Comportamentos

É dependente das redes sociais? Conheça os principais perigos

 
São cada vez mais os psicólogos e psiquiatras que alertam para os perigos de dependência das redes sociais, assinalando mesmo que, estas podem ser tão ou mais viciantes do que qualquer uma droga, sendo as suas consequências prejudiciais para a saúde.

De um modo geral, a dependência das redes sociais, à semelhança de um qualquer outro vício, provoca ansiedade, irritabilidade, mau-estar, falta de autocontrole, entre outros sintomas a que devemos estar atentos, recomendam os especialistas.
 
Tendo por base um estudo realizado pela Chicago Booth School of Business, «o Facebook, Twitter e outras redes sociais têm uma capacidade de viciar superior à do tabaco ou do álcool porque, entre outras coisas, o seu acesso é simples e gratuito».
 
Na posição de muitos especialistas, o uso das redes sociais - incluindo aplicativos de mensagens instantâneas - «pode  criar sérias dependências , cujas consequências já vão sendo amplamente conhecidas: ansiedade, depressão, irritabilidade, isolamento, distanciamento da vida real e das relações familiares, perda de controle, insónias, etc.
 
Segundo a Real Academia da Língua, «o vício é uma dependência de substâncias ou atividades nocivas para a saúde ou equilíbrio psíquico». Entre essas atividades estão, por exemplo, o uso de videojogos - já catalogado como doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS) -, o trabalho compulsivo, o jogo on e offline e, para muitos, também a utilização excessiva das redes sociais que, na realidade, já contam com mais de 3 biliões de utilizadores ativos em todo o mundo. No entanto, apesar dos elevados números, os especialistas consideram que só uma pequena percentagem apresenta uma verdadeira dependência das redes sociais, o que ainda assim, é motivo de alerta e de passagem da informação, já que a melhor forma de prevenir os problemas é o conhecimento sobre o assunto.
 
De acordo com os especialistas, há pessoas mais propensas a desencadear essa dependência pelas redes sociais, são elas as que apresentam baixa autoestima, insatisfação pessoal, depressão ou hiperatividade e, inclusive, pessoas que apresentam falta de afeto, carência que muitas vezes os adolescentes e não só, tentam preencher com os famosos “likes”.
 
Se o perigo é para todas as idades, são os mais jovens o principal alvo desta dependência, sobretudo porque procuram preencher o vazio que podem sentir em alguns momentos e acabam por depender das redes e desse círculo de amigos ainda que virtuais, mas que lhes alimentam, nem que momentaneamente, essa carência e fragilidade, anotam os especialistas.
 
Ainda relativamente aos mais novos, estes procuram «quase compulsivamente as redes sociais, para experimentarem uma intensa - mas sempre breve - sensação de satisfação que, no entanto, pode ser contraproducente uma vez que os torna dependentes da opinião dos outros».
 
Segundo os estudos conhecidos, o principal perfil do dependente é o de um jovem de 16 a 24 anos. A ciência alerta que, os adolescentes são os que correm um maior risco de cair na dependência por três motivos fundamentais: apresentarem uma tendência para a impulsividade, a necessidade de terem influência social ampla e expansiva e, finalmente, a necessidade de reafirmarem a identidade de grupo.
 
Sherry Turkle, psicanalista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), pesquisou extensamente o impacto das redes sociais nas relações e afirma que estas fragilizam os laços humanos. Segundo a mesma investigadora, os jovens estão cada vez mais ligados e, ao mesmo tempo, queixam-se cada vez mais de solidão, pelo que, segundo a mesma especialista, «os laços que formamos através da Internet não são, no final, os laços que unem, mas sim os laços que preocupam».
 
É ainda importante conhecer os sintomas da dependência das redes sociais e fazer a sua sincera avaliação para poder dar um novo sentido à sua vida. Veja se se enquadra nestes sintomas:
 
Nervosismo quando não tem acesso à Internet, a rede social não funciona ou está mais lenta do que o habitual.
 
Consultar as redes sociais assim que se levanta e antes de se deitar.
 
Sentir-se inquieto se não tiver o smartphone ao seu alcance.
 
Caminhar utilizando as redes sociais.
 
Sentir-se mal se não receber gostos, respostas ou visualizações.
 
Usar as redes sociais enquanto conduz.
 
Preferir a comunicação com amigos e familiares através das redes sociais em vez de frente a frente.
 
Sentir necessidade de partilhar qualquer coisa da sua vida diária.
 
Achar que a vida dos outros é melhor do que a sua, em função do que vê nas redes.
 
Registar em fotos ou texto tudo o que faz por exemplo numa viagem ou numa pequena deslocação.
 
Depois, importa prevenir o problema e, para tal, os especialistas recomendam:
 
Estabelecer um tempo máximo de 15 minutos entre conexões.
 
Prescindir do smartphone em momentos-chave do dia como por exemplo nos horários das refeições.
 
Desativar as notificações automáticas.
 
Ativar o modo silencioso do smartphone e não utilizá-lo, nem como relógio, nem como despertador, para evitar a tentação.
 
Estabelecer um tempo diário para desenvolver atividades totalmente desconectadas — como praticar desporto, ler ou ouvir música.
 
Reduzir o número de amigos nas redes sociais.
 
Eliminar aplicativos e abandonar grupos de WhatsApp prescindíveis.
 
Perante estas recomendações é preciso que cada pessoa faça a sua própria análise, que assuma a sua dependência digital e que mude rapidamente de rumo, sob pena de começar a manifestar os sintomas que apresentamos acima.
 
Lembre-se também que, a própria pessoa nem sempre se apercebe dessa dependência, uma vez que, está tão envolvida nesse mundo virtual que não é capaz de sinalizar os seus problemas, pelo que, os outros à sua volta podem e devem dar uma preciosa ajuda dizendo o que se está a passar. É nesse ponto que, este apontamento pode ser produtivo para o próprio e para quem convive com alguém que é dependente das redes sociais. Anote ainda que, quando não se consegue desligar sozinho, temos de pedir ajuda especializada e, nesse contexto, um psicólogo ou psicoterapeuta pode dar uma ajuda valiosa. Não hesite em recorrer a quem o pode ajudar logo que se aperceba de que está dependente das redes, pois só dessa forma poderá evitar mais prejuízos para a sua saúde física e mental.
 
No caso dos pais, estes também devem ser vigilantes em relação aos comportamentos dos jovens, já que os mesmos podem entrar numa teia de dependência perigosa, pelo que nada custa conversar com os mais novos, procurar saber o que fazem nas redes, com quem convivem, o que procuram, o que sentem e daí por diante. O diálogo será sempre a base para ultrapassar os problemas que, em muitos casos, podem ir muito além da dependência e ganhar outras proporções como é o caso de ligações a grupos suspeitos e dos quais se deverão afastar imediatamente. Só uma presença ativa dos pais poderá ajudar a minimizar esses problemas, uma vez que, os mais novos entram nas redes sem que muitas vezes estejam preparados para enfrentar os perigos que lhes podem estar relacionados.
 
Fátima Fernandes