Certamente que o leitor já ouviu falar em pessoas introvertidas e extrovertidas, mas menos em pessoas ambivertidas, pelo que passaremos a definir quem são estas últimas para que melhor se possa posicionar e perceber se faz parte desse grupo.
De um modo geral, as pessoas ambivertidas são aquelas que conciliam muito bem a introversão e a extroversão. Para além disso, são pessoas flexíveis, equilibradas e alguém que se adapta com muita facilidade a momentos de solidão e a situações em que está acompanhado. Pode então dizer-se que, simbolicamente estas pessoas apresentam metade introversão e a outra metade corresponde à extroversão.
Ainda assim, importa anotar que, nenhuma pessoa é totalmente extrovertida ou introvertida. Entre esses extremos existe uma infinidade de nuances, ainda que, de forma geral, que faz com que, cada pessoa tenha traços predominantes de introversão ou de extroversão. No entanto, há algumas pessoas que conseguem combinar o melhor da extroversão e o melhor da introversão de forma equilibrada que reresentam as ambivertidas.
De acordo com Jennifer Granneman, autora do livro The Secret Lives of Introverts, «os indivíduos que se enquadram no grupo dos ambivertidos são fascinantes, pois são pessoas que atingem um ótimo equilíbrio entre a comunicação e a capacidade de escuta, bem como entre a prudência e a espontaneidade».
A título de curiosidade, importa lembrar que, este tema foi descrito pela primeira vez por Carl Jung, sendo que os seus apontamentos obtiveram um forte impacto na psicologia e, por isso, boa parte das classificações de personalidade são baseadas nos seus estudos. Foi também Jung quem trabalhou as categorias de introversão e extroversão, pelo que precisamos de recuar no tempo para compreender melhor o tema.
Assim, Jung descreveu que, a introversão não traduz nem timidez, nem isolamento, sendo que, a principal característica das pessoas introvertidas é que se concentram mais no seu mundo interno do que no mundo externo. De forma natural, são pessoas inclinadas a olhar para dentro de si mesmas e que conseguem estabelecer sentido nas suas ideias, na sua imaginação, nas suas memórias e em tudo o que faz parte do seu universo subjetivo. Para Carl Jung, os introvertidos não são tímidos, muito menos antissociais. São pessoas que simplesmente apreciam os momentos de solidão porque o contacto consigo mesmos é algo indispensável. Também não negam o contacto com outras pessoas, apenas são muito seletivos e não gostam de estar sempre acompanhados, pelo qe, dão preferência a ambientes tranquilos e desprezam as atmosferas barulhentas.
Relativamente à extroversão, Jung definiu que, estas pessoas precisam de se nutrir dos demais, pelo que precisam de estar acompanhadas na maior parte do seu tempo diário.
Para o mesmo psicanalista suíço, as pessoas extrovertidas são desinibidas e espontâneas, fazem amizades com facilidade e expressam com franqueza e liberdade aquilo que pensam. De um modo geral, estas pessoas são mais sociáveis e integram grupos com mais facilidade devido à sua grande capacidade de comunicação e de se sentirem confortáveis com os demais.
As pessoas extrovertidas entram em tédio com o silêncio, com as pausas para refletir e podem mesmo deprimir quando lhes falta o contacto social que as nutre diariamente. Segundo Jung, estas pessoas podem ainda ser impulsivas e superficiais, já que não se dedicam muito a pensar sobre si e sobre os seus atos.
No caso das ambivertidas, é de evidenciar que, o primeiro autor a falar sobre este tipo de pessoas foi Edmund S. Conklin, psicólogo norte-americano, em 1923. Este especialista observou que essas pessoas «são modelos de estabilidade e equilíbrio», pelo que as definiu como indivíduos que combinam o que há de melhor na introversão e na extroversão. Estas pessoas adaptam-se com facilidade quer à solidão quer à companhia e, a sua base de vida é encontrar sempre o equilíbrio entre estes dois extremos.
Segundo o mesmo psicólogo, o principal traço dos ambivertidos é a flexibilidade. Em situações sociais, são abertos às outras pessoas e trabalham para que as suas relações sejam fluidas e espontâneas. Sabem aproveitar muito bem a companhia dos outros e retirar desses momentos aquilo com que mais e melhor se identificam. As situações sociais não os deixam tensos, nem os desgastam porque sabem posicionar-se muito bem e escolher muito bem os momentos em que participam e com quem convivem. De um modo geral, gostam de estar no meio de pessoas, de participar e de mostrar também o seu mundo interior, ainda que saibam muito bem aquilo que partilham.
Do mesmo modo, estas pessoas sabem lidar muito bem com os momentos em que estão sozinhas e gostam de estar consigo mesmas.
As pessoas ambivertidas são hábeis nas duas linguagens: a da introversão e a da extroversão. E o leitor, já sabe em que grupo se posiciona?
Fátima Fernandes
