Comportamentos

Costuma discutir muito com a sua cara-metade? Veja se é por estes motivos

 
Se há especialistas que defendem que discutir faz parte das relações humanas, há também quem explique que a discussão é um vício e que, tal como qualquer outra dependência, tem de aprender a ser controlada.

Efetivamente discutimos pontos de vista, opiniões e diferenças, o que não quer dizer que tenhamos de fazer “uma guerra” em torno disso, ficarmos chateados e até terminarmos um relacionamento em casos mais extremos. Parte-se do pressuposto de que, se duas pessoas estão juntas é porque têm pontos em comum, porque nutrem sentimentos positivos uma pela outra, porque gostam de partilhar a sua presença e algo mais. Quando tal não acontece é porque não há amor ou simplesmente se está a permitir que fatores externos interfiram no seio do casal e da relação. É esse o nosso propósito de hoje, apresentar as principais causas de discussão entre os parceiros.
 
Na posição dos terapeutas familiares, existem motivos que, naturalmente conduzem o casal para a discussão sendo que, o primeiro é desde logo, a falta de diálogo ou a má comunicação.
 
Está provado que, a saúde de uma relação depende da qualidade da comunicação que se consegue manter com quem se ama, uma vez que, será essa a base de tudo: a conversa, a troca de impressões, de ideias e até de afirmação da individualidade de cada um dos intervenientes. É importante não ter medo de falar abertamente sobre todos os assuntos já que, é disso que depende o decurso da relação. Não falar gera dúvidas e dá azo a muitos conflitos, sobretudo porque se perde muito tempo e energia a tentar adivinhar o que o outro pensa sobre as situações. A falta de diálogo ou a pouca troca de impressões origina muitas discussões e chega a tornar-se um vício porque se alimenta só o lado de um e se faz pressão para que o outro pense e reaja como nós.
 
Um outro motivo que gera muitas discussões e que, naturalmente surge na sequência do ponto anterior, é o ciúme. Já diz Augusto Cury nas suas obras que o ciúme é a saudade de nós próprios, ou seja, damo-nos tanto ao outro que nos esquecemos de nós, pelo que, mais cedo ou mais tarde, vamos precisar desse reencontro pessoal. Até lá, podemos sentir uma tendência em “massacrar” o outro, em chamar a atenção para que sejamos aceites e amados e levar o ciúme ao extremo. As pessoas que se esquecem de si mesmas, chegam ao limite de nutrir maus sentimentos por todas as pessoas à sua volta e por sentirem ciúmes das coisas mais supérfluas e irrelevantes, o que se torna perigoso e muito destrutivo para uma relação.
 
Na posição dos especialistas, a pessoa ciumenta deve fazer uma autoanálise e procurar entender as razões que a levam a agir dessa forma. Deve avaliar a sua autoestima e tentar perceber se em algum momento se sente diminuída em relação ao outro, pois caso contrário, estará sempre a fazer cenas e a procurar discussões.
 
A pessoa ciumenta deve então parar para refletir e verificar se o ciúme é fundado ou se é um produto dos comportamentos aprendidos com outros casais no seu ambiente (pais, avós, irmãos, tios, entre outros). Se efetivamente há motivos para ter ciúmes, porque a outra pessoa não lhe liga ou porque dá mais atenção aos outros do que a si e, acima de tudo, lhe falta ao respeito, temos de voltar ao primeiro ponto e afirmar o diálogo. É fundamental esclarecerem-se de parte a parte, seja para mudar algo no seio da relação, seja para terminar o namoro ou casamento se o amor acabou, agora não podemos alimentar uma vida de sofrimento para ambos.
 
As diferenças familiares são  também um “ponto quente” das discussões entre casais, sobretudo porque, no início a relação centra-se no casal e, com o passar do tempo de casamento ou namoro, começam a participar as famílias de ambos. A má gestão dessa relação dá lugar a muitos conflitos no seio do casal. É comum que alguns pais só incluam o filho nas suas atenções e descurem a sua parceria amorosa, também acontece que se encantem tanto pelo genro ou pela nora que ignorem o filho, tal como há pais que interferem muito na vida do casal e acabam por provocar discussões desnecessárias.
 
Ainda neste ponto, há pais que não aceitam o parceiro ou parceira do filho ou filha e acabam por estar sempre a emitir a sua opinião, o que provoca instabilidade na relação amorosa, tal como há situações em que os conflitos são tão grandiosos e com faltas de respeito que se dá a rutura ou no seio do casal ou na sua relação com a família hereditária. Na verdade, existe de tudo um pouco, sendo sempre de evitar com a colocação de limites de parte a parte. Em qualquer das situações é importante o diálogo entre os parceiros e, se necessário, conversar também com os pais ou sogros. Aqui é de evidenciar que, as crenças de cada um são a base destas discussões. Há quem acredite que a relação com a sogra é sempre negativa, pelo que pouco fará para se dar bem com ela. Essas crenças limitantes devem ser identificadas e, na medida do possível, ultrapassadas para que se possam evitar discussões e mau ambiente.
 
Um outro motivo que gera muitas discussões nos casais é a individualidade. Cada um precisa de ter o seu espaço, o seu tempo, o respeito que merece, manter os seus hobbies e amizades e, na maioria das vezes, isso gera muitos problemas porque é difícil gerir o tempo tão bem de forma a se poder dar atenção a tudo com alguma qualidade.
 
Mais uma vez o diálogo é a chave capaz de acertar os problemas e de permitir organizar o tempo. Nunca é demais recordar que, uma relação deve ser pautada por cedências, pelo que o excesso de rigor e de regras são também alvos de discussão e de falta de empatia. Com uma boa conversa, certamente que se consegue acertar o tempo para que o casal esteja em conjunto com mais disponibilidade e interesse. É importante manter as atividades pessoais e incluir o parceiro ou parceira na sua vida, tal como é fundamental não perder de vista aquilo de que se gosta e que já se tinha antes dessa relação. Conciliar tudo isto gera conflito, mas é desafiante ao mesmo tempo, por isso, reforçamos a importância de conversar, de marcar, de combinar para que se possa estar em liberdade em cada uma dessas ocasiões.
 
Anote que os tempos mudaram, mas os problemas conjugais não se alteraram assim tanto, o que quer dizer que temos mesmo de encontrar novas experiências para conseguirmos obter novas respostas. Aprender com os erros do passado é importante e, acima de tudo, aprender a relativizar algumas situações também é um poderoso contributo para a harmonia que se pretende.
 
Fátima Fernandes