Família

Dicas para melhorar a relação entre mãe e filha

 
É do domínio público que, a relação entre mãe e filha é complexa. Se há casos em que as duas são amigas e a relação flui de forma agradável e saudável, são muitas as situações em que estas duas mulheres não se entendem.

Muitas vezes de “costas viradas”, outras com uma relação pouco honesta e sincera para evitar conflitos, a realidade, segundo os entendidos nesta matéria, demonstra que, existem muitas situações mal resolvidas nesta convivência.
 
Segundo Roni Cohen-Sandler , psicóloga especializada nesta problemática, há três queixas principais que as filhas apontam às mães: a primeira é que estas tentam ser os pais, a segunda é que são muito exigentes e, por último, as mães são muito críticas.
 
Por seu turno, a mesma especialista identificou também as principais queixas das mães em relação às filhas: dizem que não as ouvem e que fazem más escolhas.
 
É um facto que, nos tempos atuais, a relação entre mães e filhas tem evoluído muito e que as meninas já contactam com uma convivência mais saudável com a sua progenitora, no entanto, são muitos os casos em que, mães e filhas não se entendem e vivem muitos conflitos resultantes da diferença de mentalidades e da forma como a mulher era encarada socialmente na família.
 
A mulher de hoje trabalha fora de casa, divide as tarefas domésticas com o parceiro e ambos cuidam dos filhos. No passado, a mulher estava adstrita ao lar, era ela quem cuidava dos filhos, quem lhes exigia um comportamento social exemplar, sendo que, as meninas eram, desde logo, tratadas de forma distinta, pois “tinham de se preparar para dar continuidade a esse padrão familiar”. A filha era o “espelho” da mãe, pelo que se a educação corresse mal, era à progenitora a quem eram apontadas as falhas. Para que tal não acontecesse, a mãe exigia muito e criticava tudo o que a filha fazia para que esta fizesse sempre melhor.
 
Muitos especialistas acreditam que, a maior tensão que existe na relação entre mãe e filha se deve ao passado mal resolvido, sendo que a mãe continua muitas vezes ligada ao que aprendeu e sem dar espaço à novidade e, por seu lado, a filha quer uma maior liberdade e experimentar um modelo mais atualizado.
 
Só por aí já estão reunidas as condições para que estas duas mulheres não se entendam, pelo que, na posição dos entendidos nesta matéria, faz sentido melhorar a postura de parte a parte para que o entendimento seja uma realidade.
 
É também verdade que, muitas filhas se afastaram das mães para conseguirem viver um tempo novo, enquanto que, também há bons exemplos de mães que evoluíram e que conseguem estar ao lado das filhas na maior parte dos aspetos e, com isso “salvaram” uma relação que parecia perdida.
 
No que se refere a mudança de mentalidade, os especialistas apontam algumas dicas que podem ajudar na construção de uma relação saudável e equilibrada:
 
1- Mãe e filha não podem estar à espera que apenas uma dê o primeiro passo para melhorar a convivência. Ambas precisam de ceder um pouco para poderem conversar abertamente sobre o que se passa.
 
2- Ninguém muda ninguém, pelo que cada pessoa se deve concentrar na sua própria mudança. Neste ponto é importante ter em conta que, tanto a mãe como a filha não podem estar à espera que a outra mude, mas sim fazer um esforço para conseguirem, cada uma por si, alterar qualquer coisa para que a relação melhore.
 
3- Seja realista na forma de analisar e entender a sua filha/mãe. Procure ver a outra parte tal como é e, a partir daí tente encontrar a melhor forma para se ajustar. Tanto a mãe como a filha sabem exatamente como são, pelo que apenas podem esperar as suas próprias atitudes, não as da outra parte. Neste sentido, é importante o respeito mútuo e a consciência de que cada pessoa é igual a si mesma e que, se mudar de atitude é porque chegou à conclusão de que algo estava errado na sua postura e comportamento, pelo que não vale a pena forçar ou fingir uma mudança que não existe.
 
4- Mães e filhas têm de se encarar como seres humanos ao invés de alimentarem uma guerra que não as leva a lado algum. Ambas são pessoas, ambas têm sentimentos, ambas querem viver em paz, ambas querem aprender e construir uma vida mais feliz. Perante esta constatação, faz sentido conversar e procurar encontrar uma forma de relacionamento capaz de contemplar as diferenças e as afinidades.
 
5- Estabelecer limites é a base para que qualquer relação funcione bem, pelo que mãe e filha devem saber muito bem até onde podem ir e qual é o limite que não pode ser ultrapassado pela outra. A mãe deve respeitar a filha e esta igualmente lhe deve respeito. A filha tem a sua vida tal como a mãe deve proteger a sua privacidade. Mãe e filha não têm de contar tudo uma à outra, muito menos dar explicações do que quer que seja. Ambas são livres para partilharem somente o que desejam.
 
6- Nem a mãe nem a filha possuem a capacidade de adivinhar o que vai no pensamento da outra, por isso, é fundamental conversar e, quando há dúvidas, as mesmas devem ser esclarecidas e colocadas em evidência. Um dos motivos que leva à rutura entre mãe e filha é precisamente a ilusão de que ambas pensam pela mesma cabeça e que conseguem saber tudo o que a outra pensa. Nada mais errado! É mesmo preciso dialogar, pois ninguém tem esse poder.
 
7- Ambas precisam de muita empatia para que a relação funcione. A arte de se conseguirem colocar no lugar uma da outra é a chave para que a relação se desenvolva de forma salutar. Por um lado, a filha deve compreender que a mãe faz parte de outro tempo e que, por vezes, tem dificuldade em se adequar à mudança. Ao mesmo tempo, a mãe deve procurar entender que a sociedade é dinâmica e que não pode querer que as novas gerações reproduzam os modelos do passado. Só com esta compreensão de parte a parte é que mãe e filha podem encontrar a harmonia.
 
A par destas dicas, os especialistas registam a importância do perdão, uma vez que, sermos capazes de nos perdoar é a chave para conseguirmos avançar. No entanto, não temos de tolerar e de aceitar tudo, pois isso também não daria lugar a uma relação saudável e honesta. Temos sim de fazer um esforço por tentar compreender a outra parte e por assumirmos também a nossa.
 
Se há situações em que é possível viver esta relação de forma agradável para ambas, muitos também são os cenários em que a negatividade, os maus tratos, as humilhações e agressões são tão expressivas que não há volta a dar. Os terapeutas familiares são os profissionais indicados para ajudar a resolver conflitos familiares, por isso, se acreditam que a vossa relação pode melhorar, se ambas estão dispostas a mudar algo, não hesitem em recorrer a esse apoio.
 
De forma alguma tentem resolver os vossos conflitos com o apoio de outros familiares ou amigos, pois está provado que isso só aumenta a intensidade do desacordo. Procurem em conjunto ultrapassar o que vos afasta e, se necessário, peçam ajuda a quem realmente está habilitado para isso.
 
Fátima Fernandes