Família

Ensine o seu filho a pensar

 
Muito mais do que dar tudo pronto aos nossos filhos para que eles sigam as orientações dos pais e se preparem para fazer o mesmo em sociedade, é fundamental fornecer uma educação direcionada para o pensamento.

As crianças precisam de aprender a decidir e a fazer as suas escolhas para que também se possam proteger de muitos perigos, e para que encontrem o seu bem-estar e aquilo que lhes faz sentido.
 
Quando numa aula os alunos reclamavam pelo facto de o professor não lhes dar as soluções para os problemas, mas apresentava-lhes situações problemáticas para resolverem, o docente perguntou aos estudantes se gostariam de receber um chocolate já mastigado. Naturalmente que todos compreenderam que o papel do professor é mesmo fornecer pistas para que os alunos apliquem a arte de pensar.
 
O mesmo princípio deve estender-se aos pais que, na sua grande maioria foram educados para reproduzir o conhecimento também dos seus progenitores, mas que agora se deparam com um desafio maior: ensinar os seus filhos a pensar.
 
Os especialistas nesta matéria  são unânimes em afirmar que, os pais devem apresentar os problemas aos filhos e ajudá-los a chegar às respostas, não apresentar-lhes as soluções prontas, já que isso lhes limita a capacidade intelectual e não os prepara para serem autónomos e confiantes.
 
À TSF, Renato Paiva disse que, pensar e saber pensar são coisas diferentes. Para este especialista em apoio terapêutico-pedagógico e autor do livro "Ensine o Seu Filho a Pensar", aprende-se a pensar e os pais têm um papel que pode ser decisivo nessa aprendizagem, proporcionando diferentes experiências e não tomando decisões pelas crianças.
 
"Isso leva a que eles tenham de fazer ponderações antes de tomarem decisões e depois acarretem com as consequências das decisões que têm. Isso vem desde cedo juntamente com aquilo que tem a ver com o desenvolvimento infantil, que normalmente fazemos sem pensar de uma forma muito estruturada ou muito explícita", explicou Renato Paiva.
 
Pôr as crianças a escolher a roupa que levam para a escola ou a definirem onde gastar a mesada ou semanada são exemplos de como se pode ensiná-las a pensar, ajudando-as a definir critérios e pontos de vista, avança o mesmo especialista.
 
"Ajudamos a que vejam que há mais do que um caminho possível e essa complementaridade ajuda a que existam mais referências para que depois, num processo de autonomia, quando duas crianças ou jovens adultos tiverem de tomar decisões sozinhos, isso os ajude de uma forma muito mais facilitadora, abrangente e complexa", acrescentou o especialista.
 
Portanto, segundo Renato Paiva, saber pensar é tomar decisões, ser autónomo e criativo.
 
Nesta sequência, no quotidiano, os pais devem propor desafios aos filhos e desde a tenra idade para que pensem acerca das possíveis soluções e implicações. Para tal, os progenitores devem explicar as consequências de comer muitos doces, por exemplo, e depois deixar ao critério da criança a decisão de fazer ou não o mesmo noutra qualquer situação.
 
O mesmo exemplo estende-se às mais variadas situações do dia a dia e, os pais devem proporcioná-las o mais possível para que os mais novos adquiram essa habilidade.
 
Fátima Fernandes