Família

Dicas para lidar com o egoísmo das crianças

 
O egoísmo acaba por ser um ponto quase inevitável do desenvolvimento infantil, uma vez que a criança cresce a acreditar que é o centro do mundo, pelo que, até determinada fase, os pais devem ter muito jogo de cintura e paciência, sendo que, com o passar do tempo, a exigência deve aumentar para que se possam corrigir esses traços infantis e dar lugar a uma nova postura e comportamento.

Em resumo, os psicólogos infanto-juvenis recordam que, a maioria das crianças passa pela fase “é tudo meu”, pelo que, para além da paciência dos pais e educadores pouco há a fazer, já que se trata de uma fase própria do desenvolvimento. Ainda assim, os entendidos nesta matéria deixam algumas dicas que podem melhorar a relação dos pais com os mais novos e, abrir caminho para a perda desse egoísmo que tantas vezes incomoda os cuidadores.
 
Aos três anos de idade é quando a criança está no auge do seu natural egoísmo. É nesta etapa que quer tudo, que é tudo dela e que os pais acabam por ficar embaraçados nas mais variadas situações por não saberem o que fazer.
 
É importante reter que, estes comportamentos fazem parte do desenvolvimento, do amadurecimento e da formação da personalidade. Com o passar dos anos, os mais novos vão perceber que não conseguem viver sozinhos, que precisam dos outros, pelo que terão de lhes prestar mais atenção e aprender a dividir, mas naturalmente que isso tem de ser ensinado no tempo devido.
 
Os psicólogos deixam algumas dicas para que os pais ultrapassem esta fase com mais tranquilidade e para que, ao mesmo tempo, possam ir corrigindo aquilo que é menos adequado no comportamento da criança. Eis essas dicas:
 
O seu filho não empresta os seus brinquedos?
 
Desde pequeno, podem ser aplicados gestos simples, no dia a dia que ensinam a arte de dividir, como por exemplo: dar metade de uma bolacha, pedir-lhe ajuda para fazer a cama, para arrumar o quarto, os seus brinquedos, elogiar um desenho que a criança tenha feito entusiasmadamente e, durante um dos seus ataques de egoísmo mostrar-lhe como é bom brincar em grupo e propor-lhe uma brincadeira com os outros amigos.
 
Na escola, no centro comercial, no parque,  no jardim e na casa dos outros, a sua filha acha que é tudo dela?
 
Nesta fase, os pais têm de reter que, tudo o que a criança vê, é alvo de um “é meu!”, tal acontece como já referimos acima, porque a criança entende que o mundo gira em seu redor. Como alternativa, os pais devem negociar com a criança. Anote que, até aos dois anos de idade, é mais fácil e preferível levar a criança para um outro local e desviar-lhe as atenções. Depois dessa etapa torna-se importante conversar com ela, explicar-lhe que aquilo não é dela, que é de outro menino ou menina, tendo sempre em atenção que a linguagem deve ser adequada à sua idade e de forma que a criança entenda. Fale olho no olho para que a criança perceba bem que está a falar com ela.
 
Uma dica interessante sugerida pelos psicólogos  é dizer para escolher o objeto que deseja para o seu aniversário ou para a próxima data festiva. Mas se não puder comprar, diga-lhe também a verdade.
 
Quando “o drama” ocorre na casa de outras pessoas, com um objeto de outra criança, por exemplo, explique-lhe que, tal como ela gosta desse brinquedo, também a outra criança ficaria muito triste sem ele porque igualmente também o aprecia muito. Enfatize que aquilo já tem dono e mude o foco da conversa.
 
O seu filho chora quando tem de devolver qualquer coisa?
 
Comece por valorizar a atitude do colega que emprestou o brinquedo, por exemplo. Descreva-lhe a situação em moldes parecidos com este: “Olha que bom, o teu amigo deixou-te brincar com isso, mas agora tens de devolver.” Se o choro persistir e a criança continuar agarrada ao objeto, faça com que ela se coloque no lugar do amigo. Pergunte: “ficarias feliz se ele não devolvesse o teu carrinho?”. Converse abertamente sobre o assunto e, apesar de parecer que a criança não entende, há sempre algo que vai reter, pelo que estas conversas são sempre muito importantes e, normalmente acalmam-na e levam-na a devolver o objeto em causa.
 
O seu filho adora ser o centro das atenções?
 
Em casa, não deixe que a criança interrompa a conversa dos adultos. Explique-lhe que todos devem contar a sua parte da história e que deverão ter espaço. Ao mesmo tempo, não deixe que o seu filho seja o tema de todas as conversas por muito que, por vezes isso possa parecer inevitável, sobretudo quando se está na presença de outros pais. É verdade que as crianças assumem um papel muito importante nas nossas vidas, mas é preciso algum equilíbrio e razoabilidade, pois a criança sente-se excessivamente importante quando os pais estão sempre a falar nela.
 
O seu filho faz uma birra quando os pais falam com outras pessoas ou elogiam outras crianças? Quer separar os pais quando estes se abraçam?
 
Isso acontece dos 2 aos 3 anos e é totalmente esperado, principalmente em relação à mãe. Apesar de ser um processo que faz parte do desenvolvimento, os pais precisam de agir e, nestes casos, o ideal é conversar com ela sobre o sucedido, mostrar-lhe que os pais são namorados e que por isso dão beijinhos, que a mãe também gosta de outras crianças apesar de gostar muito do seu filho, entre outras estratégias que os pais podem retirar a partir do conto de histórias, de lhes mostrar fotos ou simplesmente de repetirem a cena do beijo para que a criança entenda que é agradável e que até pode ser engraçado.
 
Não ceda a todas as vontades da criança e procure mostrar-lhe que o amor, a amizade, o tempo, a atenção e o carinho podem ser divididos com outras pessoas.
 
Claro que estas dicas requerem arte e muita paciência, mas acredite que o resultado será muito positivo!
 
Fátima Fernandes