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Há pessoas que (só) falam mal dos outros. Saiba porquê.

Há pessoas que (só) falam mal dos outros. Saiba porquê.
Há pessoas que (só) falam mal dos outros. Saiba porquê.  
Pixabay
No fundo, todos sabem o quanto é prejudicial dedicar uma boa parte do seu tempo a falar mal dos outros. Aprende-se pouco, evolui-se ainda menos, faz mal à saúde e, coloca-nos em risco, pois quando se é descoberto… as consequências são desastrosas.

Muita gente acredita que nunca será descoberta a sua faceta de falar mal de tudo e de todos, mas a prática mostra que, mais cedo ou mais tarde, o retorno acaba por ocorrer e, naturalmente que o confronto não é agradável.
 
Ainda assim, há pessoas que não conseguem viver de outra forma pelos seus sentimentos de insegurança, stress e ansiedade, pela má imagem que têm a seu respeito, o que as leva a projetar nos outros essa frustração. Também há quem acredite que, é através da destruição do outro que “progride na carreira” ou afasta as atenções alheias face aos seus aspetos negativos.
 
Apesar da tarefa ser delicada, é possível ajudar estas pessoas a encontrarem outras formas de vida mais saudável, mas isso exige mudanças profundas, seja na sua forma de pensar, seja no círculo de amigos onde a fofoca já está instalada.
 
As pessoas que passam a vida a falar mal das outras sofrem de medo, pois sabem que, um dia serão desmascaradas, no entanto, não conseguem deixar de “dar à língua”!
 
O problema coloca-se em ambos os sexos, muito embora as mulheres sejam mais “afamadas” no que se refere à vida alheia e aos seus pormenores, mas os homens também se interessam (e muito) pela destruição dos outros, sobretudo quando se sentem inferiorizados e frustrados.
 
A ciência garante que todos falam mal e que é humano sentir necessidade de reclamar por algo que se considera justo, no entanto, há formas de o fazer sem prejudicar os demais.
 
Uma reclamação educada e no lugar certo, acaba por ser uma crítica construtiva e por aliviar quem se sente injustiçado. Uma conversa esclarecedora com quem se teve um conflito, faz milagres, tal como ser capaz de dizer a verdade ao cônjuge ou a um amigo, por muito que isso custe ou possa fazer vacilar a relação.
 
Desabafar com uma pessoa de confiança, é assegurar que o assunto não ganha dimensão, muito menos comentários fora de contexto. Mas isso não é fofoca! É uma necessidade humana de extravasar algo que se sente e que se quer melhorar. Quando se relata um episódio que nos aconteceu, estamos a tentar compreender o sucedido e a encontrar “espaço” dentro de nós para algo novo. No entanto, é preciso escolher muito bem a quem se faz esse desabafo, sob pena de tudo se perder e até entrar no caminho errado.
 
Falar mal dos outros é um vício que se instala em muitos grupos, sendo que, a maior parte dos seus membros rapidamente se associa aos assuntos fraturantes e contra alguém. Estas pessoas sentem necessidade de se mostrarem melhores que os outros, pelo que se unem em prol da crítica de quem querem abater.
 
Ao mesmo tempo, também é comum que as pessoas “viciadas” em falar mal, sintam essa necessidade de comentar e reclamar em todas e quaisquer circunstâncias, a ponto de já não medirem as consequências dos seus atos. Estas pessoas falam mal da sua própria família, do cônjuge, de amigos e conhecidos, tudo porque se tornou habitual “só falar mal”.
 
As pessoas viciadas em falar mal, sentem um profundo alívio quando “descarregam” essa energia com alguém. Não importa com quem, é preciso é deixar esse mau pensamento, essa informação colhida num qualquer lugar, mas que atinge ferozmente alguém.
 
É preciso ter em conta que, esse desejo em destruir o outro, pode deixar um gosto amargo na boca e um retorno inesperado, pelo que é melhor pensar muito bem no que se diz e a quem se faz o comentário.
 
A Dra Sheri Jacobson, psicoterapeuta e diretora clínica da Harley Street Therapy, diz que, “falar mal é um resultado de stress descontrolado.” 
 
A especialista explica que, “quem se sente assoberbado ou ameaçado deve procurar uma válvula de escape saudável.” Quando tal não acontece, “tendemos a deitar tudo fora sem pensar nas consequências e a quem se pode estar a afetar.”
 
Em muitos casos, a reclamação transforma-se num tipo de prática coletiva que pode gerar um sentimento de proximidade com outros através da rejeição mútua de uma pessoa ou situação. “Quando reclamamos, muitas vezes procuramos alguém de confiança para concordar connosco, ficar ao nosso lado e minimizar as nossas inseguranças”, diz Jacobson.
 
