Curiosidades

Há mulheres que sentem atração sexual por homens criminosos. Sabe porquê?

 
No seu último artigo sobre violência contra a mulher publicado num dos portais em que é colaboradora, Soraya Rodrigues de Aragão deparou-se com alguns comentários que relatavam que «as mulheres eram violentadas por serem atraídas por homens de má conduta, agressivos e até criminosos». Depois de agredidas, choravam as suas dores e mágoas nas instituições e procuravam reivindicar os seus direitos.

Na posição desta psicóloga clínica, autora de diversos artigos, «justificar que as mulheres são agredidas porque são atraídas por homens de má conduta, é um posicionamento bastante perigoso», pois nesta base, por a mulher ser responsável pelas suas escolhas, não mereceria justa punição por qualquer dano que lhe acontecesse. Segundo Soraya Aragão, «estas ideias e crenças generalizantes difundidas sem questionamentos podem intensificar a violência contra a mulher, podendo ser um fator preditivo para fazer cair por terra todas as conquistas realizadas até então no campo da vida prática e no campo das mentalidades», sublinhou.
 
A mesma psicóloga admite, no entanto que, existem mulheres que são atraídas por homens "fora da lei" e criminosos, que até se casam com eles. No entanto, neste caso «trata-se de um grupo restrito de mulheres que apresentam um tipo de parafilia: a hibristofilia».
 
A mesma especialista explicita que, a hibristofilia, em linhas gerais, é a admiração, interesse, atração sexual e um desejo de envolvimento sentimental por homens criminosos e delinquentes. A mesma especialista pergunta e convida à reflexão: «uma pequena parcela com distúrbios pode representar todas as mulheres?». Serão todas as mulheres hibristofilicas? Seguindo este argumento, torna-se explícito que mais uma vez a mulher é a culpada pela violência que lhe é perpetrada, visto que é ela quem procede às más escolhas para a sua vida. Soraya Rodrigues de Aragão adverte no mesmo artigo que, «toda a generalização é pouco inteligente, além de perigosa», principalmente quando se trata de um ser humano.
 
No seu apontamento, a psicóloga adianta que, ainda não existe uma explicação científica para a hibristofilia. No entanto, o que se sabe é que esta parafilia está relacionada com um perfil de mulheres que «provavelmente sofreram traumas de infância, perdas e lutos mal elaborados, abuso sexual e negligência». Sendo assim, uma das hipóteses para explicar o comportamento de mulheres que sofrem de hibristofilia seria a necessidade de sentir força, sensação de domínio e poder envolvendo-se em situações perigosas através daquele perfil de homem. Além disto, na sua conceção existe um baixo limiar de rejeição, pela própria situação em que os mesmos se encontram. Este facto denuncia nestas mulheres «uma estruturação psíquica fragilizada, em que existe a necessidade do outro para afirmá-las nas suas necessidades de segurança, poder e domínio, clarificou a mesma especialista.
 
Perante esta descrição, Soraya Rodrigues de Aragão sublinha ainda a importância de as mulheres, serem respeitadas bem como aprenderem a respeitar-se, já que, essa será a melhor forma de validar os direitos adquiridos ao longo dos anos e do seu percurso histórico. A mesma psicóloga realça que, o comportamento de um grupo específico de mulheres com transtornos parafílicos «não pode ser a referência principal do modelo de feminilidade», até porque a atração por criminosos, vagabundos, bandidos e assassinos «não é regra geral, entre as mulheres, mas sim de um grupo específico que sofre de um distúrbio e que necessita de tratamento», concluiu.
 
Fátima Fernandes