Comportamentos

Mindfulness:Treino e principais benefícios

 
Esta é uma técnica de meditação que tem vindo a conquistar adeptos em todo o mundo, seja pelos benefícios que reúne, seja pela facilidade com que se encontra o bem-estar interior.

 
Tendo por base a Revista Prevenir, a mindfulness é uma técnica de meditação, baseada no budismo e fruto da teoria de um investigador do Massachussets Institute of Technology (MIT) nos Estados Unidos da América.
 
Por detrás do crescente sucesso desta técnica, está a necessidade de “nos encontrarmos connosco próprios e de tomarmos consciência do momento presente”, tudo porque, “existe uma enorme tendência na sociedade atual, de andarmos a correr de um lado para o outro”.
 
Os especialistas em mindfulness sublinham o quanto a sociedade digital e acelerada em que vivemos, nos afasta da simplicidade e do essencial; no fundo onde está a verdadeira felicidade”.
 
Nesse sentido, “vamos sendo cada vez menos capazes de realizar uma refeição sem que a internet seja a nossa companhia, de conduzir sem a sensação de estar em competição, ou de realizar uma refeição sem pressa e com capacidade de saborear os alimentos”.
 
“Vamos perdendo as coisas simples e essenciais da nossa vida”, sublinham os entendidos nesta matéria.
 
A proposta do mindfulness “é precisamente o oposto, na medida em que, nos convida a prestar atenção ao aqui e agora, ao tempo real, e a desligar dos estímulos mundanos”.
 
Trata-se de uma técnica de meditação com benefícios positivos para todo o organismo e, acima de tudo, acessível a todos, já que, não é necessário pertencer a um qualquer grupo ou crença para ser praticante.
 
A mindfulness é uma técnica de meditação inspirada na filosofia budista que nasceu no Ocidente, em 1979, pelos ensinamentos de John-Kabat-Zinn, professor e investigador do MIT.
 
Os seus benéficos permitiram que, rapidamente conquistasse uma legião de fãs em todo o mundo, não sendo Portugal exceção.
 
Para que se perceba melhor do que se trata, a mindfulness assenta na ligação do corpo ao mundo.
 
Nuno Mendes Duarte disse à revista "Prevenir" que, “no interior de nós existe um lugar onde distinguimos claramente os pensamentos da realidade. A realidade é o nosso corpo que, num momento, permanece sentado numa cadeira, noutro instante desce uma rua, conduz um automóvel, reage aos estímulos sonoros, ao sabor de uma boa refeição. O corpo liga-nos ao mundo através dos cinco sentidos, mas dele tantas vezes nos desligamos para entrar em piloto automático”.
 
O mesmo especialista salientou que, “somos dominados pelos nosso pensamento saltitante, entramos em mindlessness, viajamos de um sítio ao outro e nem nos damos conta do trajeto”.
 
A vida agitada que levamos, conduz-nos a um estado quase de abstração para connosco próprios. Programamos a semana, organizamos a casa, fazemos as compras, andamos de um lado para o outro sem que, muitas vezes, tenhamos consciência do percurso que fazemos”.
 
É neste momento que “o tempo psicológico desafia o tempo real e nos transporta para um estado de ansiedade que, na realidade, não existe”.
 
Nuno Mendes Duarte acrescenta: “a mindfulness ajuda-nos a perceber que isso não são mais do que atividades mentais e que não há nenhuma realidade naquilo que estamos a pensar”.
 
Para começar, é preciso treinar a atenção.
 
“Estou sentada confortavelmente numa cadeira. A minha mente, que minutos antes se debatia entre o atraso matinal e a preocupação com as mil coisas para fazer nas próximas horas, despoja-se de toda a pressão a que está submetida no dia a dia. Liberta-se, focando-se primeiro nas mãos sobre os joelhos, depois nas pernas em contacto com a cadeira, no pé esquerdo sobre o chão, no pé direito”.
 
