Comportamentos

Costuma atribuir culpas aos outros por aquilo que lhe acontece?

 
Assumir um erro na vida pessoal, social ou profissional parece simples, mas é das tarefas mais complexas do ser humano. O medo de ter de enfrentar os outros e a dificuldade em dizer a si mesmo que falhou, ganha uma proporção enorme e dificulta muito a forma de estar e de pensar da pessoa em causa.

A procura da perfeição, a necessidade de dizer a si mesmo que é bom e que não erra podem ser os pontos de partida para não assumir um erro, uma falha. Desde pequenos que o erro é punido e até gozado pelos adultos, por isso, aprendemos a escondê-lo o mais possível a ponto de passarmos a ter dificuldade em assumir as falhas até para nós próprios.
 
Na posição dos especialistas, é mais fácil procurar e encontrar culpados para aquilo que nos acontece de negativo do que pensarmos acerca dos nossos atos. Atribuir culpas a fatores extremos também costuma ser uma alternativa de quem não é capaz de assumir que, efetivamente errou.
 
Muitas pessoas continuam a esconder-se atrás dos muros criados pela própria mente para se defenderem das frustrações, mesmo que isso aconteça de maneira inconsciente: por mais que o indivíduo saiba que cometeu um erro, a sua mente ativa mecanismos que tentam encontrar maneiras de fazer com que ele escape à culpa.
 
Para muitos psicólogos, a dificuldade em assumir os próprios erros existe porque encontrar culpados se tornou um hábito do ser humano: se está a sofrer é porque alguém está a causar esse sofrimento, se algo não correu bem é porque alguém conspirou contra mim, e assim por diante. Essa postura faz com que a pessoa gaste muita energia desnecessariamente, visto que é uma grande perda de tempo tentar encontrar culpados pelo nosso fracasso.
 
Pelo contrário, ao assumir a própria responsabilidade pelos erros, é possível superar os acontecimentos e evitar que os mesmos problemas voltem a acontecer. Se a pessoa perceber que permitiu que determinado fator negativo acontecesse na sua vida e que é a única responsável por essas experiências, desenvolve  maturidade emocional, autoconhecimento e crescimento.
 
Neste sentido, é preciso ter em conta que, em qualquer tipo de experiência, fugir dos erros e das consequências que eles trazem, assim como negá-los ou ignorá-los, faz com que o sujeito se afaste de diversas oportunidades de crescimento pessoal. Ao mesmo tempo, fugir dos erros não permite que os mesmos sejam corrigidos, logo mais cedo ou mais tarde, os mesmos serão reproduzidos, tal como as suas consequências.
 
Por sabermos a importância de assumir os erros e o alívio que essa capacidade produz, deixamos-lhe 4 truques que podem facilitar a tarefa e, já sabe, a partir de hoje, vamos tomar uma posição nas nossas atitudes e assumir as nossas falhas, por muito que, no início não seja uma tarefa fácil.
 
Reflita
 
Sempre que perceber que está a procurar alguém ou algum fator externo para culpar a respeito de alguma frustração pessoal, tenha um momento de reflexão e faça um esforço para reverter a situação.
 
Saia do modo automático
 
As pessoas repetem vários hábitos previamente moldados que estão alojados no cérebro emocional de forma automática. Porém, o cérebro humano está em constante mudança e, por esse motivo, é sempre possível adotar novas formas de viver e de se comportar. Esse funcionamento designa-se por neuroplasticidade cerebral — característica que torna o cérebro flexível e mutável. Isso significa que a mente tem capacidade de se adaptar e de se moldar todos os dias, basta que seja estimulada para o fazer.
 
Saia do papel de vítima
 
Ao cometer um erro, descubra quais foram os fatores que o desencadearam e faça o possível para corrigi-lo. Foque-se nas soluções, e não nos culpados: em vez de esperar que lhe apontem o erro, opte por reservar algum tempo para si e para encontrar as suas falhas sozinho. Será muito mais fácil assumir para si mesmo que errou e depois conseguir dizer isso a alguém. É tudo uma questão de treino.
 
Perdoe-se
 
Todos vamos errar muitas vezes ao longo da vida, já que o erro só acontece a quem vive e a quem aprende, contudo, enquanto culparmos os outros e a nós mesmos, não vamos conseguir aprender com as falhas e ainda menos corrigi-las. Ao desenvolvermos a nossa inteligência emocional, estaremos muito mais aptos a fazer esse processo, enquanto que nos tornamos melhores pessoas para nós próprios e para os outros, já que estamos livres dessa pressão e dessa culpa.
 
Não se esqueça de que, assumir uma falha é garantir que não a queremos repetir.
 
Fátima Fernandes