Família

Dicas para orientar os seus filhos para um futuro mais risonho

 
Segundo os especialistas em psicologia na área educacional, estão a aumentar os problemas de saúde mental nas nossas crianças e jovens, essencialmente devido à falta de esperança e de confiança no futuro.

De acordo com os mesmos entendidos, «é importante que preparemos os nossos filhos para a capacidade de saberem lidar com a frustração, com o desânimo e com os momentos mais difíceis. Para isso, é preciso começar desde cedo a fornecer-lhes ferramentas que os protejam dessa negatividade, sendo que, o exemplo dos pais constitui um forte alicerce para este percurso mais alegre, risonho e realista».
 
É fundamental educar os mais novos para a capacidade de sonhar, de acreditar no futuro e de construir um propósito, para isso, é imperioso prepará-los para o sucesso, mas também para as adversidades e mostrar-lhes o quanto essa forma de estar na vida favorece a saúde mental e o bem-estar em geral.
 
Naturalmente que é importante dar-lhes o básico para que se sintam confortáveis, oferecer-lhes desafios e formas elaboradas de aprendizagem, tal como fornecer-lhes estímulos para que se sintam motivados. Uma casa confortável é essencial à qualidade de vida, tal como dispor de ferramentas tecnológicas adequadas, no entanto, isso não basta, pois na posição dos mesmos entendidos na matéria, é preciso dedicar tempo aos nossos filhos, explicar-lhes o mundo, contar-lhes as nossas vivências e experiências e, acima de tudo, mostrar-lhes que os pais também passaram e passam por situações negativas, mas que, ainda assim, continuam a lutar e a levantar-se diariamente para trabalhar e para enfrentar a vida que é exigente.
 
É preciso mostrar este lado realista aos nossos filhos, tal como é essencial incentivá-los para que sonhem e tenham um propósito, alertam os especialistas na área educacional. Para ajudar os pais nessa árdua tarefa, deixamos-lhe algumas dicas que podem fazer muita diferença no que se refere à confiança no futuro:
 
1- Não alimentar a desesperança em nós e nos nossos filhos.
 
Habituamo-nos a normalizar a convivência com uma tristeza funcional. Aquela que não nos pesa o suficiente, e que nos permite levantar da cama e sair de casa todos os dias, mas que se aloja em nós e nos impede de sermos mais soltos e felizes. No fundo, somos acompanhados por uma desesperança que, nos garante um grau de funcionalidade suficiente para que não seja percebida por quem olha de fora.
Entendemos essa dimensão como um estilo atribucional em que qualquer evento é inferido negativamente. Não se acredita que, o que está mal hoje possa melhorar amanhã e, assim acomodamo-nos a esse sobreviver ou passar pela vida, desde muito cedo. É comum que, muitas das nossas crianças e jovens já vivam nesse registo por herança dos pais.
 
Neste ponto, é fundamental que, interpretemos que, há coisas que, efetivamente não vão mudar, mas que há outras que podem conhecer novos contornos. É a isso que chamamos de esperança e de confiança no futuro. Ao mesmo tempo,  a desesperança também consiste em perder todo o significado da vida e não ter um propósito.
 
Não é difícil deduzir que esse foco mental é um fator direto de vulnerabilidade psicológica, o mesmo que constrói transtornos depressivos e ideação suicida, por isso, temos de aprender a reverter esses pensamentos e a tornar-nos mais livres e confiantes para que o possamos transmitir aos nossos filhos.
 
2- Ser pais emocionalmente disponíveis
 
A maternidade e a paternidade não são apenas estar fisicamente presentes na vida dos filhos. Significa saber como estar disponíveis em todos os sentidos, principalmente no plano emocional. Ser uma presença próxima ao lidar com deceções, frustrações, medos e ansiedades é essencial. Ensiná-los a lidar com o que sentem, a normalizar as emoções de valência negativa sem bloqueá-las é algo essencial que favorece o bem-estar das crianças.
 
3- Motive os seus filhos para que tenham metas e propósitos
 
É ainda de sublinhar que, quando se fala de objetivos e propósitos, não os podemos direcionar apenas para os adultos, uma vez que, os mais novos também precisam dessas referências desde cedo. A infância deve ser alimentada pelos sonhos do quotidiano, pela capacidade de se maravilhar, de descobrir coisas novas com as quais desenhar novos objetivos no horizonte. A adolescência também não faz sentido se não estiver atrelada a desejos, metas e propósitos de curto e longo prazo. É importante que possamos motivá-los e encorajá-los a definir os seus próprios objetivos, evidenciam os mesmos especialistas.
 
4-Ensine-os a resolver problemas
 
Para proteger os nossos filhos da desesperança, é fundamental fornecer-lhes ferramentas e estratégias adequadas à sua idade para que, aos poucos, aprendam a resolver os seus problemas sozinhos. É importante que os mais novos ganhem autonomia e entendam que podem atingir muitos objetivos.
 
A satisfação que obtêm por alcançá-los favorece a sua autoestima. Ainda neste contexto, é preciso registar que, a desesperança se alimenta de negatividade, da falta de propósito e da baixa autoestima. Uma forma de protegê-los desses filtros mentais adversos é estar por perto, orientando-os  e fortalecendo-os para que aprendam a fazer face à sua realidade e aos seus problemas. Na posição dos especialistas na área educacional, é dessa forma que, os mais novos vão ganhar autoeficácia e autoestima.
 
5- Menos exposição aos ecrãs e mais experiências de vida
 
Entre os 3 e os 9 anos de idade, os nossos filhos tornam-se nativos digitais. A partir daí, e durante a pré-adolescência e a adolescência, o mundo é meramente interpretado através dos ecrãs. A solução passa pela redução da sua utilização e, acima de tudo, que os pais promovam situações em que os mais novos possam vivenciar outras experiências do mundo real. Esta opção promove tanto a saúde mental como a saúde em geral, sobretudo se inscrever os seus filhos numa modalidade desportiva ou em qualquer outra atividade que os afaste dos ecrãs.
 
6- Incentive as relações entre pares
 
Desde cedo, é importante incentivar os nossos filhos para que se socializem com outras crianças e que construam laços afetivos. Este ponto é fundamental  porque os mais novos precisam de momentos para conversar, para rir e para brincar com as demais, pelo que, quando os pais facilitam essas interações, os mais novos são mais livres e felizes.
 
7- Promova a resiliência  nos seus filhos
 
É decisivo que pais, educadores e profissionais de saúde assentem nos seus alunos as bases dessas competências para prepará-los para as adversidades. Assim, torna-se fundamental ensinar os mais novos a tolerar a incerteza, a frustração e a ter valores claros. Os adolescentes ganham  esperança no futuro quando conseguem implementar um pensamento que lhes permite ser mais decisivos e flexíveis, pelo que, os pais e demais adultos devem mostrar a realidade com clareza de forma a que os jovens se enquadrem o mais possível e tenham oportunidade de construir também os seus valores.
 
Por fim, para que as novas gerações conquistem mais saúde mental, vamos apostar numa educação baseada na realidade, nas relações, no diálogo e na compreensão para que vivam mais experiências e com maior segurança para que os nossos filhos tenham um futuro mais risonho.
 
Fátima Fernandes