Contracepção

A contracepção, como o próprio nome indica, visa prevenir a concepção ou a gravidez, pelo que é o conjunto de métodos que a possam evitar.

 
Apesar dos muitos avanços perante uma necessidade secular, até aos nossos dias, não existe nenhum método infalível, muito embora a sua segurança seja quase total em alguns casos, daí a necessária adequação e ser mais correcto afirmar que os métodos anticoncepcionais consistem na redução da propensão de uma mulher poder engravidar quando esta não é a sua vontade. 
 
Os métodos anticoncepcionais, são fundamentais para o planeamento familiar, para o controle da natalidade, para a escolha da melhor altura para permitir que uma criança venha ao mundo e, sobretudo a opção do casal e o estudo de cada caso, atendendo a eventuais restrições médicas e à possibilidade da mulher ficar mais confortável com a opção encontrada. 
 
A par destes benefícios acima mencionados, existem controvérsias na interpretação e utilização destas formas de prevenir a natalidade, sobretudo no que se refere a religiões, grupos específicos, crenças e culturas, a ponto de termos de reconhecer que há quem se afirme contra tudo o que possa evitar o nascimento de uma criança. 
 
Nesta sequência, também o aborto, já mais autorizado em algumas sociedades mediante certos condicionalismos que, apesar de liberalizado, ainda não é bem interpretado da mesma forma. 
 
Por outro lado, a contracepção é defendida por alguns grupos como sendo uma forma de controle do aquecimento global e da superpopulação, isto na perspectiva de que os recursos são finitos e que não chegam de igual modo para todos e que este facto deve ser ponderado antes de aceitar a procriação. 
 
A população humana já se aproxima dos sete biliões e por conseguinte, existe uma necessidade de controlar esse aumento em função das limitações da própria natureza, o que contrapõe com as ideologias religiosas e outras que defendem que todos merecemos um direito à vida. 
 
É neste sentido que a abordagem aos métodos anticoncepcionais é sempre delicada, mas necessária numa sociedade mais responsável e evoluída. As sociedades mais industrializadas orientam a população para o planeamento familiar que é a forma mais equilibrada e responsável de assegurar que os descendentes poderão gozar de alguma qualidade de vida e sustento. 
 
Métodos anticoncepcionais: 
 
Antes dos métodos anticoncepcionais que conhecemos actualmente, importa regredir um pouco no tempo e compreender como eram feitas as barreiras à gravidez no passado, até para que se perceba que esta preocupação já tem séculos e que sempre houve uma necessidade de prevenir, quer a gravidez, quer a transmissão de doenças, muito embora de uma forma pouco generalizada, clarificada e eficaz. 
 
Desde a utilização do intestino grosso de alguns animais com o intuito de evitar o contacto do esperma com a vagina em meados do século XVII, que parece ter substituído a ingestão de ervas abortivas utilizadas anteriormente e cujos efeitos podiam conduzir à morte e a problemas de saúde graves, a preocupação era uma realidade. 
 
Ao primeiro preservativo seguiram-se outras formas mais elaboradas e até a utilização de óleos, de mel, de ervas, a abstinência sexual e posteriormente o coito interrompido. Dentro das possibilidades da época e dos resultados menos desejados, estas técnicas têm evoluído até aos nossos dias, estando sempre por terminar. 
 
Refira-se que os avanços estão sempre associados á necessidade de aperfeiçoamento, o que também aconteceu com as muitas drogas abortíferas, muitas delas mortais que se ingeriram, o que nos permite falar de mortalidade como diminuição da população e não de controle da natalidade, já que muitas mães e filhos morriam no parto. 
 
Após a primeira metade do século XX, quando os cientistas compreenderam melhor o funcionamento do ciclo menstrual e dos hormónios que o controlam, foram desenvolvidos os contraceptivos orais e os métodos modernos de monitorização da fertilidade. 
 
Assim, actualmente existe uma gama diversificada de produtos que devem ser aconselhados pelo médico assistente e adequados a cada caso, sobretudo porque o sexo é encarado como uma fonte de prazer e não um acto pró-criativo como também já aconteceu. 
 