Se este é o intuito de quem fala, pouco se pensa nas emoções de quem é o alvo dessa “violência” produzida pelos fofoqueiros, razão pela qual, um dia “o feitiço se vira contra o feiticeiro.”
 
A necessidade de falar mal resulta sempre de um sentimento negativo, seja pela inveja do outro, seja pela frustração de não conseguir ter ou ser, seja porque o outro o ameaça de alguma forma.
 
Na posição desta terapeuta, “são as criaturas infelizes que reclamam constantemente”. Estas pessoas são  inseguras e encontram no falar mal dos outros, uma fonte de segurança.
 
“A reclamação constante pode fazer com que alguém que secretamente se sente vulnerável pareça forte e capaz de resistir a tudo.”, diz Sheri acrescentando que, falar mal dos outros é esconder aquilo que nos envergonha e que se quer fazer de conta que não existe”.
 
Como o negativo atrai negatividade, falar mal não só prejudica as relações com os outros como a própria saúde e bem-estar.
 
“Reclamar e falar mal pode ser uma forma de inveja, que acaba por minar a nossa autoconfiança e ego, adverte Nicci Roscoe, de The Mind Makeover Artist. “Essa prática pode dominar a sua vida, prejudicar o sono e os momentos de lazer, bem como provocar exaustão, ansiedade e medo, sendo que o isolamento também será uma realidade de quem acaba por ficar sozinho.”
 
Falar mal afeta o trabalho, as relações de amizade, o casamento e tudo o que envolve o fofoqueiro. 
 
Sheri clarifica que, “faz bem desabafar com quem divide a vida connosco, pois não só alivia a tensão negativa de um dia mais delicado, como aproxima os casais, reforça a estabilidade e segurança, para além de minimizar o efeito negativo do que aconteceu ao longo do dia.”
 
Reclamar ou falar mal de alguém no ambiente errado - como no trabalho ou com um grupo desconhecido de pessoas - pode ser desastroso, adverte Nicci, pois “socialmente devemos zelar pela nossa imagem e não mostrar o nosso lado mais competitivo, invejoso e destrutivo.” Falar mal de um amigo ou colega, “dá lugar a uma imagem muito negativa de nós mesmos enquanto que causa desconfiança em quem lida connosco.” Quem não se recorda do célebre ditado: “Ouve dos outros para saberes de ti…”
 
Para a maior parte das pessoas, reclamar é um vício; um hábito terrível  e difícil de abandonar. Fala-se por tudo e por nada e sempre pelos piores motivos. Nicci diz que “a melhor forma de parar de reclamar ou falar mal é mudar o padrão de pensamento negativo”, isto porque, “reclamar pode tornar-se um círculo vicioso, pelo que, é melhor sair dessa realidade enquanto é tempo!
 
Para mudar é fundamental encontrar outras pessoas e um pensamento positivo capaz de modificar e substituir o padrão anterior.
 
Sheri reforça que, na maioria dos casos, a prática é coletiva e exige mesmo uma mudança de grupo para que a negatividade se afaste. Optar por grupos mais pequenos também ajuda a detetar se a conversa é destrutiva e qual o seu fundamento. A terapeuta alerta que, “cada pessoa deve ser capaz de escolher os amigos e o grupo de pertença de forma a não se meter em fofocas que só a podem prejudicar. “É uma responsabilidade pessoal, logo cada um tem de fazer as melhores opções e responder pelos seus atos.”
 
O primeiro passo é perceber o que se faz num determinado grupo e se vale a pena estar associado ou ligado por motivos tão negativos…
 
Os especialistas são unânimes em defender que, faz bem à saúde encontrar escapes mais alegres, formas de conviver mais desapegadas, descontraídas e sem espaço para falar mal dos outros, nem que isso passe por escolhas mais realistas e exigentes.
 
O ser humano facilmente cai “nesta armadilha”, seja pelo seu vazio emocional, seja pelos apelos dos fofoqueiros, seja pela necessidade de saber mais acerca de alguém. O problema é que, essa aparente segurança, rapidamente se torna num círculo difícil de abandonar, pois quem se juntou a alguém para saber mais, também teve de falar demais e, mais cedo ou mais tarde, colher esses resultados. Sem ponderar, acabou por ficar ligado a um determinado grupo e deixar também a sua imagem negativa. Se não sair depressa da situação, acabará por ficar dependente de um grupo de pessoas por ter tido excesso de curiosidade!
 
É difícil encontrar um grupo onde o falar mal não seja uma prática, logo tem de haver um cuidado muito grande no que se diz e nas “parcerias” que se faz…
 
Fátima Fernandes