Comportamentos

Há pessoas que não se incomodam em magoar as outras. Sabe porquê?

 
É um facto inquestionável que, a maldade existe e que há pessoas que sentem prazer em magoar as outras. Porquê? Porque existem cinco mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas magoem as outras sem qualquer sentimento de culpa, os quais passaremos a descrever a seguir.

Trata-se de estratégias sofisticadas que criam o comportamento do mal, atos que delineiam um cérebro orientado para obter os seus próprios benefícios magoando quem está ao seu redor. Pode parecer estranho que assim o seja, mas na realidade, estas pessoas encontram sempre motivos, como veremos a seguir, para prejudicarem os demais sem qualquer tipo de ressentimento ou compaixão.
 
Na posição dos especialistas que estudaram esta matéria, existem cinco mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas magoem as outras, são eles:
 
1. Mecanismos psicológicos: a justificativa moral
 
Por mais estranho que possa parecer, a pessoa perversa tem sempre uma justificativa moral. Podemos ver isso, por exemplo, nos jihadistas. Por detrás dos seus atos violentos, há algo mais do que o mero ódio pelo mundo ocidental. Há, sem dúvida, o seu impulso religioso e moral, a necessidade de ganhar prestígio na sua comunidade e a aspiração de se tornar aquele mujahidin que, depois de perder a vida, é elogiado por todos.
 
Bandura lembra-nos que, a qualquer momento e independentemente da educação recebida, a maioria de nós pode cometer atos violentos se encontrar uma justificativa moral.
 
2. Mudança de responsabilidade
 
Outro dos mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas magoem as outras é colocar o peso da responsabilidade sobre os ombros dos outros. “Fiz isso porque recebi ordens, porque alguém me pediu, porque era o que se esperava de mim.” Tudo isso é um raciocínio que vem a refletir essa demissão da própria responsabilidade.
 
3. A desumanização
 
A desumanização é, sem dúvida, um dos processos psicológicos mais temíveis. É aquele em que a pessoa comete um ato violento porque não vê no outro um ser que mereça respeito. Essa pessoa desumaniza quem está à sua frente, vê o outro como uma entidade sem capacidade de sentir, como alguém que não tem direitos, uma razão de ser ou de existir.
 
Pudemos ver isso durante a Segunda Guerra Mundial, com o Holocausto, e também em certos perfis de assassinos ou psicopatas.
 
4. Projeção da culpa
 
“Fiz porque ele mereceu. Agi assim porque me provocaram, porque me ameaçaram, porque não aguentei mais esse comportamento… ”. Essas situações constituem um dos mecanismos psicológicos mais comuns que permitem que as pessoas magoem outras.
 
Além disso, nas palavras de Francesc Torralba, doutor em Filosofia da Universidade de Barcelona, o mal é quase sempre reativo. Ou seja, quando uma pessoa entende que foi ofendida, assediada ou agredida, defende-se. Acredite-se ou não, os atos perversos têm sempre uma razão por detrás deles, embora esse estímulo motivador seja muito difícil de entender.
 
5. Distorção das consequências
 
A distorção das consequências molda aquele comportamento no qual alguém minimiza os efeitos do que aconteceu. Essa pessoa as distorce de tal maneira que, na sua mente, tudo se justifica. Enquanto isso, a outra pessoa sofre o efeito daquela lesão, daquele ataque, daquela situação de maus-tratos, entre outros.
 
Segundo os especialistas da revista de opinião A Mente é Maravilhosa, os mecanismos psicológicos que permitem que as pessoas magoem as outras «são baseados em processos cognitivos muito sofisticados». É verdade que, em muitos casos, há uma componente patológica que se resume a um distúrbio ou no efeito de uma determinada educação. No entanto, existem pessoas cujo comportamento nem sempre responde a esses fatores.
 
Segundo a mesma fonte, «o mal é real e tem muitas faces». Aprendamos a detectá-los e, sobretudo, como diria Nietzsche, «aprendemos a não nos transformarmos em monstros», para isso, é preciso investir nos nossos valores, apostar na inteligência emocional e afastarmo-nos de quem pode ser uma má influência.
 
Fátima Fernandes