No mesmo seguimento,  “nota a qualidade das sensações, se está frio enquanto se distrai com os sons do exterior. Com a chuva, com o trânsito”…
 
“Os olhos permanecem fechados. Os estímulos visuais e sonoros são demasiado fortes e facilmente desviam a atenção. O importante é regressar ao corpo. Reconhecer que estamos apenas a pensar, sem nunca sair da cadeira. Não precisamos de mudar nada, simplesmente reconhecer que está a acontecer e regressar ao corpo, às costas em contacto com a cadeira”.
 
O terapeuta conduz os participantes à diferenciação entre atenção e pensamento. “Continuando a seguir a voz do terapeuta, o foco da atenção passa para a respiração”.
 
É preciso focar “o ar a entrar nas narinas, a passar pela garganta, a chegar aos pulmões. Evito a tensão nos braços. Descair os ombros sem nenhum tipo de tensão, enquanto a mente tende a distrair-se com a maré de pensamentos”.
 
Nuno Mendes Duarte descreve: “treinar a consciência é isto, notar que num momento a atenção está concentrada numa parte do corpo, mas facilmente se distrai com os pensamentos, como uma criança irrequieta. Notar para que sítio foi. Sempre que saltitar para outro estímulo regressar à barriga. É o foco escolhido. Uma escolha opcional. Não interessa combater os pensamentos, apenas reconhecê-los”.
 
À mesma revista, o terapeuta clarificou: “depois começo a ouvir os sons lá fora. Mas aí sou capaz de estar só com a minha mente, que me leva e escolher onde quero focar a atenção. Este é um conceito fulcral, já que, mindfulness é prestar atenção ao aqui e ao agora, sem luta, sem julgamento, apenas aceitando o que a mente faz, mas sem mergulhar no que o pensamento está a dizer”.
 
A revista "Time" classificou a mindfulness como “o segredo para o bem-estar e a felicidade”, Nuno Mendes Duarte sublinhou a importância de os praticantes realizarem pelo menos seis sessões e clarificou: “não é fácil estar num estado de consciência plena. A mindfulness tem de ser uma técnica continuada, pelo que, ao terminar as sessões, os participantes ficam com a noção do que podem aprofundar”.
 
Nas mesmas declarações, o terapeuta frisou a importância de uma prática regular de 25 minutos diários como “um gesto para a vida”, sem esquecer que, “praticar mindfulness regula as emoções, altera o fluxo sanguíneo e interfere na frequência cardíaca e no ritmo respiratório, atuando positivamente na dor crónica e nas emoções negativas”.
 
Para iniciar um primeiro contacto com a mindfulness, Nuno Mendes Duarte, psicoterapeuta e diretor clínico da Oficina da Psicologia, deixa as suas orientações para 10 minutos diários.
 
1. Sente-se de pernas cruzadas no chão ou numa cadeira com os pés ligeiramente afastados, as costas direitas e sem nada que a incomode. Deixe os seus ombros descair, respire profundamente e feche os olhos.
 
2. Embora seja difícil concentrar-se numa única coisa, tente centrar-se e focar a sua atenção na respiração. Foque-se nos movimentos que a sua barriga faz quando inspira e expira. Sinta-os pausadamente.
 
3. Se tiver pensamentos que a distraem da respiração, aceite-os e depois recentre o foco da sua atenção na respiração.
 
4. Não faça julgamentos sobre si própria nem tente ignorar as distrações. A sua missão é perceber que a sua mente vagueia e recentrar a sua concentração na sua respiração.
 
Rotinas mindfulness:
 
- Ao tomar banho tente não pensar em nada e focar a atenção na água a cair no corpo. Foque a atenção na pele.
 
- Às refeições evite estar ligado ao telemóvel, ver televisão. Em vez disso, opte por tentar sentir a textura com a língua o sabor de cada alimento.
 
- Na rua enquanto caminha, sinta o contacto com o chão. Foque a atenção no pé direito, depois, no pé esquerdo. Concentre-se nos movimentos, nos músculos. É normal distrair-se com os estímulos visuais e sonoros, mas regresse ao seu corpo.
 
Fátima Fernandes