Comportamentos

Jovens precisam tanto dos amigos como da família

 
É um facto que, a família é o alicerce de qualquer criança ou jovem e que, quanto melhor for a relação entre pais e filhos, melhor será o desempenho social do indivíduo, no entanto, os amigos também são uma parte importante do processo na medida em que abrem caminho para novas experiências e para o desenvolvimento de habilidades.

Na posição dos especialistas na área da psicologia, a amizade significa criar laços entre as pessoas que têm sentimentos de lealdade, proteção, intimidade, reciprocidade, ajuda mútua, compreensão e confiança. Assim, as relações com os amigos na adolescência, «constituem um dos principais fatores para a construção da identidade e para a definição de valores, ideias e opiniões sobre os outros e o mundo». É nesse sentido que se pode afirmar que,  «os amigos desempenham um papel complementar ao da família e são fundamentais para o bem-estar mental, além de fazerem bem ao coração e ao corpo».
 
Os amigos são importantes para desabafar, conversar, ter confiança para contar o que sentimos, o que nos deixa magoados, pedir conselhos sobre como agir em algumas situações e como enfrentar as dificuldades à nossa volta, sublinham os psicólogos acrescentando que, é com os amigos que podemos rir, divertir-nos e partilharmos momentos de companheirismo e solidariedade.
 
É devido a todos estes aspetos que se afirma que, os pais são amigos dos filhos, mas não são “os amigos” dos filhos, já que existe uma grande diferença entre estas relações. Enquanto que os pais têm de se assumir como autoridade perante os seus descendentes e estar lá no momento certo para corrigir, para aconselhar, para mimar, compreender e apoiar, os amigos têm um papel muito mais descontraído e fundamental para a descoberta de novas habilidades humanas.
 
Por norma, a amizade surge na infância quando a criança começa a contactar com outras da sua idade, quando vê exemplos de relações nas suas séries favoritas e quando os pais a despertam para tal. Na escola prossegue esse processo de relação entre pares que aproxima mais umas crianças de outras, o que lhes permite designar uns de maiores amigos, mas é na adolescência que a amizade ganha mais expressão. É com essas experiências  que são aprendidas as normas e regras da vida em sociedade, sendo a principal fonte de referência comportamental de muitas crianças e adolescentes. Em situações extremas, como problemas familiares (separação, falecimento de um parente), doenças físicas e momentos de sofrimento psíquico, as relações de amizade funcionam como uma válvula de escape e uma fonte de ajuda para suportar os momentos difíceis.
 
Segundo os psicólogos, os pais podem estimular as relações de amizade dos filhos convidando os amigos da escola para brincar em casa, deixando-os participar em festas de aniversário, passeios , idas ao cinema, entre outras iniciativas familiares que podem incluir um amigo ou amiga da sua preferência. Para que a amizade perdure, os mesmos especialistas sugerem que, o adolescente tome a iniciativa de se abrir e apoiar os seus amigos e também de interagir com eles.
 
O melhor amigo pode ser um vizinho, um colega de escola ou de uma qualquer modalidade desportiva em que o jovem participe. O importante é que mantenha o contacto e que alimente essa relação. Se for o caso de um morar longe do outro, pode-se recorrer às ferramentas tecnológicas que temos ao nosso dispor e aproximar a relação. É também fundamental manter alguma regularidade de contacto, sendo que a função mais importante da amizade é a de fornecer uma base de segurança extrafamiliar, a partir da qual a criança ou o adolescente pode explorar os efeitos do seu comportamento em si próprio, nos seus pares e nos diversos contextos e ambientes.  Os mesmos especialistas reforçam que, o papel do melhor amigo é o de oferecer suporte, afeto, boa companhia, diversão, segurança emocional ou auxílio instrumental, conduzindo ao aumento da competência social, da autoestima e a uma autoavaliação positiva.
 
A amizade possibilita ainda oportunidades para a partilha íntima, bem como a validação consensual de interesses, esperanças e receios, sublinham os mesmos entendidos na matéria.
 
Assim, os pais assumem um papel muito importante nesta abertura dos filhos para a amizade e, como já vimos, podem e devem incentivar os seus descendentes à conquista destas relações. É fundamental reforçar estes conteúdos num tempo em que as crianças e jovens se dedicam em demasia a videojogos e estão muito menos em contacto uns com os outros, pois deixam-se absorver pelas tecnologias e acabam por menosprezar uma base essencial para o seu desenvolvimento saudável, equilibrado e feliz.
 
Fátima Fernandes