Curiosidades

Considera-se «autor/a da sua própria história»?

 
A pergunta parece fácil, mas seguramente que não traduz uma resposta simples e imediata, pois se pensarmos um pouco mais em pormenor vamos perceber que, desde que nascemos, somos produto de muitas influências, sejam elas de pais, amigos, familiares, grupos de pertença, sem esquecer a influência da escola, dos meios de comunicação social e daí por diante.

Na realidade, não é muito óbvia a resposta de assumir que somos autores da nossa própria história, mesmo sabendo que esse é um importante imperativo para sermos felizes, mais seguros e confiantes.
 
Qualquer um de nós é alvo de inúmeras pressões quer a nível pessoal, profissional ou social, pois mal acabamos o secundário, já temos de ter no horizonte a profissão que nos garanta a estabilidade para a vida, casamos e “temos” de ter dois filhos; um menino e uma menina, temos de ter um casamento de sonho, um carro topo de gama e tudo o mais que é exigido… Mas será que tem de ser mesmo assim? Efetivamente não, mas a verdade é que paramos muito pouco para pensar no verdadeiro sentido daquilo que fazemos, daí ser tão importante sermos autores da nossa própria história, já que é daí que retiramos a capacidade de colocar as situações em perspetiva e encontrarmos outras respostas para os nossos problemas e desafios.
 
Ao nos conhecermos melhor, também sabemos qual a melhor decisão a tomar, qual o sentido que queremos dar à nossa vida, qual o nosso estilo, os nossos gostos, as nossas preferências, mas para isso, é preciso, segundo a psicologia, “sair do piloto automático” e passar a pensar acerca de nós próprios e da nossa vida. É preciso acreditar que nos transformamos e que modificamos também os outros com o que somos e o que fazemos, é assumir que podemos sempre alterar o rumo da nossa vida e o curso de muitos acontecimentos, basta que, para isso, mudemos a nossa forma de pensar e de agir. Por vezes, basta mudar cinco graus à direita para encontrarmos uma solução para os nossos problemas, para isso, é fundamental pensar carinhosamente naquilo de que gostamos, naquilo que queremos e gerir a nossa vida que, naturalmente tem altos e baixos, mas certamente terá muitos mais momentos de felicidade.
 
De vez em quando, é preciso parar, meditar, encontrar o nosso “eu” interior e tomar decisões, questionar as nossas ações e perguntar a nós mesmos qual a razão pela qual tomamos uma decisão em vez de outra. Encontrar novas respostas e possibilidades, é conduzir muito mais a nossa vida e ser menos influenciado pelos demais, isso é ser autor da nossa própria história, é perceber onde estão os nossos valores, a nossa identidade, as nossas escolhas, é reconhecer que, num determinado momento algo nos fazia sentido, mas que noutro pode não ter a mesma importância. Não temos de pensar sempre da mesma maneira, pois evoluímos, modificamo-nos e transformamo-nos e isso é algo que devemos desenvolver, assumir e cultivar. Temos os nossos valores, mas colocamo-nos em causa para podermos encontrar novas respostas e soluções para os nossos problemas. É isso que torna a nossa vida mais rica e criativa.
 
Segundo Augusto Cury, psiquiatra e investigador brasileiro com mais de 30 obras publicadas, «ser autor da própria história é ter coragem para caminhar e humildade para corrigir rotas. É ser capaz de não desistir da vida, mesmo diante das perdas, dificuldades e deceções».
 
Fátima Fernandes