Curiosidades

Dicas para quando a vida não lhe corre bem

 
Todos já passamos por momentos em que nada parece fluir a nosso favor, situações adversas em que queremos uma coisa e sentimos uma enorme dificuldade ou mesmo impossibilidade em obtê-la.

Não havendo muitas explicações científicas para esse fenómeno, o que podemos acreditar é que a vida tem mesmo altos e baixos e que, há situações em que não vale a pena continuar numa linha que parece não nos levar a lado algum. Por isso, é preciso parar, pedir ajuda a um amigo e, em casos mais graves, recorrer ao apoio especializado. Não é vergonha nenhuma assumir que se quer muito uma coisa e que não se consegue e, por vezes, uma opinião pode ajudar-nos a melhorar o nosso estado de alma e a preparar-nos para tentar novamente. Nunca se esqueça que, em determinadas situações, basta pensar cinco graus ao lado para encontrar uma resposta melhor e mais atualizada.
 
Depois, é também interessante reconhecer que, cada pessoa vive as adversidades de uma forma e que, umas apreciam a ajuda dos outros, enquanto que há quem opte por se encontrar dentro de si no seu silêncio e dispense companhia. Insistir nestes casos ainda pode ser pior, por isso, devemos respeitar o tempo e o modo de cada um resolver os seus problemas. O essencial é que consigamos estar disponíveis para quem precisa quando o outro nos solicitar esse apoio.
 
No seu livro «O que nos faz Felizes», Daniel Gilbert, um psicólogo de Harvard, revela algo que tem chamado a atenção dos especialistas e que é o motivo de tantas diferenças individuais neste assunto. Segundo este autor, há pessoas que passam pelas situações e que as ultrapassam com uma força incrível, enquanto que outras, em situações menores, entram numa depressão profunda. Na posição deste especialista, tal acontece devido ao sistema imunológico emocional, um mecanismo que o cérebro tem ao seu dispor «para processar cada evento de forma mais resistente, construtiva e positiva».
 
Neste sentido, existem pessoas com “melhores defesas” e outras que são definidas por uma resposta imunológica mais deficiente, defende o mesmo autor.
 
Ativar, revitalizar e fortalecer este sistema está nas nossas mãos, principalmente nesses momentos em que nos perguntamos: “Porque é que nada acontece como eu quero?”. Segundo Daniel Gilbert, existem um conjunto de estratégias que podemos aplicar quando nos sentimos assim, técnicas essas que nos ajudam a melhorar o estado de alma, a nossa relação com os outros, com o mundo e, especialmente connosco próprios.
 
O primeiro passo é parar. Quando percebemos que as coisas não estão a decorrer como desejamos e até planeamos, o importante é parar e pensar até que ponto a nossa perceção possa estar distorcida. Quer isto dizer que, o nosso desconforto interno está «a colocar óculos escuros no nosso olhar», aqueles cujas lentes não são capazes de captar a luz, o positivo e até o que está a correr bem. Nesse momento, nem temos capacidade de distinguir o certo do errado, o bom do mau porque simplesmente estamos a ver tudo negro. É aqui que temos de intervir. É preciso perceber há quanto tempo estamos a ver as coisas nessa perspetiva, pois podemos estar a passar por uma depressão, afinal nunca está tudo mal ao mesmo tempo. Passamos por uma situação negativa e procuramos resolve-la, depois virá outra, mas na realidade, há sempre coisas boas em nosso redor e, são essas que precisamos de resgatar diariamente para não entrarmos nesse abismo.
 
É importante que saibamos parar e ir ao fundo de nós, entrar em contacto com o nosso “eu” interior para entender o que está a acontecer.
 
Talvez seja o momento de pedir ajuda, recomenda o mesmo especialista.
 
Esse é também o momento para redefinir metas: o que eu preciso é mais importante do que o que eu quero, por isso, é tempo de refletir e avaliar até que ponto estou na pista correta, pois em muitos casos, podemos não ter sonhos realistas, podemos não estar à altura do desafio e precisar de encontrar alternativas.
 
É ainda preciso ter em conta que, há momentos em que muitas das coisas pelas quais ansiamos e sonhamos não estão em sintonia com as nossas possibilidades ou com o momento presente, por isso, temos de ponderar, redefinir e atualizar os nossos sonhos. Nem sempre temos de desistir, mas certamente que temos de modificar algo para que se torne mais acessível e concretizável.
 
Segundo Daniel Gilbert, essa pausa ajuda-nos a encontrar o que queremos para este momento presente e a definir o que podemos deixar para amanhã.
 
Nestes momentos, é importante falar com alguém, uma vez que, conversar sobre o assunto nos vai ajudar a relativizar e a perceber que “isso vai passar”.
 
Não se esqueça de que, é muito fácil ficar preso no labirinto da angústia quando percebemos que nada está a acontecer como desejamos. Aos poucos, chegamos à conclusão de que ou o destino conspira contra nós ou, pior ainda, somos incapazes de fazer algo corretamente. Chegar a esses extremos é muito perigoso e deve ser evitado ao máximo, por isso, é importante que desabafe, que fale abertamente sobre aquilo que o inquieta.
 
Uma maneira de colocar os pés no chão e encontrar o equilíbrio é ter alguém para apoiá-lo. Existem pessoas que atuam como “o nosso farol e a nossa âncora”. São aquelas figuras capazes de nos ajudar a relativizar e  a mostrar-nos que, mesmo em tempos difíceis, não devemos deixar-nos levar pela negatividade mais extrema. Uma excelente opção pode ser um aconselhamento psicológico.
 
Depois, é tempo de começar a sentir mais do que a pensar, pois acima de tudo, «eu devo encontrar o meu ponto de equilíbrio e de bem-estar». Se nada acontece como eu quero, então é o momento certo para avaliar como me estou a sentir no meio do processo.
 
Nesses momentos em que tudo são deceções, resultados inesperados, fracassos e surpresas desagradáveis, «a mente é uma fábrica de preocupações», que nunca descansa e o seu mecanismo está ligado 24 horas por dia, 7 dias por semana. Nesses estados, a única coisa que fazemos é aumentar a ansiedade e tomar decisões erradas, pelo que, devemos ter em conta que, quando nos encontramos no meio dessas situações, o mais adequado é parar de pensar para nos limitarmos a sentir.
 
Existem tarefas e atividades feitas para os sentidos, para exercitar o corpo e acalmar a mente. Passear, ouvir música, desenhar, escrever, pintar, conversar com os amigos, viajar, meditar, descansar, são alguns bons exemplos disso. Dar-se um tempo para se limitar a ser e a sentir reduz o ruído mental para reiniciar, dar um passo atrás e ver as coisas a partir de outra perspetiva.
 
Com este conjunto de dicas, certamente que vai conseguir desligar o circuito que estava fechado num só sentido e dar-se oportunidade de ver a realidade de uma forma mais alargada. Acredite que, numa segunda situação, já estará mais forte e preparado para reagir mais rapidamente a uma adversidade e assim sucessivamente.
 
Fátima Fernandes