Contracepção de barreira: uso do preservativo. 
 
Os métodos de barreira impõem um obstáculo físico para dificultar ou impedir o movimento dos espermatozóides em direcção ao aparelho reprodutivo feminino. 
 
O preservativo feminino também já é uma realidade: tem um anel flexível em cada extremidade, sendo que, um permanece atrás do osso púbico, mantendo o preservativo no seu lugar, enquanto o outro permanece fora da vagina. 
 
-barreiras cervicais são dispositivos que são inseridos por completo no interior da vagina. O capuz cervical é a menor barreira cervical. Este dispositivo mantém-se no lugar por sucção ao cérvix (colo do útero) ou às paredes vaginais. O escudo de Lea é uma barreira cervical mais larga, também mantida na posição por meio de sucção. 
 
-Esponja contraceptiva é uma pequena esponja embebida em espermicida, que possui uma depressão para a suster no colo do útero. O espermicida contido nela é normalmente activado mediante o contacto com água corrente. Deve ser inserida pouco antes da relação sexual. 
 
Métodos hormonais 
 
Existe uma ampla variedade de métodos de contracepção hormonal que interferem na ovulação devido à ingestão de hormónios sintécticos. 
 
Geralmente são utilizadas combinações de estrógenio sintéctico e progestinas (formas sintécticas da progesterona) nos contraceptivos hormonais. Estes incluem a pílula anticoncepcional, o Adesivo, e o anel vaginal contraceptivo, já a Cyclofemina (Lunelle) é uma injecção que é aplicada mensalmente. Ainda existem outras substâncias injectáveis que são administradas trimestralmente e de 8 em 8 semanas. 
 
Métodos intra-uterinos 
 
-dispositivo intra-uterino (DIU).Os Intra-uterinos são dispositivos que são colocados dentro do útero. Geralmente têm a forma de "T" — os braços do T seguram o dispositivo no seu lugar no interior do útero. 
 
-Esterilização 
 
A esterilização cirúrgica está disponível na forma de laqueação de trompas para as mulheres e de vasectomia para os homens, servindo para interromper definitivamente a capacidade reprodutiva. A reversão através de outra cirurgia é possível, mas não é garantida. 
 
Um procedimento de esterilização não-cirúrgico, o Essure, também está disponível para mulheres. 
 
A laqueção de trompas é o método de esterilização feminina caracterizado pelo corte e/ou ligamento cirúrgico das trompas de Falópio (tubas uterinas), que fazem o caminho dos ovários até ao útero. Assim, os óvulos não conseguem passar para dentro do útero, não se encontrando com os espermatozóides, evitando a fecundação. 
 
É um procedimento seguro que pode ser feito de várias maneiras, sendo necessário o internamento e a aplicação de anestesia geral ou local. 
 
O procedimento pode ser reversível através de uma cirurgia mais complexa do que a anterior. É considerada um método anticoncepcional indicado somente para mulheres que já estão plenamente decididas a não ter mais filhos. 
 
-Vasectomia 
 
A vasectomia consiste no corte e sutura dos canais deferentes através de uma pequena cirurgia ao nível das virilhas onde é feita a ligação dos canais deferentes, os ductos que levam os espermatozóides produzidos nos testículos até o pénis. 
 
Após a cirurgia devem ser realizados exames para confirmar a ausência de espermatozóides no esperma, que ainda é produzido e ejaculado. A vasectomia não interfere na potência sexual e na produção dos hormónios sexuais nos testículos. 
 
O procedimento pode ser reversível dependendo do sucesso na cirurgia, contudo os especialistas indicam que o homem só deve fazer vasectomia se já estiver plenamente decidido a não ter mais filhos. 
 
Anote-se que, para além da prevenção da gravidez quando esta não é da vontade do casal, existe também o controlo e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. 
 
A consulta médica deve ser o primeiro passo a dar mediante a necessidade de fazer um planeamento familiar e de solicitar um aconselhamento de métodos anticoncepcionais.