Na realidade, não são assim tão poucas as pessoas que o fazem. Por muito que seja contraditório, a verdade é que nem sempre conseguimos estar à altura daquilo que somos e queremos ser. São muitas as vezes em que dizemos concordar com algo, quando no fundo, queríamos mostrar o nosso desagrado.
Na posição de Andre Salter (1940) a assertividade define-se como um traço de personalidade. Especificamente, este investigador definiu-a como “a expressão dos direitos e sentimentos pessoais”, pelo que, naturalmente a assertividade inclui a capacidade de dizer «não» quando realmente queremos dizer não.
A grande dúvida é perceber o que nos leva a assumir uma posição inversa ao que pretendemos e, até que ponto podemos melhorar essa nossa postura.
Nesse sentido, os estudos de Salter chegaram à conclusão de que, as circunstâncias influenciam a probabilidade de sermos assertivos, o que não impede que existam pessoas com uma maior tendência à assertividade ou que essa habilidade não possa ser aprendida, sustentou.
O mesmo autor reforça que, a assertividade inclui a defesa dos nossos direitos e das nossas necessidades, e a capacidade de expressar os nossos desejos «com sinceridade», sem ferir nem magoar ninguém, de forma educada, mas contundente. Vem isto reforçar o que há muito se defende de podermos dizer o que pensamos, desde que encontremos a melhor forma de o fazer.
De um modo geral e, em resumo, o que nos leva a expressar aquilo que pensamos e sentimos no momento adequado é a assertividade, pelo que, a falta dela é o que nos leva à não expressão pessoal. Todos podemos treinar essa habilidade e estar mais alinhados com aquilo que somos e pensamos, pelo que lhe deixamos algumas dicas preciosas que o/a podem ajudar a ser mais assertivo/a:
1- Treine diariamente a sua forma de estar, de ser e de pensar. Tal como em qualquer outro desafio, é preciso ter em conta a ponderação e a preparação. Pense antes de reagir e tome uma posição na situação. Comece a treinar a assertividade nas situações menos complexas e exigentes para depois poder avançar para as mais avançadas. Uma simples ida ao restaurante, a escolha da mesa e do menu… seja educado a fazer um pedido e a fazer valer a sua opinião, este é o requisito básico que deve pautar o seu rumo.
2- Aprenda a dizer «não». Entenda que, a negação de algo, não é uma atitude egoísta, pois dizer «não» é muito mais do que isso. É ser capaz de tomar uma posição num determinado momento, para além de ser uma forma de definir limites saudáveis para melhorar a qualidade das relações com os outros.
3- Não se sinta culpado. Entenda que, ser assertivo é uma tarefa que se pode revelar complicada – especialmente se tiver sido passivo ou um “yes man” a maior parte da sua vida. Nos primeiros tempos, pode sentir alguma ansiedade e mau-estar por realizar algo novo e diferente, mas lembre-se que ser assertivo é crucial para o seu bem-estar. “Um comportamento assertivo que envolva defender-se a si mesmo de uma forma que respeite o outro não é errado – é um autocuidado saudável”.
4- Expresse necessidades e sentimentos. Não parta do princípio de que os outros sabem o que pretende ou o que pensa, para tal, aprenda a pedir educadamente o que precisa. Seja afável, tranquilo, honesto e sincero no que diz e no que faz. Este é um desafio diário de quem se prepara para “ser mais pessoa”, mais humano e que é capaz de se assumir tal como é, com qualidades positivas e negativas, pois sabe que não é perfeito.
5- Procure saber mais sobre a assertividade. Cultive a leitura, faça uma pesquisa para aprofundar o tema, já que isso o irá ajudar a crescer interiormente. Aprenda a focar-se no problema e não nos conflitos e, ao mesmo tempo, a dizer ao outro o que se passa, mas de uma forma respeitosa e educada. Anote que, ser assertivo implica dizer o que se pensa, mas procurando ser justo e equilibrado, o que nem sempre é fácil e, como já dissemos, requer treino. Quanto mais aprofundar o assunto, mais crítico será de si mesmo e mais passos dará rumo ao que pretende ser. Seja persistente e siga em frente!
Fátima Fernandes
