Família

Dicas para pais de crianças indisciplinadas

 
Muitos pais nem se dão conta do quanto os filhos são indisciplinados. Uma chamada de atenção na escola, um reparo na fila do supermercado ou um comentário menos feliz de alguém, são normalmente o pretexto para essa tomada de consciência.

A criança ou jovem vai fazendo o que lhe apetece até ao dia em que os pais se dão conta dos seus comportamentos indisciplinados. É aí que param para pensar e, nem sempre sabem por onde começar a inverter a situação.
 
De acordo com os educadores e profissionais em matéria educativa, «por trás de uma criança indisciplinada há, efetivamente, um modelo educativo incorreto».  Quer isso dizer que, por muito que os pais não se tenham apercebido, a educação que estão a fornecer aos filhos não é a mais adequada, pois caso contrário, não estaríamos na presença de uma criança indisciplinada.
 
É fundamental que tenhamos bem presente que, a disciplina começa a transmitir-se no berço e prolonga-se pela vida fora, pelo que, os pais assumem um papel decisivo em todo esse processo.
 
Naturalmente que, quando as crianças são muito pequenas, temos uma maior dificuldade em compreender e discernir os seus comportamentos, mas à medida em que vão crescendo, vamos registando a falta de regras e de valores que, em muito condicionam a sua postura em sociedade e compromete a relação que estabelecem com os demais.
 
Não é por acaso que as regras existem e que são muito importantes, é porque garantem a boa convivência social e o respeito pelo espaço público e por todos os seus intervenientes.  Se a criança ou jovem não foi habituada a respeitar os outros nas mais variadas situações, certamente que não se saberá comportar e será alvo de repreensões. É isso que os pais têm de registar quando deixam que os filhos façam tudo, alertam os especialistas.
 
Um dado importante a ter em conta é que, pode dar mais trabalho, mas nenhuma criança ou jovem está perdido. Os pais podem sempre inverter uma má conduta, mas para isso, é fundamental que lhe dediquem tempo, interesse e atenção.
 
Na posição dos entendidos, apesar de ser mais fácil educar uma criança mais pequena, é sempre possível corrigir os problemas de indisciplina quando existe essa vontade, contudo, as técnicas têm de ser bem ajustadas à idade da criança ou jovem, os objetivos têm de ser claros, o diálogo deve ser parte integrante da relação, sem esquecer a componente afetiva, a calma e a muita paciência.
 
Por norma, as crianças indisciplinadas são exigentes, autoritárias, agressivas, impulsivas e não sabem lidar com a frustração, o que acentua todos esses comportamentos.
 
São crianças que não foram controladas e que não tiveram limites estabelecidos. Segundo os entendidos, a indisciplina é, em essência, uma falta de controle e de orientação por parte dos que têm a responsabilidade de educar. É verdade que cada criança é única, que dispõe de uma personalidade própria e de um caráter que, com certeza, não é igual ao caráter do irmão, por exemplo. No entanto, é tarefa de nós todos, como pais, mães, avós, professores ou psicólogos, enquadrar cada comportamento a tais limites, onde temos que aprender a viver em sociedade, respeitando-nos uns aos outros em harmonia.
 
Uma criança sem limites, será alguém que está sempre a chamar a atenção e, para isso, usa os mais variados recursos, sendo crescente a sua desobediência e atitudes agressivas. Tal acontece porque, a criança sem limites, não consegue que os seus desejos sejam cumpridos, pelo que procura sempre mais e mais atenção, mais e mais objetos que a possam satisfazer, mais brinquedos, mais presentes e daí por diante.
 
É fundamental que os pais saibam dizer “não” e que lhe coloquem barreiras á frente para que saiba exatamente onde está o fim de uma situação, de um comportamento, de uma atitude, recomendam os mesmos profissionais na área da educação.
 
Uma criança ou jovem sem limites, não se consegue respeitar a si mesma, muito menos os demais, daí se dizer vulgarmente que é mal educada e que não tem regras ou disciplina.
 
Os entendidos relatam a frequência com que se encontram cada vez mais crianças ou jovens com comportamentos incorretos e, «o pior de tudo, é que os pais são muito despreocupados e pouco fazem para alterar a situação. Só quando os filhos começam a dar problemas é que os progenitores pensam nas consequências dos seus atos».
 
Por norma, «são modelos educativos muito permissivos; às vezes, inclusive, pouco afetivos, nervosos, incoerentes nas suas regras, o que traduz uma educação indisciplinada, pois a criança não é repreendida quando comete um erro, não é chamada a atenção quando faz algo de menos positivo e acaba por acreditar que está a fazer tudo bem, pois quando os pais autorizam, à partida, está tudo certo. Mas na realidade, não é bem assim, estes pais não repreendem porque não o sabem fazer ou porque simplesmente não se importam com os comportamentos dos mais novos.
 
De acordo com os mesmos entendidos, para educar crianças, é necessário assumirmos uma série de ideias básicas:
 
– Temos que assumir a nossa autoridade. Cuidado: autoridade não tem nada a ver com levantar a voz, gritar, aplicar normas inflexíveis ou castigos severos. Dispor de autoridade significa que, como pais, temos a responsabilidade – e a obrigação – de educar pessoas para viver em sociedade. Pessoas que compreendem as normas, que aprendem a ser independentes, a assumir responsabilidades e a respeitar os demais. As nossas ordens devem ser coerentes e lógicas.
 
– Aprender a colocar limites. As crianças devem saber o que está bem e o que não está, o que se espera delas em cada situação e o que podem fazer e o que não podem. Se esses limites forem coerentes e se mantiverem, as crianças serão capazes de assumi-los ao longo da vida e vão crescer com um correto entendimento das normas. Se não sabem onde estão os limites, estamos a educar jovens e futuros adultos com pouca resistência à frustração, pessoas essencialmente infelizes e insatisfeitas.
 
– Educação democrática. É básica. Todas as regras devem ser negociadas explicando também qual é a finalidade. Os pais  precisam de mostrar proximidade e compreensão para com as crianças, para que saibam que serão sempre escutados, que as suas palavras têm importância e que as regras têm como finalidade dar instruções para lhes ensinar que a sociedade em que vivem também é formada por regras. É preciso dar exemplos, estabelecer uma comunicação aberta, onde não haja chantagens nem duplo sentido.
 
É ainda de anotar que, as crianças indisciplinadas são, às vezes, o reflexo de uma educação errônea, permissiva e pouco interessada. Como pais e como educadores, entendemos que ter filhos é uma grande responsabilidade. Devemos esforçar-nos e servir de modelo, como orientadores numa sociedade na qual devemos aprender a ser felizes. Para isso, devemos respeitar, valorizar, escutar, ceder, assumir e empreender, requisitos que só se conquistam com uma boa disciplina e um referencial de regras e valores, por isso, invista em si e invista nos seus filhos diariamente!
 
Fátima Fernandes