os pais não se importam com o que estão a sentir ou que simplesmente nem entendem o que se está a passar, por isso, torna-se essencial que os pais tentem ajudar de outra forma, nomeadamente que lhes digam uma palavra de conforto, que lhes ofereçam um abraço, que marquem presença e que lhes mostrem que estão ali para ajudar.
Segundo os mesmos entendidos da revista Pazes, a empatia é a melhor ferramenta para aliviar um qualquer momento de tristeza: mostrar a nossa compreensão, apoio e tempo para estar ali, pois é importante que essa emoção seja processada para que possa ser integrada e, para isso, a criança precisa de entender o que se está a passar consigo. Ela não precisa de deixar de chorar, mas sim de perceber a razão pela qual está a chorar.
Muitos pais optam por fazer alguma brincadeira, por oferecer um objeto, por falar em algo agradável, por contar uma história para que a criança se distraia, mas isso não é produtivo. Como já referimos acima, o que a criança precisa é de entrar em si mesma e de compreender o motivo que a levou a estar triste e a chorar.
À medida em que a criança vai crescendo, será mais fácil conversar com ela e tentar apurar o que se passa, pelo que, a mesma revista sugere algumas frases que se podem dizer para aliviar a situação de uma forma saudável:
- Estamos juntos, eu vou ajudar-te e vais ver que te vais sentir melhor.
- Estou a ver que estás a passar por um momento difícil.
- Eu entendo que estás triste, desiludido, assustado ou ansioso, mas eu estou aqui ao teu lado.
- É normal que te sintas assim, eu também já passei pelo mesmo.
- Não gostaste mesmo do que te aconteceu, mas fala-me sobre o assunto.
- Sabes que eu gosto muito de ti, não sabes? Sabes que podes contar com a minha ajuda, não é?
- Queres repetir a situação com a minha ajuda?
- O que achas de tentares novamente mais tarde?
- Posso ajudar-te para que te sintas melhor?
- Vamos procurar encontrar uma solução juntos, pode ser?
Por norma, a criança sente-se muito confortada com este tipo de apoio e mais facilmente começa a recordar o que aconteceu e a conseguir verbalizar o sucedido, por isso, invista neste tempo de qualidade com os seus filhos.
Segundo os especialistas, é importante que os pais mantenham a calma, que entendam que é normal a criança estar triste, que chore, pelo que, o melhor a fazer é ajudá-la a sentir-se melhor aprendendo com a situação. Levar os mais novos a tomar consciência do que se passa é o caminho mais difícil, mas mais eficaz e positivo, por isso, os pais devem apostar nessa orientação, sugerem os mesmos entendidos.
Fátima Fernandes
