Sociedade

DECO alerta que no Algarve os transportes públicos são caros e descoordenados

 
Da campanha lançada pela DECO, em fevereiro, destinada a melhorar o quotidiano dos utilizadores de transportes públicos, que disponibilizou aos mesmos uma plataforma para relatarem os problemas que enfrentam diariamente, já resultaram 1896 reclamações.

 
Os transportes que motivam a maioria das queixas são o rodoviário e o ferroviário, e recaem sobretudo nos atrasos e na diminuição ou na supressão de linhas/horários/ percursos.
 
Embora a maioria das denúncias referentes ao Algarve coincida, na tipologia e na categoria de transportes, com o panorama nacional, apenas 16 dizem respeito à região. 
 
Uma análise superficial ao cenário atual deste setor no Sul do país é suficiente para facilmente se concluir que aquele reduzido número espelha, antes, o uso pouco frequente que os algarvios fazem dos meios de transportes públicos, muito devido à escassez de oferta, salienta o estudo da DECO. 
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A falta de uma estratégia de integração e concertação entre os diversos modos de transporte e operadores, e os preços por estes praticados, tornam quase impraticável o recurso ao transporte público.
 
Por exemplo, o custo do passe mensal para o percurso entre Lagos e Faro de autocarro é de 136,55 euros e o passageiro que, para chegar ao seu destino final, precise de utilizar outra(s) carreira(s) urbana(s) ou interurbana(s), não só terá ainda esse custo adicional, como irá deparar-se com uma total ausência de articulação de horários.
 
As viagens de comboio, igualmente com preços "elevadíssimos", merecem por parte dos consumidores críticas pesadas relacionadas com a comodidade e segurança das composições, e a degradação e localização das estações. Além dessas melhorias, também se revela exigível a renovação das linhas, quer através da eletrificação de alguns troços, reduzindo assim os tempos de viagem entre as áreas, quer mediante novas ligações, com especial olhar sobre o turismo.
 
Perante tantas adversidades, a DECO dá o exemplo de um estudante que resida em Faro e ingresse na Universidade da cidade de Silves, considera mais sustentável abandonar a sua morada habitual do que embarcar no transporte público 5 dias por semana. 
 
Para um cidadão de Lagos não compensa aceitar um emprego em Vila Real de Santo António, cujo trajeto, por exemplo, por linha férrea, é superior a 3 horas, e um visitante chegado ao Algarve vê mais vantagens em alugar um veículo do que estar constantemente preocupado em adquirir vários títulos de viagem para conhecer o destino que elegeu.
 
No fundo, no Algarve, só faz uso habitual dos transportes públicos quem não tem alternativa.
 
Para a DECO "é urgente, a implementação de uma rede de transportes públicos regional - já que em bom rigor esta não existe -, com uma estrutura descentralizada e diversificada, com um sistema tarifário adequado e integrado, com acessibilidades e condições satisfatórias, com a inserção de uma estratégia turística e, até, internacional".