Comportamentos

Há pessoas que não suportam o sucesso dos outros

 
Pode parecer estranho que, amigos, familiares ou colegas de trabalho não fiquem satisfeitos com o nosso sucesso. Certamente que, são muitas as vezes em que nos perguntamos acerca da razão pela qual isso acontece, mas a resposta é simples: a inveja existe em todo o lado e, efetivamente não podemos confiar em toda a gente.

Se no passado as pessoas eram mais confiáveis e sinceras, nos tempos atuais, com o aumento da competição e o acréscimo de dificuldades em encontrar um bom emprego, um estatuto ou uma posição social, é cada vez mais frequente que não tenhamos muitas pessoas com quem dividir as nossas alegrias e conquistas.
 
A competição é muita e, por detrás de um sorriso escondem-se sentimentos negativos, mesmo entre pais e filhos, parceiros, irmãos, sem esquecer amigos e colegas de trabalho, o que traduz que temos de ser mais cautelosos nos nossos desabafos e analisar bem as pessoas antes de lhes fazermos algumas confidências.
 
Não é por acaso que, nas redes sociais praticamente só se exibe o sucesso, já que, é dessa forma que muitas pessoas lutam contra a inveja alheia e mostram o seu lado mais positivo, sabendo que não podem falar do que realmente sentem ou vivem no seu quotidiano.
 
Na posição dos entendidos na área da psicologia, temos de aprender a conviver com a realidade e enfrentar os novos tempos, sabendo que, muitas vezes, só o recurso a uma terapia nos pode ajudar a minimizar o sofrimento, pois acabamos por não ter muita gente com quem partilhar o que nos vai na alma. Tornou-se cada vez mais complicada a tarefa de falar abertamente com alguém, de lhe dizer os nossos planos, de lhe confidenciar os nossos problemas, o que acarreta muito sofrimento e a sensação de que, podemos estar no meio de uma multidão, mas sempre com a sensação de que estamos sozinhos.
 
A acrescentar a este facto, temos as pessoas mais vulneráveis que precisam muito da aprovação dos outros para realizarem algumas tarefas e até para subirem um pouco na vida. Estas pessoas andam sempre amarguradas porque sentem uma profunda rejeição alheia.
 
Na verdade, temos de aprender a lidar com os novos tempos e encontrar uma forma de nos posicionarmos neste mundo cada vez mais virado para a aparência e a imagem que se quer exibir. Quem não faz parte deste tipo de tendência, naturalmente que se vai sentir muitas vezes sozinho e sem valor.
 
Na posição dos entendidos na área da psicologia, existem sempre outras formas de contornar os problemas. Por um lado, podemos fazer uma terapia e tentar aferir qual a razão pela qual dependemos assim tanto da opinião dos outros. Depois, podemos e devemos cultivar a nossa autoestima e autoconfiança para nos libertarmos dessa dependência e, a partir daí, encontrar um ponto de equilíbrio para nos conseguirmos relacionar com os demais de uma forma mais desapegada e descontraída, já que, na realidade, não podemos mudar o mundo, muito menos inverter esta tendência do “cada um por si”.
 
Ao sermos mais independentes da opinião dos outros, certamente que vamos aceitar melhor as pessoas com quem nos relacionamos, pois passamos a selecionar aquilo que podemos  ou não desabafar com elas. A partir daí, encontramos as nossas próprias estratégias para desabafar. Um psicólogo, um apontamento escrito onde “despejamos” tudo o que nos vai na alma, o parceiro que até é de confiança ou algum amigo, pois no meio de tanta inveja e maldade, ainda se encontram pessoas boas, simplesmente nem podemos depender delas e ainda menos usá-las só para fazer os nossos desabafos. Temos de saber respeitar o outro ao mesmo tempo em que nos respeitamos também.
 
Um segredo é pensar antes de falar. Ponderar muito bem o que se diz e a quem se diz para evitar desilusões e deixar para nós próprios aquilo que realmente não precisa de ser exposto. Ao mesmo tempo, devemos aprender a resolver os nossos próprios problemas e enfrentar a vida com mais coragem e determinação, sem esquecer que existem formas de pedir ajuda sem o dizer. Numa conversa em que escutamos os outros num grupo, por exemplo, podemos extrair ensinamentos para a nossa vida sem que os outros o saibam. Não temos de dizer a uma amiga que temos um problema, mas sim falar naturalmente sobre um qualquer assunto. Mas, acima de tudo, temos de ser mais independentes na nossa ação. Ler, ouvir os especialistas e procurar estar a par do que se passa ao nosso redor, são importantes alicerces para aprendermos mais acerca de nós e dos outros.
 
Relativamente aos invejosos, podemos fazer de conta que não os vemos ou simplesmente manter uma boa distância da sua observação. Na realidade, ninguém nos obriga a lidar com pessoas invejosas, se o fazemos é porque queremos. Mesmo que sejam familiares, não temos de manter uma relação próxima, o mesmo se passa com amigos e colegas de trabalho. Não temos de falar da nossa vida e dos nossos problemas nesses ambientes. No fundo, este apontamento pretende que o leitor aprenda a proteger-se daquilo que o possa prejudicar e que se torne mais consciente da realidade, nesse sentido, esperamos ter ajudado!
 
Por fim, não nos podemos esquecer de que, todos queremos “vencer na vida”, ter sucesso, conforto e uma boa posição social, por essa razão não é fácil encontrar alguém que fique feliz com as nossas conquistas, pois se essa pessoa também precisa do que você conquista, como poderá ficar contente se o leitor o conseguiu primeiro? Uma pessoa pode até ficar feliz com o seu sucesso quando já está num patamar acima do seu, o que nos leva a pensar que os melhores amigos se encontram nesse nível de existência, pois se é ao contrário, a inveja não os deixa celebrar connosco. Se o leitor pensar bem, será que consigo não se passa o mesmo? É capaz de ficar assim tão feliz com uma conquista de um amigo quando já a queria há muito tempo e não conseguiu? Talvez o mais correto seja pensar de forma mais alargada e realista, pois assim apontará menos o dedo aos outros e poderá desfrutar de melhores relações desapegadas também. É muito dura a sensação de que alguém não fica feliz com uma conquista nossa, por isso, evite falar-lhe sobre o assunto para poder manter a amizade. Opte por abordar temas que possam interessar a ambos, já que isso reduz consideravelmente a inveja.  
 
Fátima Fernandes