Os especialistas nesta matéria afirmam que, a maioria das pessoas queixa-se de já ter sido alvo de manipulação e dos danos que isso lhes causou.
Muitos adultos relatam também a enorme dificuldade que sentem em dizer “não” e o quanto os outros os levam a fazer o que não querem e, em muitos casos, a sentirem-se pressionados a terem de mudar a sua personalidade para evitar conflitos e desagradar aos demais, mas será que compensa viver assim? Será que os nossos filhos têm de passar pelo mesmo?
É importante evidenciar que, em todas as situações em que temos de nos passar por outras pessoas, em que evitamos dizer “não” e que até tentamos parecer aquilo que não somos, «estamos a prejudicar a nossa autoestima e autoconfiança».
Para evitar que os nossos filhos passem pelo mesmo, é fundamental que lhes transmitamos algumas bases que, certamente os vão proteger:
1-Ensine-o a dizer “não.
É através dos pais que os mais novos aprendem a maior parte dos conceitos que vão desenvolver nas etapas de vida seguintes, daí ser fundamental que o exemplo paute a educação. Assim, pais que não são capazes de dizer “não”, estão a transmitir a mesma ideia aos seus descendentes. Pelo contrário, pais assertivos e capazes de ter uma atitude firme perante os demais, estão a fornecer os melhores exemplos para que os mais novos não sejam manipulados.
Nesta sequência, os pais devem permitir que os filhos digam aquilo de que não gostam e que aprendam a argumentar. Os progenitores também devem incentivar os filhos a expressarem o que sentem e o que pensam, apoiando-lhes as opiniões e decisões sempre que isso seja honesto e verdadeiro.
Como regra de ouro, ensine-os a não ficarem calados nas mais variadas situações, uma vez que, a sua opinião é tão importante como a dos adultos.
Neste sentido, ouça os mais novos quando estão a apresentar os seus argumentos em relação a um qualquer assunto e incentive-os a explicarem-se cada vez melhor. Aceite-os e pondere as suas decisões mesmo quando são diferentes das suas, recomendam os especialistas.
2- Ensine-o a estabelecer limites
Algumas crianças deixam-se ofender pelos outros para que se possam encaixar num qualquer grupo social e, dessa forma, não desenvolvem uma boa autoestima porque estão sempre preocupadas com o que os outros esperam de si e pensam a seu respeito.
Neste ponto, é evidente que as crianças não sabem estabelecer os seus próprios limites e, por esta razão, deixam-se manipular. Para inverter essa situação, os pais devem ensinar os mais novos a impor limites e a não permitir que os demais os ultrapassem. Na prática, os pais devem explicar-lhes que é importante respeitarem os outros, mas não aceitar qualquer tipo de ofensas, faltas de respeito e ainda menos obrigações e imposições. Diga aos seus filhos o quanto é importante que se respeitem a si mesmos como forma de evitar que qualquer pessoa lhes falte ao respeito.
Ter coragem para dizer “não”, saber recusar um convite, não aceitar algo que lhes seja oferecido, são pequenos exemplos do que lhes devemos transmitir, a par da capacidade de expressarem a sua opinião e de discordarem com algo que não lhes faz sentido.
3 – Ensine-o a confiar em si mesmo
Quando duvidamos das nossas próprias qualidades e potencialidades, tendemos a recorrer à opinião dos outros para tomarmos as nossas decisões. Para evitar que tal aconteça, devemos ensinar os mais novos a acreditarem em si mesmos. Tal consegue-se com exemplos práticos do dia a dia, como sendo, pedir a opinião da criança para tomar algumas decisões da casa, motivá-la para escolher entre duas ou mais opções, mostrar-lhe claramente que a sua opção é positiva e daí por diante.
4- Prepare-o para a responsabilidade
Desde cedo, prepare o seu filho para a responsabilidade individual mostrando-lhe o quanto é importante prever os perigos para que se sinta mais seguro e confiante. Mostre-lhe a importância de se proteger, de cuidar de si mesmo e de evitar o mais possível o sofrimento. É um facto que as situações desagradáveis vão sempre ocorrer, mas há muitas que podem ser evitadas com o conhecimento que adquirimos, com a capacidade de ponderar sobre possíveis acidentes e daí por diante. O mesmo se passa com as pessoas, é fundamental preparar os mais novos para saberem lidar com os manipuladores e para que aprendam a proteger-se, pois os pais não vão estar sempre com eles.
Ensine então os mais novos a dizerem “não quero”, “não faço” e “não aceito”, já que essas são poderosas ferramentas para se protegerem de gente mal intencionada e até de colegas que os queiram levar para outros caminhos.
5. Ajude-o a desenvolver a autoestima e o amor próprio
A autoestima e o amor próprio são uma construção ao longo da vida e, dependem muito das experiências pelas quais passamos, no entanto, quando os pais são assertivos, carinhosos e compreensivos, o processo torna-se muito mais fácil. Na posição dos especialistas, é importante incentivar os nossos filhos, mostrar-lhes o quão são especiais para nós, elogiá-los na medida certa, dar-lhes responsabilidades, muita compreensão e diálogo, já que, dessa forma, vão crescer com muito mais autoconfiança e autoestima. Com esse tipo de comportamentos, os pais estão a dizer aos mais novos que não precisam de imitar ninguém porque são únicos e especiais e deverão ser respeitados pela sua condição individual.
Com estas dicas, as crianças e jovens aprendem não só a proteger-se dos agressores como a aumentar os seus níveis de bem-estar e segurança, pois mais dificilmente alguém conseguirá enganá-los ou levá-los a fazer o que não pretendem.
Fátima Fernandes
