Família

Como ultrapassar os conflitos com a família dele/a?

 
Muitas expressões negativas têm vindo a ser utilizadas ao longo dos anos dando conta de relações difíceis com a sogra. Se em muitos casos isso é uma realidade, são muitas as situações em que a relação é saudável. Mas qual é o segredo para que esse bem-estar ocorra?

Os especialistas evidenciam a famosa frase: “Crescer é aprender a separar-se da família de origem” - como primeiro passo para que a relação familiar melhore.
 
No seio do casal, é importante que ambos conversem abertamente sobre tudo e que não tenham medo de expressar o que sentem. Se um dos elementos não está a lidar bem com a família do outro, deve sentir-se à vontade para o dizer e, acima de tudo, deve sentir-se acolhido, pois na realidade é de um casal que se trata e, por muito que a família de origem seja importante, a relação terá de se assumir sempre com um significado maior.
 
Ao mesmo tempo, é importante que ambos sejam capazes de se colocar no lugar um do outro. Quem está afetado com a relação familiar, deve entender que o seu parceiro ou parceira é filho/a e que terá de encontrar a melhor solução para o problema. Por outro lado, a pessoa que se sente mal com a família do parceiro também deve saber comunicar o que sente de uma forma assertiva e honesta, pois caso contrário, poderá dar lugar a confusões e a um aumento dos conflitos. Devem ser evitadas frases destrutivas e negativas que possam ferir quem ama e optar por um discurso maduro e responsável que quer mudar algo sem que se perca tudo.
 
Na posição dos terapeutas de casal, as famílias não mudam só porque existe uma relação pouco positiva com a nora ou com o genro, pelo que, quem tem de se adaptar à nova realidade é o filho ou a filha. Assim sendo, é em conjunto que o casal deve encontrar a sua força e pontos de equilíbrio de forma a não permitir que a má relação com a família dele ou dela destrua o casamento.
 
Um outro ponto essencial neste tipo de conflitos é estabelecer limites. Para os especialistas, este ponto é tão importante como o anterior e é uma consequência do mesmo, pois partindo da base de que nenhuma família muda para receber um novo elemento e que, em muitos casos, ainda faz pior, o importante é que o casal se organize entre si e que coloque as suas regras.
 
Segundo Salvador Minuchin, as famílias são sistemas constituídos por subsistemas diferenciados: o casal, os filhos, se houver, os pais de cada membro do casal, os irmãos, os respetivos avós, entre outros. Nesse sentido, «é fundamental estabelecer limites específicos no sistema familiar, pois, segundo Minuchin e a psicologia sistémica, cada membro da família desempenha um papel específico e, quando não há limites, os papéis tornam-se difusos, o que potencializa a existência de relacionamentos negativos dentro do sistema. Por isso, é fundamental estabelecer limites claros, que não podem ser ultrapassados, para tentar manter a harmonia familiar».
 
Partindo deste pressuposto e conseguindo colocar em prática os limites, não há motivo para que ocorra uma rutura familiar, no entanto, há situações muito complexas e em que não há volta a dar. Aí o casal deve ponderar muito bem, ou encontra alternativas e consegue redefinir a relação familiar, ou terá mesmo de manter uma boa distância da mesma para conseguir salvar o relacionamento.
 
Na mesma sequência de soluções possíveis, lembre-se de que, o casal é uma equipa que funciona em conjunto e que encontra as soluções mais adequadas para os problemas que vão surgindo. Não pode ser apenas um dos elementos da parceria amorosa a pensar e a tentar resolver os problemas, mas sim os dois devem participar em todo o processo.
 
Nesse sentido, cada membro do casal define-se como uma pessoa com identidade própria e diferenciada, que, ao se relacionar com o outro, deve constituir uma unidade impermeável, a fim de evitar que, as más relações familiares afetem a relação.
 
Em suma, vivenciar um relacionamento conflituoso com a família do parceiro pode levar a confrontos se não forem tomadas as medidas para resolver a situação, podendo tornar-se num problema grave. Por isso, lembre-se de que existem profissionais de psicologia que podem ter um papel imperioso nesse tipo de conflito.
 
Anote ainda que, são muitos os casos de conflitos familiares pelo que, se está a passar por essa situação, não tema falar com o seu parceiro/a para que, em conjunto, encontrem as melhores alternativas, podendo sempre recorrer a ajuda especializada como já referimos acima.
 
Fátima Fernandes