Família

Crianças que têm medo de dormir sozinhas

 
Muitas crianças têm medo de dormir sozinhas por diversos motivos, sendo o mais comum a perceção de perigos sobrenaturais, tais como fantasmas, bruxas, demónios, entre outros.

Os pais nem sempre se dão conta desses medos, mas apercebem-se de que a criança faz de tudo para não ir para a cama. Na posição dos entendidos nesta matéria, esse é um sinal de alerta e indica que é preciso fazer alguma coisa.
 
O primeiro passo a aplicar é tentar compreender a razão pela qual a criança se recusa a ir dormir e aí, o segredo é manter uma boa conversa e, sobretudo, ouvir o que possa estar por trás desse receio.
 
Assim, se o seu filho ou filha tem medo de ir para a cama, siga estas dicas:
 
1.Tente entender a causa desse medo
 
Permita que o seu filho expresse o que sente; encoraje-o a falar sobre o que o assusta nesse momento. Procure ouvi-lo atenciosamente desligando os ecrãs e mostrando que está a prestar atenção ao que ele diz. Tente colocar-se no lugar dele, já que, essa será a melhor forma de estabelecer uma relação empática e libertadora. Não o critique ou chame nomes, pois estará a inibi-lo e a evitar que fale sobre o que se passa, o que naturalmente fará aumentar o medo. É ainda importante que não minimize esse receio, pois isso também fará com que ele se sinta ainda pior. Ao mesmo tempo, respeite se ele não conseguir falar sobre o assunto nesse momento e aguarde por uma situação mais oportuna.
 
2.Ajude-o a ter bom senso
 
É importante que os pais assumam que a criança está com medo e que pode acordar assustada a meio da noite. O pai ou a mãe deve ir ter com ela e procurar acalmá-la transmitindo-lhe conforto. Para tal, deve colocar-se
 
abaixo do nível dos olhos da criança, tocá-la levemente, acenar com a cabeça ou mostrar-lhe um olhar empático, já que essa postura funciona como um “tranquilizante natural”. Os pais também devem ter o cuidado de validar o que a criança está a sentir, mesmo que não concordem ou que sintam dificuldade em compreender a causa do seu medo. Se as emoções estiverem agitadas, opte por ouvir mais e falar menos para que a criança possa descomprimir. Evite dar sermões ou procurar explicações lógicas para o que está a acontecer, pois naturalmente que isso não vai ajudar a melhorar a situação, muito menos a minimizar o medo da criança. Depois do relato, repita em suas palavras o que a criança acabou de dizer, já que isso serve de reforço para que compreenda melhor o que quis explicar aos pais e para que a criança se certifique de que os progenitores a entenderam.
 
3.Procure não reforçar o medo
 
Por muito que os pais estejam carregados de boas intenções, é muito fácil que qualquer atitude inapropriada sirva para aumentar o medo da criança. Se os pais perguntarem onde está a bruxa ou o fantasma, sem se darem conta, estão a assumir que os mesmos existem, tal como se abrirem a porta do armário para verem se essas figuras estão lá dentro. Pelo contrário, os adultos devem ir mostrar que não está ninguém lá dentro e incentivar a criança a fazer o mesmo: abrir tranquilamente a porta e mostrar que só lá estão os seus objetos.
 
Os pais também não devem sugerir que a criança vá para o sofá ou para a cama de outro familiar para fugir do medo, já que isso apenas vai alimentar essa sensação de insegurança. Os progenitores também não devem, de forma alguma, usar uma vassoura ou qualquer outro objeto para espantar o monstro ou a bruxa descritos como medos do filho, já que isso será uma forma de dizer que esses personagens podem estar ali.
 
4.Forneça segurança
 
Às vezes, o medo da criança pode ser do escuro (por isso é importante entender o seu medo) e de tudo o que ela imagina que possa acontecer naquele momento. Nesse sentido, é útil que a criança possa adormecer com uma luz de presença. Neste ponto, tenha em conta que, a luz não deve interferir no início do sono da criança. Assim, uma luz ténue pode ser eficaz.
 
Além disso, deixar a porta aberta para que ela tenha a certeza de que será ouvida se chamar  a meio da noite, é outra estratégia que  pode ser usada para criar uma sensação de conforto, calma e segurança. Por outro lado, não permita que o seu filho seja exposto a programas de televisão ou histórias de terror que possam aumentar o medo de dormir sozinho e a sua insegurança.
 
5.Não incentive o seu filho a sair da cama
 
O objetivo é que os pais possam ajudar o filho a superar o medo. Portanto, se ele conseguir ficar na cama e sentir que está tudo bem, mais facilmente aprenderá a confiar que a cama ou o quarto também são um lugar seguro,. Quando os pais permitem que a criança durma no quarto deles, estão a dizer-lhe que efetivamente o seu quarto não é seguro e que estará mais confortável com eles, facto que não ajuda a que a criança ultrapasse os seus medos.
 
Assim, se o seu filho está com medo e não tolera ficar sozinho no próprio quarto, o pai ou a mãe podem acompanhá-lo durante alguns minutos. Contudo, é de evitar que isso seja constante. A ideia é que ele perceba como a sua ansiedade, da mesma forma que aumenta, também diminui, pois, no fim das contas, não há nenhum monstro escondido no seu quarto.
 
Se é um hábito que os pais contem uma história para que a criança adormeça, é importante que a mesma não contenha personagens assustadores. Pode sempre optar por uma fábula ou história de encantar.
 
Por fim, os especialistas registam que, os medos da infância são muito comuns e geralmente desaparecem com a idade. No entanto, se os pais se aperceberem da continuidade desses receios e até de um aumento da sua intensidade, deverão procurar a ajuda de um psicólogo infantil.
 
Fátima Fernandes