Comportamentos

É emocionalmente flexível? Saiba como pode treinar essa habilidade

 
Essencial à manutenção dos relacionamentos e ao encontro connosco próprios, a flexibilidade emocional é uma habilidade que se constrói e aplica diariamente.

Na posição dos especialistas, o maior condicionalismo à flexibilidade emocional é a necessidade de organizar tudo em nós próprios e ao nosso redor, o que nos torna rígidos e pouco abertos ao novo; àquilo que podemos receber do exterior e transformar em algo melhor dentro de nós, pelo que, o segredo é deixar as nossas emoções fluírem e a vida seguir o seu curso natural.
 
Afastarmo-nos da perfeição e do excesso de exigências pessoais e com os demais, é o primeiro passo para que consigamos dar espaço à flexibilidade emocional, à autoconfiança e ao bem-estar, reforçam os mesmos entendidos.
 
Na prática, ser emocionalmente flexível traduz adequarmo-nos às circunstâncias emocionais, ou seja,  desenvolver a capacidade de deixar as nossas emoções fluírem e sermos tolerantes às mudanças; o que deve ocorrer em diferentes contextos e áreas de vida. No fundo, desenvolvermos a arte de nos ajustarmos aos diversos eventos de vida, é a base para que sejamos mais flexíveis.
 
Os entendidos na matéria alertam, no entanto, que esta habilidade não se consegue de um dia para o outro e que, não podemos exigir uma perfeição, sob pena de já estarmos a condicionar a nossa liberdade emocional. Devemos sim ter em conta que é um processo contínuo no tempo, com tentativas e erros, difícil de alcançar porque a vida sofre muitas mudanças e apresenta-nos sempre novos desafios, pelo que devemos gerir tranquilamente as nossas emoções, analisar as situações e ajustar-nos a cada momento o melhor possível, na certeza de que, com uma mente aberta, tudo será mais fácil e enriquecedor já que existe um sistema de trocas entre nós e os outros.
 
Os mesmos especialistas reiteram que, existem várias formas de aumentar a tolerância emocional sendo que, para começar, pode seguir estas estratégias simples:
 
Solte-se para que possa tornar o seu caminho mais livre. Não se prenda àquilo que o magoa e afaste-se de tudo o que é tóxico. Liberte-se para receber melhores influências.
 
Reconheça que cada emoção tem o seu valor, pelo que, ignorá-las não é saudável, pois cada uma cumpre uma função; cada uma tem uma energia da qual podemos nos nutrir e uma mensagem com a qual podemos aprender.
 
Cultive a resiliência. Trata-se da habilidade de lidar com os problemas. Por mais frustrados que estejamos, podemos transformar esses sentimentos em coragem e esforço, que mais tarde serão recompensados com grandes momentos.
 
Aprenda com o passado. Há momentos em que é fácil perder o controle; se aprendermos com as nossas experiências, poderemos usar esse conhecimento preventivo como alerta para futuras situações e para evitar repetir o mesmo erro.
 
Desligue-se do remorso. O sentimento de culpa esgota e faz –nos ficar presos ao passado. Embora seja importante aprender, não é saudável que nos agarremos a algo que já aconteceu e não podemos mudar.
 
Abrace os seus medos. Dificilmente o medo não aparece, pois constitui a parte mais poderosa do nosso sistema de alarme. Então, em vez de fingir que eles não existem, vamos abraçá-los e enfrentá-los, indo ao fundo dos mesmos e assumi-los.
 
Permita que as suas emoções fluam e aprenda a conviver com elas. Não tenha medo de dizer a si mesmo o que sente em cada momento.
 
Cultive relacionamentos saudáveis. Para isso, é necessário utilizar o seu autoconhecimento e autoestima. Se nos valorizamos e soubermos como somos, podemos ser mais flexíveis e construir relações que se baseiem nesta capacidade. Além disso, é essencial que nos cerquemos de pessoas que não sejam tóxicas, pois isso enfraquece a nossa flexibilidade emocional.
 
Faça atividades e, tenha em mente que exercício físico nos ajuda a estar mais focados e a nos sentirmos melhor graças aos neurotransmissores e endorfinas que liberta. Também a arte nos permite transformar a angústia em algo agradável.
 
Ao mesmo tempo, é preciso ter em conta que não somos portadores de todas as respostas, pelo que, é fundamental dar um espaço ao subjetivo e às opiniões dos outros, já que, com elas poderemos aprender mais e enriquecer-nos. Tenha em mente que, uma pessoa lhe pode dar sempre um novo despertar, uma nova posição sobre a mesma realidade e, mesmo sem se aperceber, dar-lhe uma solução para um problema. Basta que ouça os outros e que retire o devido valor e aquilo de que necessita das conversas.
 
Também não nos devemos esquecer que, às vezes, é preciso libertar o controle emocional e assumir que temos necessidade de estar sozinhos, de rir, chorar ou mesmo de gritar, pois tudo isso faz parte da natureza humana.
 
Registe ainda que, faz parte de nós mudar de opinião, atualizar ideias, teorias e conceitos, pelo que, deve dar espaço e liberdade às suas emoções para que consiga evoluir e assumir que, efetivamente mudou e certamente que vai conhecer muitas alterações ao longo da sua vida.
 
Para ter flexibilidade emocional, também é preciso estar conectado com os pensamentos e  as ações. Para fazer isso, podemos contar com diversas práticas, como por exemplo o mindfulness e a autocompaixão.
 
Em termos de benefícios, a flexibilidade emocional ajuda-nos a possuir um maior autoconhecimento e autoestima. Ao mesmo tempo, permite-nos aumentar a tolerância, gerir melhor as nossas emoções, reunir uma melhor capacidade de tomar decisões, uma maior capacidade de obter a atenção plena,     aumenta a nossa compaixão, enquanto que melhora a relação com os demais, connosco próprios e com o meio ambiente.
 
A flexibilidade emocional também nos ajuda a aceitar a aprendizagem constante, ao mesmo tempo em que nos liberta das tensões, e nos promove uma maior capacidade de resiliência e um maior afastamento de pessoas e ambientes tóxicos. 
 
Fátima Fernandes